Depois da espiã de "Bastardos Inglórios", Diane Kruger interpreta taxista ''durona'' em ''Desconhecido''
Na sequência de abertura do novo thriller “Desconhecido” - que estreia nos cinemas nesta sexta-feira (25) -, um táxi desvia de uma ponte de Berlim, atravessa uma grade e mergulha nas águas geladas abaixo. A motorista, interpretada por Diane Kruger, consegue se livrar do veículo que está afundando rapidamente. Percebendo que seu passageiro (Liam Neeson) está inconsciente, ela pega a trava da direção e a utiliza para quebrar o pára-brisa traseiro e resgatar o homem indefeso. “Eu dirigi o táxi, mas obviamente não na queda da ponte”, diz Kruger, falando por telefone de Los Angeles.
Quanto ao resgate debaixo d’água, ela prossegue, aquilo não foi realizado por um dublê. “Eu fiz tudo aquilo”, diz. “Até ‘Bastardos Inglórios’ (2010), as pessoas não me viam como uma garota ''durona'', capaz de fazer essas coisas, porque fisicamente sou pequena e tenho aspecto frágil.”
Em “Bastardos Inglórios”, o sucesso de bilheteria de Quentin Tarantino, Kruger interpreta Bridget von Hammersmark, uma estrela de cinema na Alemanha nazista que é secretamente uma espiã para os Aliados. Bridget é uma mulher corajosa e determinada que, mesmo após ser baleada na perna e torturada, nunca perde a pose.
Kruger viu essa mesma força e confiança em Gina, sua personagem em “Desconhecido”. Gina é uma imigrante ilegal da Bósnia, buscando ganhar a vida em Berlim. Após salvar a vida de seu passageiro, ela foge da cena do acidente de táxi porque não pode se encontrar com a polícia.
Quando o passageiro, o dr. Martin Harris, desperta após o acidente, ele inicialmente luta para lembrar os eventos que antecederam o acidente. Logo ele percebe que mais do que isso foi perdido: sua identidade foi roubada e ele foi substituído por um impostor. Ele consegue a ajuda de Gina para recuperar sua vida e o resultado é um cabo-de-guerra entre o esforço de Harris de recuperar sua identidade e o desejo de Gina de ocultar a dela. “Isso acontece repentinamente com ele e agora ele está mesma posição que ela. Eu acho que esse é um arco interessante no filme.”
Quando Kruger e Neeson se encontraram, ela lembra, ela ficou impressionada com a altura dele. “Eu às vezes me sentia uma criança ao lado dele, porque ele é muito alto. Ele é muito calmo e lida calmamente com cada personagem que interpreta. Não fala com muita frequência, mas quando o faz, vai sempre direto ao ponto.”
“Desconhecido” é o terceiro filme americano consecutivo de Kruger filmado em Berlim, após “Bastardos Inglórios” e “Mr. Nobody” (2009). “Eu obviamente sei falar alemão, mas também me sinto como uma turista em Berlim.”
Bailarina, modelo e atriz
Isso não causa surpresa, dado que Kruger partiu da Alemanha na adolescência. Quando seus planos para estudar na Royal Ballet School em Londres foram atrapalhados por uma lesão, ela seguiu para Paris e deu início a uma carreira bem-sucedida como modelo. Lá ela se interessou pela atuação. “Por vir da Alemanha, há apenas uma atriz que sempre admirei e que até hoje é minha grande ícone: Romy Schneider. (...) Quando me mudei para Paris como uma jovem modelo, eu descobri todos os seus trabalhos na França, e foi quando desejei fazer filmes franceses.”
Ela fez alguns poucos filmes franceses – um curta, uma série de televisão e um único longa metragem para cinema, para ser exato – mas então Hollywood a chamou. Kruger conseguiu o papel principal em “Paixão à Flor da Pele” (2004), uma refilmagem em língua inglesa do filme francês “O Apartamento” (1996).
Exposição com “Tróia”
É difícil encontrar um filme de escala maior do que “Tróia” (2004), o épico de grande orçamento sobre a Guerra de Tróia, dirigido por Wolfgang Petersen e estrelado por Brad Pitt como Aquiles, Orlando Bloom como Paris e Kruger como Helena de Tróia. A previsão era de que o filme projetaria a carreira dela na estratosfera. “Na verdade ele quase destruiu minha carreira. Não era um papel muito grande para começar. Ele foi analisado demais. Eu ainda não estava madura. Era meu segundo filme (americano), de modo que foi um momento avassalador para mim, para ser honesta.”
Orlando Bloom e Diane Kruger em imagem do filme ''Tróia'' (2004)
Da direita para a esquerda: Jon Voight, Nicolas Cage e Diane Kruger na trama de aventura ''A Lenda do Tesouro Perdido'' (2004)
“Tróia” teve uma recepção dividida por parte da crítica e uma bilheteria mediana, apesar de ter feito sucesso internacionalmente. Ele deixou Kruger em dúvida sobre que caminho seguir em sua carreira.
“O que fazer após interpretar Helena de Tróia? Como interpretar algo depois disso? Felizmente, antes mesmo do lançamento de ‘Tróia’, eu já tinha assinado o contrato para trabalhar em ‘A Lenda do Tesouro Perdido’ (2004), que foi um enorme sucesso. Ele realmente me abriu as portas para mais trabalhos nos Estados Unidos.”
Naquele filme, que chocou Hollywood ao arrecadar US$ 347 milhões em todo o mundo, Kruger estrelou ao lado de Nicolas Cage como a arquivista dra. Abigail Chase, um papel que ela repetiu em “A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos” (2007).
Mas em vez de explorar esse sucesso com uma série de filmes de ação-aventura, Kruger retornou à Europa para fazer “filmes menores, europeus”. “Feliz Natal” (2005), sobre a trégua de Natal de dezembro de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, marcou um momento de virada para ela. Kruger, que trabalhou com diretores tão diversos como Denys Arcand, Bille August, Agnieszka Holland, Petersen e Tarantino, não tem mais dúvida sobre o rumo de sua carreira.
“Eu quero trabalhar com diretores que tenham uma opinião tão forte a respeito das personagens femininas quanto a respeito dos personagens masculinos. Com muita frequência – especialmente nos Estados Unidos, infelizmente – é tudo focado nos homens. Eu não sei se tem a ver com a bilheteria e quem vai ao cinema, mas eu quero interpretar personagens que tenham começo, meio e fim. Não basta mais apenas estar no filme.”
A atriz interpretará outra mulher durona e corajosa em “Special Forces”, que deverá ser lançado mais à frente neste ano. Ela interpreta uma jornalista francesa no Afeganistão, que é sequestrada pelo Taleban.
“Entrevistei muitas jornalistas que foram sequestradas – não necessariamente no Afeganistão, mas que foram mantidas como reféns. Para ser honesta, isso me fez perceber o quanto eu era ignorante. Eu nunca percebi o risco que essas pessoas correm lá fora para nos apresentar essas histórias.”
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.