Filme sobre tradicional código de justiça albanês, "The Forgiveness of Blood" teve consultoria de Walter Salles
Último concorrente ao Urso de Ouro exibido no Festival de Berlim, "The Forgiveness of Blood" naturalmente adquire a força de aposta dos organizadores. Embora tenha sido muito bem recebido na sessão de imprensa da manhã desta sexta (18), o filme de Joshua Marston ("Maria Cheia de Graça", exibido e premiado na Berlinale de 2005) dificilmente vai superar o iraniano "Nader and Simin - A Separation", se o júri capitaneado por Isabella Rossellini seguir a lógica. Mas em um festival com tão poucos destaques, o trabalho de Marston deve sair laureado com algum prêmio.
Ambientado na Albânia contemporânea, "The Forgiveness of Blood" é uma saga familiar que envolve um tradicional e arcaico código de justiça local, o Kanun. A disputa entre duas famílias sobre um pedaço de terra termina em morte. E a família da vítima recorre ao código para manter a família de um dos suspeitos de em uma espécie de prisão domiciliar. O personagem que serve como guia do espectador é o adolescente Nik (Tristan Halilaj), o principal alvo da hostilidade dos seus inimigos, enquanto seu pai, envolvido no incidente, está foragido.
O diretor brasileiro Walter Salles tocou no mesmo tema em "Abril Despedaçado", adaptação para o cinema do livro homônimo do escritor albanês Ismail Kadaré. No longa brasileiro, Salles transporta a ação da Albânia para o Nordeste brasileiro, numa trama que também envolve morte e vingança. Marston disse que conhece o filme e é amigo de Salles, com quem conversou muito sobre seu projeto antes de rodá-lo. "O tema é o mesmo, mas as abordagens são diferentes", disse o cineasta. "Mas Walter me ajudou muito."
Marston alertou para o fato de que não se trata de um filme sobre vingança. "É mais sobre a tensão entre a tradição e o moderno, numa situação de transição", disse ele. "Tampouco era minha intenção como um país medieval. Ao contrário, é um país moderno e está trabalhando duro para sair de uma situação de paralisia. Legitimar o Kanun seria um passo atrás nesse sentido."
Questionado sobre por que tanto tempo entre se passou entre "Maria Cheia de Graça"e "The Forgiveness of Blood", o cineasta disse que a greve de roteiristas em Hollywood, há dois anos, e a natureza de seus projetos contribuíram para esse hiato. "Estava no meio de um projeto de filme sobre o Iraque com orçamento de US$ 20 milhões quando estourou a greve", contou. "Depois, estávamos no meio de um projeto que envolvia crianças no Brooklin nos anos 1970, quando o estúdio para quem trabalhávamos cancelou o projeto dizendo que um filme sobre crianças para adultos não era aceitável."
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