Topo

"Eu faria qualquer coisa com Clint Eastwood", diz Matt Damon, astro de "Além da Vida"

Clint Eastwood "apresenta" Matt Damon, a quem dirigiu em "Além da Vida", na pré estreia do filme em NY (10/10/2010) - Jemal Countess/ Getty Images
Clint Eastwood "apresenta" Matt Damon, a quem dirigiu em "Além da Vida", na pré estreia do filme em NY (10/10/2010) Imagem: Jemal Countess/ Getty Images

CINDY PEARLMAN

Do Hollywood Watch

05/01/2011 07h00

O último filme de Matt Damon com Clint Eastwood, “Invictus” (2009), era sobre rúgbi. Seu mais recente, o novo de Eastwood, “Além da Vida”, lida com um tema ligeiramente mais ambicioso. “O filme realmente faz a pergunta que está na mente de todos nós”, diz Damon. “O que acontece depois que morremos? Todos nós perdemos pessoas próximas de nós e isso nos faz perguntarmos para onde elas foram. É uma pergunta que não pode ser respondida aqui e agora.”

Outra pergunta para Damon e para o diretor Eastwood: em uma temporada de fim de ano com abundância de filmes, há espaço nas bilheterias para um filme que entrelaça três histórias diferentes sobre a morte? “É um assunto que espero que as pessoas considerem interessante”, Damon diz durante uma entrevista por telefone. “Clint disse: ‘Se não se interessarem, então, azar o nosso e perderemos um bocado de dinheiro’.”

  • Divulgação

    Matt Damon interpreta o vidente George, no filme "Além da Vida", de Clint Eastwood

  • Divulgação

    Matt Damon conversa com Cecile de France em um intervalo das filmagens de "Além da Vida"

Em “Além da Vida”, que estreia no Brasil em 7 de janeiro, Damon interpreta George, um ex-médium que agora trabalha em uma fábrica. Parece que a comunicação com os mortos tomou conta de sua vida e agora ele dá as costas até mesmo às oportunidades mais lucrativas como médium.

Enquanto isso, uma âncora de televisão belga (Cecile DeFrance) tem uma experiência de quase morte durante um tsunami e um estudante londrino (George McLaren) luta para lidar com uma mãe viciada em heroína e a perda devastadora de seu irmão gêmeo. “Todo mundo neste filme está à procura de respostas”, diz Damon. “Isso se transforma na busca de suas vidas. O que me interessou foi o fato de estarem procurando por essas respostas junto a uma pessoa que não quer dizê-las. Toda vez que ele toca a mão de alguém, ele pode sentir aqueles que eles perderam – mas ele não considera isso uma bênção em sua vida ou um dom. Ele sente como se fosse uma maldição”, diz o astro. “Eu acho que a principal pergunta para a maioria das pessoas que perdeu alguém é: ‘Algum dia os verei de novo?’ Você apenas especula, porque nenhum de nós realmente sabe. Nem mesmo meu personagem no filme sabe quando o menino lhe pede para descrever o que virá a seguir.”

Trabalhos com Eastwood

“Eu faria qualquer coisa com Clint. Eu aprendo muito trabalhando com ele.” Eles ainda estavam filmando “Invictus” quando Eastwood apresentou a Damon a ideia para “Além da Vida”. “É uma história muito diferente para ele e para todos nós. É uma exploração que inclui uma pitada de história de amor. Não há muita ação. É um filme muito pessoal.”

TRAILER LEGENDADO DO FILME ''ALÉM DA VIDA''

E como é ser dirigido por Eastwood? “Morgan Freeman e eu dissemos, no set de ‘Invictus’, que se talvez esperarmos por mais alguns anos e deixarmos Clint ganhar um pouco mais de experiência, ele realmente será um bom diretor”, diz Damon rindo. “Vamos deixá-lo acrescentar mais alguns filmes ao seu currículo.”

