Topo

No dia do 3D, animação francesa é muito bem recebida em Berlim

O produtor Philip Boeffard, o técnico em 3D Rodolphe Chabrier, o diretor Michel Ocelot e o produtor Christophe Rossignon, de"Tales Of The Night", no Festival de Cinema de Berlim (13/02/2011) - Getty Images
O produtor Philip Boeffard, o técnico em 3D Rodolphe Chabrier, o diretor Michel Ocelot e o produtor Christophe Rossignon, de"Tales Of The Night", no Festival de Cinema de Berlim (13/02/2011) Imagem: Getty Images

ALESSANDRO GIANNINI

Enviado especial a Berlim

13/02/2011 11h57

No quarto dia da Berlinale 2011, a animação francesa "Tales of The Night" abriu a jornada dos filmes 3D - haverá ainda mais duas exibições neste domingo (13): "Pina", de Wim Wenders, e "The Cave of Forgotten Dreams", de Werner Herzog. O filme de Michel Ocelot trouxe uma nova perspectiva e deu mais animo ao festival, conformado com poucas descobertas e sem muito o que debater sobre o que foi visto até o momento.

"Tales of The Night" é a reunião de cinco histórias encenadas em uma espécie de cinema mágico por um menino, uma menina e um velho técnico. Os três amigos inventam esses contos de magia, desenham cenários, fabricam figurinos e os transferem para a tela numa mistura de silhuetas, sombras e cores vibrantes. É um espetáculo visual incrível, embora exija um pouco mais de reflexão dos espectadores - especialmente das crianças.

Ocelot disse que o fato de ambientar a ligação entre os contos no que parece um pequeno cinema abandonado é uma homenagem a essas salas que estão desparecendo cada vez mais para dar espaço aos multiplexes. "Para mim, são como pequenas fábricas de sonhos", contou ele, a uma plateia numerosa de jornalistas de várias partes do mundo. "Adoro o cinema e fico triste com o fechamento das salas. Adoro o cinema como forma de arte. É um artifício e é importante manter isso dessa forma. É assim que os contos de fadas fascinam, porque são contados em grupo, criados de forma coletiva. E não são apenas mera imitação da realidade."

Questionado sobre a adoção do 3D por diretores com uma abordagem arística do cinema, um dos produtores do filme defendeu a tecnologia como uma ferramenta válida para qualquer cineasta. É verdade que os aparelhos de 3D começaram nos multiplexes e só agora algumas salas de arte o estão adotando. Mas agora é possível produzir filmes para atender esse público. 'Azur e Asnar'[filme anterior de Ocelot] não foi projetado apenas em salas de arte. E este filme também não será. O que importa é o fato de que Michel não trata as crianças como idiotas. Ele é exigente  e elas precisam dessa exigência."