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''Há algo de Capitu na minha personagem'', diz Fernanda de Freitas, protagonista de ''Malu de Bicicleta''

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

01/02/2011 07h02

Premiados no 3º Festival de Cinema de Paulínia, no ano passado, Fernanda de Freitas e Marcelo Serrado são unânimes: “Se estamos bem no filme, é graças ao trabalho do diretor”. Protagonistas de “Malu de Bicicleta”, com estreia nacional marcada para sexta (4), os atores garantem que é Flávio Ramos Tambellini o responsável pela qualidade do filme. O cineasta, aliás, também foi premiado naquele mesmo festival. “Ele sempre foi um diretor muito aberto a sugestões, a modificações. Tentamos trazer muita coisa para o filme”, comenta a atriz em entrevista ao UOL Cinema.

Foi Serrado, amigo do autor do romance original, Marcelo Rubens Paiva, quem trouxe Tambellini para o projeto. “Era para eu ter trabalhado com ele em outro filme, mas não deu certo. Tempos depois, eu estava querendo levar o ‘Malu de Bicicleta’ para o cinema e pensei nele”, conta o ator. A história de Serrado com a literatura de Rubens Paiva já é antiga. Em 2007, ele trouxe para o teatro o romance “No Retrovisor”, que, em breve, também será transformado em filme. O ator afirma que o que o atraiu no caso de “Malu” foi a complexidade do seu personagem, Luiz: “Há um quê de Otelo que o consome, a dúvida, a insegurança. Para mim é muito estimulante um papel assim”.

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Já Fernanda foi buscar em outro clássico da literatura a inspiração para criar a sua Malu. “Eu não tinha lido o livro do Rubens Paiva e o Tambellini me pediu para primeiro reler ‘Dom Casmurro’ [de Machado de Assis]. Há algo de Capitu na minha personagem, a dubiedade. Os dois narradores são muito paranoicos e o mistério ronda os dois”, compara a atriz. Ela acredita que este é o maior papel de sua carreira até agora, e foi um grande desafio. “O filme transita muito numa linha tênue, entre a comédia e o drama. Foi o diretor quem nos conduziu nessa ida e vinda”.

Os dois atores tiveram que inverter os sotaques. Marcelo é carioca e interpreta um paulista. Já Fernanda é do interior de São Paulo e interpreta uma típica carioca. “A gente ensaiou muito para criar nossos personagens. Fizemos muita leitura de roteiro antes de rodar o filme”, lembra Marcelo. Eles mal se conheciam antes de fazer “Malu de Bicicleta”, mas a química entre os dois na tela é inegável. Para a atriz, isso é resultado do empenho e da preparação. “Eu me entreguei muito para o filme. Quando fui fazer o primeiro teste, meu cabelo estava mais curto. E o Serrado disse: 'Ih, você cortou o cabelo'. Mas eu estava tão interessada em fazer o papel que não pensei duas vezes: 'Se vocês quiserem, eu estou com ele comprido amanhã mesmo'."

Serrado reconhece o empenho de sua colega de cena: “A Fernanda entrou de cabeça. Agora não consigo imaginar outra atriz como Malu”. Com o ator, para criar seu personagem, também não foi diferente. “Eu não queria carregar no sotaque paulista, não queria transformar numa caricatura, em algo cômico. Além disso, a postura do personagem muda conforme a cidade. Em São Paulo ele é mais divertido, mais solto. No Rio, fica menos confortável”.