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"É um filme que combina o modo artesanal com a tecnologia", diz Marcos Jorge sobre "Corpos Celestes"

Cena do filme "Corpos Celestes", com Dalton Vigh e Carolina Holanda - Divulgação
Cena do filme "Corpos Celestes", com Dalton Vigh e Carolina Holanda Imagem: Divulgação

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

07/03/2011 07h00

Os diretores Fernando Severo e Marcos Jorge sabem que a primeira parceria da dupla, o longa "Corpos Celestes", é um filme que engana - no bom sentido da palavra, é claro.

"Fizemos um trabalho de baixo orçamento, mas na tela parece que tínhamos milhões no bolso para gastar, especialmente nos efeitos especiais", comemora Jorge, que tem em seu currículo o longa "Estômago". "Foi um trabalho muito pensado, muito calculado. Fizemos muito ensaio, muita preparação, porque não podíamos desperdiçar tempo, nem dinheiro, quando a câmera estivesse rodando".

Já Severo, que tem uma consolidada carreira em curtas e estreia em longas com esta trabalho, explica que "as filmagens foram a execução de algo muito planejado". Orçado em R$ 1,6 milhão, "Corpos Celestes", que chega aos cinemas no próximo dia 11, narra dois momentos na vida de um astrônomo, interpretado por Dalton Vigh, quando adulto, e o estreante Rodrigo Cornelsen, quando criança.

"Só começamos a rodar quando o roteiro estava muito lapidado, tínhamos certeza de o filme seria daquele jeito", explica Severo.

Um dos pontos altos de "Corpos Celestes" está em seus efeitos especiais, que incluem imagens feitas pelo Hubble. "Eram fotos estáticas de galáxias que foram disponibilizadas no site do telescópio, nós fizemos um trabalho de animação", explica Jorge. "Se fosse um filme gringo, teria gastado só em pós-produção todo o nosso orçamento".

Ele explica que combinar um modo de fazer filmes quase artesanal, à maneira clássica, com a tecnologia foi o que permitiu a realização do longa. "Nem tudo é efeito digital. Num momento, por exemplo, em que aparece a lua refletida numa poça d’água, fizemos isso com trucagens de luz e filtro".

A amizade e parceria da dupla vem de mais de 20 anos, quando Jorge foi assistente de Severo nos curtas, como "Paisagem de Meninos" (2003). Anos mais tarde, quando Jorge mostrou dois argumentos para o amigo, foi este quem percebeu que ali estavam dois momentos do mesmo personagem.

"Eu não tinha me tocado disso. Eu via as histórias como dois filmes diferentes, e o Severo quem me apontou que podiam estar no mesmo filme, falando da mesma pessoa. Não pensamos em fazer um épico, englobar uma vida toda. São dois momentos importantes na vida desse sujeito", explica Jorge.

A astronomia entrou como tema por exercer fascínio sobre os dois. "Sou de uma geração que se encantou com o '2001 – Uma Odisséia no Espaço'. Isso possibilitou a expansão da percepção humana sobre o mundo que nos cerca", observa Severo.

Atualmente, Severo trabalha no Museu da Imagem e do Som de Curitiba, para o qual foi nomeado diretor há pouco. Além disso, começará a rodar um novo longa que deverá se chamar "A Polaca". "Quero combinar documentário e ficção. Devo fazer o filme nas horas vagas, nos finais de semana. Ao menos com a parte documental, dá para fazer desse jeito."

O cineasta também finalizou um curta documental, "Significadores e Significâncias", que começará a participar de festivais nos próximos meses.

Já Jorge está em pré-produção de seu novo filme, "Dois Sequestros", que pretende rodar no segundo semestre. Há algumas semanas, ele participou do Festival de Berlim, ao lado de projetos do mundo todo, num segmento do evento que reúne cineastas com produtores do mundo inteiro.

"Estamos praticamente com o orçamento fechado. Só dependemos agora da agenda de Rodrigo Santoro, que deverá ser o antagonista." Segundo o diretor, que assina o roteiro com Lusa Silvestre (corroteirista de "Estômago"), será um filme denso, uma história de vingança.