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Fã de ''O Exorcista'', Alice Braga garante que não teve medo de rodar cenas de exorcismo em ''O Ritual''

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

01/02/2011 17h42

Segundo o pai de Alice Braga, ela está na profissão certa. “Ele sempre fala que não poderia ter um trabalho melhor para mim: dar entrevistas das dez da manhã às seis da tarde. Eu adoro falar!”, confessou a atriz ao UOL Cinema. O pai, o jornalista Ninho Moraes, não poderia estar mais certo. A garota, dona de uma carreira em ascensão no Brasil e em Hollywood, é articulada e inteligente.

Estreando com “Cidade de Deus”, em 2002, Alice não se assusta mais com a rotina de lançamento de um filme de grande porte, que inclui entrevistas no Brasil e exterior. “É uma oportunidade muito interessante, porque você tem a chance de divulgar o seu trabalho e conhecer pessoas, novas culturas.” Essa experiência, aliás, lhe serviu de base para construir seu personagem do filme “O Ritual”, que estreia no Brasil no próximo dia 11. Ela interpreta uma jornalista chamada Angelina Vargas, que investiga exorcismo na Itália.

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“É uma personagem diferente de tudo que já fiz. O filme também. Não é um terror apenas para dar medo. É um suspense que discute uma questão muito polêmica”. Segundo a atriz, o tema é tão controverso quanto assustador. “O diretor [o sueco Mikael Håfström] quis fazer algo na linha de ‘O Bebê de Rosemary’ e ‘O Iluminado’. Claro que tem cenas de possessão e exorcismo. Afinal, o público adora sentir medo no cinema”. Prova disso é que o filme estreou em primeiro lugar nos EUA na semana passada.

Quando o assunto é medo, Alice confessa que gosta de filmes do gênero, mesmo que lhe causem pesadelos: “Eu adoro ‘O exorcista’ mas, depois de ver, a dificuldade foi conseguir dormir”. Ela participa de alguma das cenas mais pesadas de “O ritual”, inclusive numa de exorcismo, na qual contracena com Anthony Hopkins. “Mas quando a gente participa do filme é completamente diferente. Sabemos de tudo que está por trás, de como foi feito, os efeitos. Então não me causa pesadelos”.

EFE: ELENCO FALA SOBRE "O RITUAL"

A cena levou quatro dias para ser rodada na cidade de Budapeste. “Estava um calor insuportável e tínhamos de usar um monte de roupa, porque se passa num dia frio. A cena pedia esforços não apenas físicos, mas psicológicos também. É um momento do filme cheio de detalhes, de cuidados. Exigia muita concentração, fora o tema, que já é pesado por natureza”.

Contracenar com Hopkins, para ela não foi desafio, foi um presente. “Ele é um ícone, um ator completo, apaixonado pelo que faz”. Já seu outro parceiro de cena é o irlandês Colin O'Donoghue, que tem seu primeiro papel de destaque no cinema em “O Ritual”. “Ele é de uma entrega impressionante. Ver os dois contracenarem era especial”.

Hopkins entra para a lista de astros internacionais com quem Alice já trabalhou. Além dele, figuram Will Smith (“Eu Sou a Lenda”), Julianne Moore e Mark Ruffalo (“Ensaio Sobre a Cegueira”) e Jude Law (“Os Coletores”). “Saber que vou fazer um filme com eles dá um frio na barriga, num primeiro momento. Mas tive a sorte de sempre trabalhar com pessoas muito generosas, que me ajudaram e deram muita segurança em cena”.

Fora os atores, aos poucos Alice também coleciona diretores de renome. Além de Fernando Meirelles – a quem ela chama de padrinho - há pouco, rodou uma participação no novo filme de Walter Salles, “On the Road”, baseado no romance homônimo e icônico de Jack Kerouac. “Era um sonho estar em um filme dele. Eu faço uma catadora de algodão que se apaixona pelo protagonista [interpretado por Sam Riley].”

Atualmente em São Paulo, onde mora sua família, Alice diz que não tem residência fixa (“vou onde está o trabalho; cada dia estou num lugar”). No momento, analisa roteiros de Hollywood enquanto aguarda começar dois projetos que tem programados para filmar no Brasil. Um deles é a primeira ficção do roteirista e diretor Felipe Braga, que assinou o documentário “B1- Tenório em Pequim” e o roteiro de “Cabeça a Prêmio”, que foi dirigido por Marco Ricca, e no qual a atriz fez o principal papel feminino. O outro é um filme de José Eduardo Belmonte, que deve ser rodado depois de “Billy Pig”, que o diretor está fazendo com Grazi Massafera e Selton Mello.

Alice conta que o que a atrai nos filmes, sejam brasileiros ou estrangeiros, são as possibilidades de viver novos personagens e desafios. Ela diz que adoraria “ser desafiada”  pelos irmãos Coen, Wes Anderson ou Alejandro Gonzáles Iñarrítu, ou os brasileiros Marcelo Gomes, Karim Aïnouz ou Mauro Lima. “A lista é tão grande! Eu quero mesmo é trabalhar, e não necessariamente no cinema”. Alice está também à procura de uma peça para estrear no teatro. “Estou lendo diversos textos, vendo o que me interessa mais, o que eu mais gosto. Acredito que será uma peça contemporânea”. E ela também não descarta a televisão. “Sempre quis muito fazer, mas não deu certo. Quando me convidam para alguma novela, estou envolvida com cinema e não posso aceitar. A televisão tem muito alcance, é uma linguagem que me interessa muito”.