"Nunca imaginei que ganharia a vida como ator", diz Paul Giamatti, indicado ao Globo de Ouro por ''Minha Versão do Amor''
“Você acha que sou maluco?” diz Paul Giamatti com sua voz anasalada aumentando em horror. “Você acha que gosto de ser atrapalhado?” Quem assistiu a Giamatti em um de seus papéis famosos – o inseguro fã de vinhos de “Sideways – Entre Umas e Outras” (2004), por exemplo, ou o amargo roteirista de quadrinhos Harvey Pekar, de “Anti-Herói Americano” (2003), ou o rabugento segundo presidente dos Estados Unidos na minissérie “John Adams” (2008) – poderia supor que o ator está simplesmente expondo facetas de si mesmo. De maneira alguma, segundo o próprio ator. “Alguns atores atuam mais com base em suas vidas, vivem por meio de seus personagens”, diz Giamatti. “Muitos atores são pessoas quietas, serenas. Eu estou nessa segunda categoria.”
Giamatti fala por telefone de um quarto de hotel em Los Angeles. Logo, ele estará a caminho da Tailândia para filmar cenas para a sequência de “Se Beber, Não Case”. Mas antes de partir precisa promover “A Minha Versão do Amor”, pelo qual foi indicado ao Globo de Outro de melhor ator em comédia ou musical. O filme, inspirado no romance de Mordecai Richler de 1997, tem estreia prevista para esta sexta (14) nos Estados Unidos e em março no Brasil. É uma comédia sombria sobre um produtor de televisão autoindulgente cuja vida é mais caótica do que qualquer uma de suas novelas. Por exemplo, Barney se apaixona por sua terceira esposa (Rosamund Pike) na recepção de seu casamento com sua segunda esposa (Minnie Driver) e faz tudo que é possível para cortejá-la.
Paul Giamatti em "Sideways - Entre Umas e Outras"
Paul Giamatti como Harvey Pekar em "Anti-Herói Americano" (2003)
A única qualidade que Giamatti admite compartilhar com Barney é seu relacionamento estreito com seu pai. O pai de Barney (Dustin Hoffman) é um policial judeu em Montreal, onde Barney vive. O pai de Giamatti, A. Bartlett Giamatti, foi um ex-presidente da Universidade de Yale que morreu repentinamente em 1989, logo após seu filho se formar em inglês na mesma universidade que presidira. “Eu gostei do relacionamento de Barney com o pai", diz ele. "Não tinha visto nada parecido. Não existe disputa. Eles são como irmãos. São amigos.”
Após a morte de seu pai, Giamatti se mudou para Seattle, armado com o diploma de inglês e sem nenhuma ideia do que fazer com ele. Apesar de ter gostado de interpretar nas peças da escola e em Yale, nunca viu aquilo como sendo algo mais que um passatempo. “(O teatro) era uma atividade extracurricular", diz ele. "Nunca fui o exibicionista da classe ou alguém que criava shows em casa. Nunca imaginei ganhar a vida como ator. Pensei em voltar para a escola para ser um acadêmico, apesar de que não sabia o que estudar. Então, comecei a atuar em um pequeno teatro experimental em Seattle e acidentalmente arrumei um empresário.”
O empresário conhecia algumas pessoas e Giamatti começou a arrumar trabalho, mais notadamente uma ponta em “Vida de Solteiro” (1992) como o “beijoqueiro”. Foi o suficiente para mudar sua perspectiva de vida. “Eu adorei atuar mais do que qualquer outra coisa, então, pensei: ‘Vou tentar fazer isso. E se vou fazer isso, então, devo voltar para a escola, porque não tenho ideia do que estou fazendo’. Não tenho uma boa voz. Imaginei que seria um ator de palco e queria aprender sobre Shakespeare.”
TRAILER EM INGLÊS DO FILME ''MINHA VERSÃO DO AMOR''
Após se formar na Escola de Arte Dramática de Yale, Giamatti trabalhou no teatro regional antes de obter papéis em montagens em Nova York de “Arcadia” (1995), de Tom Stoppard, e “Racing Demon” (1995), de David Hare. Papéis pequenos em filmes como “Sabrina” (1995), “Breathing Room” (1996) e “Donnie Brasco” (1997) vieram em seguida e, após chamar a atenção de Hollywood como Vômito de Porco em “O Rei da Baixaria” (1997), de Howard Stern, Giamatti se viu em alta demanda. Ele começou a aparecer regularmente em papéis coadjuvantes em filmes de destaque como “O Casamento do Meu Melhor Amigo” (1997), “O Resgate do Soldado Ryan” (1998) e “O Show de Truman” (1998).
Mas foi necessário “Anti-Herói Americano” para que ele se transformasse em protagonista e desde então ele tem alternado papéis de protagonista peculiares com papéis coadjuvantes saborosos. Ele recebeu uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante por sua interpretação de um técnico de boxe em “A Luta pela Esperança” (2005), e ficou no topo da lista de “merece ser indicado” de todo mundo por sua interpretação como o fã de vinhos à deriva de “Sideways – Entre Umas e Outras”.
Giamatti já tem quatro projetos em andamento em 2011, o primeiro dos quais é “Win Win”, no qual interpreta “um advogado que é um treinador voluntário de luta greco-romana no colégio. Grande parte do filme é centrada no garoto da equipe de luta que eu treino”. Em “The Ides of March”, uma versão cinematográfica da peça política “Farragut North”, de Beau Willimon, ele interpretará um diretor de campanha maquiavélico. George Clooney vai dirigir e atuar no filme.
O ator parece particularmente intrigado com o filme de ação passado no século 13, “Ironclad”, no qual interpreta o rei João. “Ele foi uma pessoa real, um tirano terrível. É sempre mostrado como vilão cartunesco e há um pouco disso aqui. ‘Ironclad’ é um filme divertido. Não são feitos muitos filmes medievais, e americanos não costumam interpretar reis ingleses.”
(Nancy Mills é uma jornalista free-lance baseada em Manhattan Beach, Califórnia)
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