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Documentário sobre desafeto de Vladimir Putin chama a atenção da imprensa e do público em Berlim

Cyril Tuschi fala com os jornalistas sobre seu filme ""Khodorkovsky"", que foi roubado poucos dias antes da première em Berlim (14/02/2011) - AFP
Cyril Tuschi fala com os jornalistas sobre seu filme ''Khodorkovsky'', que foi roubado poucos dias antes da première em Berlim (14/02/2011) Imagem: AFP

ALESSANDRO GIANNINI

Enviado especial a Berlim

14/02/2011 17h24

"Khodorkovsky", documentário de Cyril Tuschi sobre Mikhail Khodorkovsky, ex-presidente da empresa russa de petróleo Yuko e um dos mais veementes críticos do primeiro-ministro Vladimir Putin, foi exibido esta tarde no Festival de Berlim para a imprensa. Parte da mostra Panorama, o filme havia sido roubado do escritório do cineasta em Berlim, poucos dias antes do início da Berlinale. Na ocasião, Tuschi declarou que a organização do evento já estava em poder de uma cópia bruta e tinha esperança de que a exibição transcorreria como planejado. O realizador não poderia estar mais correto em sua previsão: o episódio despertou a atenção dos jornalistas e a sala 9 do Cinemaxx, onde foi realizada a projeção, ficou lotada.

Centrado na prisão e nos subsequentes julgamentos de Khodorkovsky, primeiro por falta de pagamento de impostos e, depois, por roubar uma quantidade imensa de "óleo cru" de suas próprias refinarias, o filme traça um perfil do engenheiro químico e ex-quadro do Partido Comunista ao mesmo tempo que faz a cronologia de sua queda em desgraça por conta de desavenças com Vladimir Putin, além de colocar em cheque o sistema judiciário russo. Tuschi colheu 180 horas de imagens, desde depoimentos com familiares, sócios, conselheiros, colaboradores até imagens de arquivo e uma curta entrevista com o personagem - durante um segundo julgamento, iniciado em 2009. Ao fim, pode-se concluir que, se o ex-presidente da Yuko cometeu erros, o mais grave deles foi imaginar que seu poder diante do sistema era ilimitado.

O documentário terá mais três exibições ao longo do festival abertas ao público. Tulschi declarou anteriormente que tem certeza de que foi seguido durante a realização do filme. E o roubo de Berlim não foi o primeiro que sofreu. Quando estava em Bali, em janeiro, o diretor teve o laptop com imagens do filme em processo de edição roubado de seu hotel.