Na reta final, filme coreano divide reações entre vaias e aplausos em Berlim
ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
17/02/2011 12h44
Inspirado em conto do escritor japonês Areno Inoue, o coreano "Come Rain, Come Shine" mostra o fim da relação de um jovem casal. Em um dia de chuva, no caminho de volta do aeroporto, onde ele foi pegá-la, a mulher diz: "Já me decidi, vou sair de casa". Ao invés de transformar a questão em drama, o rapaz simplesmente age como se nada houvesse ao chegar na casa onde moram. E a postura dele a incomoda a ponto de fazer com que repense a decisão. A reação foi mista em Berlim, onde o filme de Lee Yoon-ki participa da mostra competitiva do festival. Houve que vaiasse - a primeira vez que isso acontece na edição deste ano - e houve quem aplaudisse.
Veterano frequentador da mostra Fórum, "Come Rain, Come Shine" é o quinto longa-metragem de ficção de Yoon-ki e o primeiro dele a integrar a competição pelo Urso de Ouro. Toda a ação transcorre em ambientes fechados, com a câmera invadindo a intimidade do casal e os diálogos revelando suas profissões, seus gostos, planos para o futuro. Não se sabe, no entanto, seus nomes. É uma contradição em termos. A música praticamente inexiste, a não ser no contexto da cena. E pequenos detalhes, como o aparecimento de um gato, a curta visita dos vizinhos e um incidente envolvendo a cafeteira ajudam a contribuir para a complexidade do quebra-cabeças.
"A música deu lugar para o som da chuva, que começa fraca e se intensifica", explicou o diretor, que falou sobre o filme para uma plateia de jornalistas ao lado dos atores Lim Soo-jung (Ela) e Hyun Bin (Ele). "É esse o som que pontua a tensão das cenas. Quem conhece meus filmes, sabe que o pessoal do som fica louco comigo, porque gosto de espalhar ao longo do filme pequenos ruídos."