Mas, num papo sério, ele elogia o processo de filmagem. “Você entra em alguns sets de filmagem e parece que está entrando em uma sala de emergência hospitalar. O clima é de: ‘Nós estamos fazendo um filme aqui!’ A tensão passa para as interpretações e para o próprio filme. Clint comanda um navio incrivelmente enxuto. É descontraído, mas todos dispõem de espaço suficiente para fazerem tudo o que precisam fazer. E se você precisa de algo, isso é dado a você. Se o chefe de um departamento diz: ‘Eu preciso disso’ ou se o departamento de câmera diz: 'Eu preciso de uma grua assim ou assado’, ela aparece.”

A abordagem descontraída de Eastwood se estende aos seus atores, acrescenta Damon. “Ocasionalmente ele vem e dá algumas instruções, mas não é de muita conversa. É apenas uma pequena sugestão aqui, uma pequena sugestão ali. E aqueles que não gostam de ouvir palavrão precisam tampar seus ouvidos. Clint gosta de dizer após cada tomada: ‘Vamos em frente e não f... tudo pensando demais’.”

Ator requisitado

Eastwood é apenas um dos muitos diretores ávidos pelos serviços de Damon: o ator de 40 anos, natural de Boston, é um dos astros mais ocupados de Hollywood. Tão ocupado que ainda não encontrou tempo para escrever outro roteiro com Ben Affleck após o de “Gênio Indomável” (1997), que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original.

  • Divulgação

    O astro na pele do jovem talentoso Will Hunting em ''Gênio Indomável'' (1997)

  • Divulgação

    Matt Damon está no elenco do remake ''Bravura Indômita'', dos irmãos Coen


Após sua primeira aparição nas telas em “Três Mulheres, Três Amores” (1988), no qual tinha apenas uma fala, ele se destacou em “Coragem Sob Fogo” (1996) e conseguiu papéis-chave em “O Resgate do Soldado Ryan” (1996), “Cartas na Mesa” (1998), “Dogma” (1999), “O Talentoso Ripley” (1999) e “Onze Homens e Um Segredo” (2001). Provou que poderia protagonizar uma grande franquia em “A Identidade Bourne” (2002), retornando ao papel do assassino amnésico Jason Bourne em “A Supremacia Bourne” (2004) e “O Ultimato Bourne” (2007).

Mais recentemente, Damon foi visto em “Syriana – A Indústria do Petróleo” (2005), “Os Infiltrados” (2006) e “O Bom Pastor” (2006). Mas ele tem um lugar especial em seu coração para filmes com consciência social, como o drama sobre a guerra no Iraque, “Zona Verde” (2010), e em “The People Speak” (2009), um documentário que ele produziu baseado em “A People’s History of the United States” (1980) de Howard Zinn – uma obra revisionista da história americana que também recebeu um agradecimento em “Gênio Indomável”. “Eu nunca entro em algo pensando: ‘Eu quero fazer um filme que tenha uma mensagem’”, ele se apressa em acrescentar. “Eu apenas espero ler um excelente roteiro e encontrar um ótimo diretor. Isso é o que facilita em muito a minha decisão”, afirma.

“Com ‘The People Speak’, nós encontramos grandes palavras de inspiração e temos um site no qual os professores podem acessá-las. Se você estiver ensinando sobre Frederick Douglass, você pode apresentar para sua sala de aula uma leitura feita por Morgan Freeman. Eu sinto que os alunos vão ficar muito mais interessados e terão uma ligação com essas vozes.”

Faroeste dos irmãos Coen
 
Outro filme de Damon está a caminho. Trata-se de ''Bravura Indômita'', dirigido por Joel e Ethan Coen e baseado no romance de Charles Portis, que se tornou um dos filmes mais queridos de John Wayne em 1969. “É realmente um ótimo roteiro. Eles o adaptaram do livro e o livro é incrível. Além disso, eu adoro faroestes e realmente adoro os irmãos Coen, então é outro projeto de sonho.”

Ele também planeja trabalhar de novo com seu amigo Ben Affleck, com quem tem um acordo de primeira opção com a Warner. “Eu também quero dirigir”, diz Damon, “então há muitas coisas diferentes que Ben e eu podemos fazer juntos”.

(Cindy Pearlman é uma jornalista free-lance baseada em Chicago.)

Tradutor: George El Khouri Andolfato