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Depois de "Passione", Daniel de Oliveira volta à Itália como soldado no filme ''A Montanha"

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

15/03/2011 07h00

Um ano depois de rodar cenas da novela “Passione” na Itália, o ator brasileiro Daniel de Oliveira está novamente em solo italiano – mas, desta vez, em nome do cinema. Ele é o protagonista de “A Montanha”, que Vicente Ferraz (“Soy Cuba - O Mamute Siberiano”) roda naquele país e tem como tema a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. “A Itália sempre esteve no meu coração. Meu avô era descendente de italianos e eu sabia que algum dia faria um em alguma novela”, disse o ator ao UOL Cinema por e-mail, durante as filmagens.

Em “A Montanha”, Oliveira interpreta o soldado Guima que, segundo o ator, é “uma espécie de anjo”. “Ele passa pela guerra com medo, mas é esperançoso, acredita que sairá dela. Uma pessoa totalmente solitária, sem ninguém no mundo, perdeu os pais muito cedo. E veio para a guerra deixando nada para trás. No mundo dele, só há ele e Deus”.

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Já o diretor conta que ler crônicas de Rubem Braga sobre a chegada dos soldados brasileiros na Itália serviu de inspiração para começar o filme. “Com esses textos, entendi rapidamente que o mais relevante era o anonimato desses soldados que foram parar no conflito mais importante do século 20.  Foi assim que fui atrás de uma história que retratasse isto”.

Para escrever o roteiro, Ferraz contou com a colaboração de dois historiadores: Carla Siqueira e Cesar Campiani, que é especialista na participação brasileira na Segunda Guerra. “Li muitos livros sobre os pracinhas, testemunhos dos próprios veteranos e, com alguns poucos cheguei a conversar. Nos primeiros anos em que trabalhei o roteiro, foi um trabalho solitário e necessário. Depois houve alguns colaboradores e um assessor de roteiro até que, finalmente, um roteirista italiano me ajudou a fortalecer a visão europeia da história”.

Sobre as filmagens na Itália, que começaram em fevereiro, Ferraz explica que o maior desafio é a neve, fora a obrigação de rodar em sete semanas. “Além disso, tem sido um grande desafio grande rodar no máximo 7 horas por dia, como é usual na Itália e como o dita o sindicato italiano”.

Tanto o elenco como a equipe técnica são mistas. Direção de arte, maquiagem e figurino são assinados por italianos. “Sendo um filme de guerra e de época, o fato de serem italianos esses chefes de departamentos nos ajuda muito. Eles têm uma grande tradição que deve ser aproveitada”. Já fotografia, produção, continuidade, assistência de direção e montagem são feitas por brasileiros.

O elenco mistura brasileiros, italianos, como Sergio Rubini (“A paixão de Cristo”, “Entrevista”),  e alemães, como Richard Sammel (“Bastardos Inglórios”). Entre os brasileiros, também está Julio Andrade (“Cão sem dono”), que trabalhou, ao lado de Oliveira, em “Passione”, como o mordomo Arthurzinho, e no filme “Batismo de Sangue”. Em “A Montanha”, ele interpreta o Tenente Penha, “um pracinha da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que, por ocasião do destino, foi parar na Segunda Guerra Mundial. Um líder às avessas que tenta, sem competência, guiar uma tropa de desertores”, comenta o ator.

Andrade conta que este é um personagem diferente de todos que já fez, nisso estando o seu maior atrativo para ele. “Acho o projeto importante por resgatar um momento histórico ímpar, não explorado pela ficção no cinema brasileiro”.

Além de contar com o preparador de elenco Christian Duurvoort, os atores fizeram um treinamento militar em Pindamonhangaba na 12ª Companhia de Engenharia de Combate Leve. “Aprendemos um pouco de hierarquia e noções de guerra. Caminhamos muito nas montanhas de Lauco, interior da Itália, a fim de buscar algo e perder-se em pensamentos na infinitude da neve”, explica Andrade. Já para Oliveira, a ajuda do exército foi fundamental para o seu trabalho: “Realmente, sem a colaboração deles chegaríamos sem os sentimentos necessários que os nossos personagens exigem”.