''O filme tem fórmulas que agradam às pessoas que votam no Oscar'', diz codiretora de ''Lixo Extraordinário''
Karen Harley, codiretora do premiado documentário “Lixo Extraordinário”, não é de fazer rodeios. “O filme mostra um Brasil para ‘gringo ver’. Acredito que ele funciona melhor com o público estrangeiro do que o nacional”, disse em entrevista ao UOL Cinema. O documentário, que estreia nesta sexta, mostra o trabalho do renomado artista plástico brasileiro Vik Muniz, num dos maiores aterros sanitários do mundo, o Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, num projeto artístico e social com um grupo de catadores de material reciclável.
Coprodução entre a Inglaterra e o Brasil, “Lixo Extraordinário” está na lista dos documentários da qual sairão os finalistas do Oscar nessa categoria. Para a codiretora, as razões são simples: “O filme tem todas as fórmulas que agradam às pessoas que votam na premiação. Não é ousado na linguagem. É um documentário sobre pessoas. É uma história muito emotiva”.
Essa história emotiva, aliás, é o que mais chama a atenção de Karen, que entrou no projeto depois que os outros dois diretores, a inglesa Lucy Walker e o brasileiro João Jardim, tiveram que abandonar. “Eu já estava trabalhando como montadora do longa, por isso, estava bem inteirada de como era o filme. Este é um projeto de produtor, que começou com o inglês Angus Aynsley. Não dá para dizer que seja filme de um ou outro diretor. Nós três, aliás, não dirigimos juntos em qualquer momento”.
Ao longo das filmagens, Karen confessa que se surpreendeu com algumas das suas descobertas sobre os catadores de lixo que estão no filme. “Existe um mundo muito rico, muito ético e repleto de valores num lugar onde o que a gente mais vê é miséria, como no Jardim Gramacho. A gente não espera encontrar pessoas com tanta força e carisma naquele lugar”.
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A diretora inglesa Lucy Walker filmou apenas um material de pesquisa sobre o brasileiro Vik Muniz.. A parte de “Lixo extraordinário” que mostra o processo de trabalho do artista plástico começou a ser feita por João Jardim e, mais tarde, por Karen. “Quando comecei a montar o filme não tinha um roteiro. Fomos descobrindo o que seria o documentário na ilha de edição”. Em 2009, ela finalizou uma versão do filme que teria sua estreia no Festival do Rio daquele ano. “O produtor ficou inseguro e mostrou para a Lucy Walker, que não gostou, e resolveu fazer outra. Na versão que fiz não tinha escola de samba ou o programa do Jô Soares, embora muita coisa do meio do filme continue a mesma”.
Atualmente, Karen trabalha na montagem do novo longa de Marcelo Gomes, com quem já fez parceria em “Cinema, Aspirinas e Urubus”, e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”, este codirigido por Karim Aïnouz.
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