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Indicada ao Oscar por "O Vencedor", Melissa Leo diz que Bill Murray a ajudou a insistir na carreira

Melissa Leo participa de premiação do sindicado dos diretores dos EUA, na Califórnia (29/01/2011) - Getty Images
Melissa Leo participa de premiação do sindicado dos diretores dos EUA, na Califórnia (29/01/2011) Imagem: Getty Images

CINDY PEARLMAN

Do Hollywood Watch

21/02/2011 07h00

Durante o primeiro quarto de século de sua carreira, Melissa Leo realizou uma atuação após a outra que impressionava seus colegas e lhe valeram o valioso elogio de "atriz das atrizes". Mas ela não conseguia obter o grande papel, o grande filme, a grande oportunidade que lhe transformaria em uma estrela.

Em vez disso, os 85 papéis no cinema e televisão bastaram para mantê-la trabalhando, mas também para mantê-la consciente da passagem do tempo. Poucas mulheres com mais de 40 anos se dão bem no show business, e Leo já estava com 47.

Três anos depois, ela já conta com um recente Globo de Ouro (de atriz coadjuvante, por "O Vencedor"), duas indicações ao Oscar e é uma das atrizes mais requisitadas de Hollywood, trabalhando com diretores de ponta como Todd Haynes e Kevin Smith, e com astros famosos como Christian Bale, Hilary Swank, Mark Wahlberg e Kate Winslet. Sua carreira poderá ganhar novos rumos se, como muitos preveem, ela conquistar o Oscar de melhor atriz coadjuvante de 2010 em 27 de fevereiro.

Dica de Bill Murray

E pensar que ela deve tudo a Bill Murray. "Eu abandonei a faculdade porque não iria me formar", ela recorda durante uma entrevista por telefone. "Eu era elogiada por minhas atuações, mas não conseguia passar nos cursos acadêmicos. Então lá estava eu, servindo mesas em Nova York, tentando sobreviver e pensando em desistir de tudo quando conheci Bill Murray."

Leo estava fazendo teste para "O Fio da Navalha" (1984), no qual Murray estrelaria, e ela expôs todos seus medos e inseguranças para o comediante. Ela não conseguiu o papel, mas o conselho de Murray foi o momento de virada de sua vida.

"Ele assistiu meu teste e disse: ‘Sabe de uma coisa, você tem algo. Se você quer mesmo fazer isto, fale menos e tome uma atitude!’ Naquele dia eu deixei o restaurante e me comprometi comigo mesma: eu disse, ‘Eu serei uma atriz’", conta. "É um compromisso que não rompi."

Pouco depois Leo foi escolhida para o papel de Linda Warner na série "All My Children" (1984-1985) e começou a percorrer uma estrada que a levou até o Kodak Theater, em Los Angeles, para a cerimônia do Oscar de 2009, quando foi indicada na categoria de melhor atriz por "Rio Congelado" (2008), e que a levará de volta lá em 2011, como indicada por melhor atriz coadjuvante por "O Vencedor" (2010).

"Significa muito para mim", diz a novaiorquina sobre as indicações na premiação. "O turbilhão por ter sido indicada por ‘Rio Congelado’ no ano passado foi prazeroso, e abriu os limites que impus a mim mesma. Agora, com isto, eu apenas vou me habituar com esta ideia da indicação por algum tempo e me concentrar na minha alegria."

Mãe manipuladora

Há pouca alegria em Alice Ward, sua personagem no filme baseado em fatos reais "O Vencedor". A mãe manipuladora dos meio-irmãos, Micky Ward (Mark Wahlberg) e Dicky Eklund (Christian Bale), ambos boxeadores, Alice se recusa a acreditar que Dicky é um viciado em drogas e se concentra quase obsessivamente na carreira dele, com a carreira de Micky mais ou menos relegada a algo secundário. Originalmente, diz Leo, ela achou o papel absolutamente errado para ela.

TRAILER DO FILME "O VENCEDOR"

"Eu achei que era uns 20 anos jovem demais. Alice também vivia essa vida dura da Nova Inglaterra. Eu soube que ela veio de uma família forte e era uma mulher temível. Todo mundo falava dela com grande amor e respeito, e isso era intimidante. Francamente, eu não sabia se aquilo era algo que eu tinha dentro de mim."

O que a fez mudar de ideia foi uma viagem para Boston para conhecer a verdadeira Alice. "Ela estava no hospital com pneumonia. O momento não era bom e ela gentilmente me permitiu que entrasse em seu quarto no hospital para conhecê-la. Eu peguei imediatamente na mão dela. Nós nos sentamos em silêncio e avaliamos uma a outra. Eu vi uma mulher muito forte e isso foi muito valioso para mim." Mas Leo ainda não estava convencida.