Selton Mello diz que atuação de Grazi Massafera em ''Billi Pig'' surpreenderá o público
Enquanto orienta o cabeleireiro sobre a maneira correta que as madeixas devem cair sobre o rosto de Marivalda, sua personagem em "Billi Pig", que José Eduardo Belmonte está rodando no Rio, Grazielli Massafera descreve o dever de casa que o diretor lhe passou durante os dois meses de ensaio que antecederam às filmagens. “Ele pediu para eu escrever um diário para a Marivalda, criar um passado para ela”, lembra a ex-participante do Big Brother Brasil, num dos salões da Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, no Flamengo, improvisado como camarim. “Todo dia eu acrescentava uma anotação sobre ela, numa forma de entender como era o cotidiano dessa pessoa”.
O novo filme do diretor paulista, autor de títulos como "A Concepção", "Meu Mundo em Perigo" e "Se Nada Mais dar Certo", marca a estreia da atriz paranaense como coprotagonista de um longa-metragem. “Cinema é uma coisa nova para mim. Só tinha feito uma participação breve em "Didi – O Caçador de Tesouros" (2006). Até então meu currículo se resumia a novelas e comerciais. Achei que já estava na hora de investir em minha carreira de forma mais séria, queria explorar novos horizontes. Tenho vontade, inclusive, em fazer teatro, que dizem ser a arte da repetição”, adianta Grazi, enquanto espera ser chamada para filmar no térreo do palacete erguido em 1920, maquiado como dependências de um hotel de luxo.
FICHAS DE FILMES
O encontro entre Grazi e Belmonte foi promovido por Cauã Raymond, namorado da atriz, que havia trabalhado com o diretor em "Se Nada Mais der Certo" (2008). “Naquela época, o Zé me chamou para fazer o filme com o Cauã, mas não pude aceitar porque estava fazendo uma novela. Mas confesso que a ideia de trabalhar com o Zé me deixou meio assustada. Tinha visto ‘A Concepção’, e achei completamente louco!”, recorda a jovem atriz de 27 anos. “Foi por causa do Cauã que perdi o medo em relação ao Zé. Ele voltava do set de filmagens transformado, mais amadurecido como ator. Fui acompanhar algumas das filmagens e gostei da forma com que o Zé trabalha com os atores. Ele nos dá confiança de que somos capazes de realizar uma cena”.
Lá embaixo, Selton Mello, ainda caracterizado como Wanderley, o marido da personagem de Grazi, é todo elogios para o trabalho da atriz. “Ela tem sido uma ótima colega, uma atriz atenta, curiosa, dedicada. Vai ser uma surpresa muito boa para todos”, diz o ator e diretor mineiro, por trás do ralo bigode de seu personagem. Wanderley é descrito por ele como um corretor de seguros pé-de-chinelo, que tropeça na chance de aplicar um grande golpe e ganhar muito dinheiro. “O golpe também é uma prova de amor, porque ele enxerga a oportunidade de realizar o grande sonho da esposa, que é se tornar atriz. Ele é um personagem precário, que vai aprendendo com os erros que comete na vida”, analisa.
Em entrevista coletiva promovida pela Imagem Filmes, distribuidora do filme, José Eduardo Belmonte ("Se Nada Mais Der Certo"), diretor e roteirista, esteve ao lado do [também] roteirista Ronaldo D'Oxum para apresentar essa comédia “escrachada e bem brasileira”, como D'Oxum define. Selton já começa brincando: “É louco fazer coletiva antes de filmar, não tem muito o que falar”.
Pouco tempo depois, Selton cruza o caminho de cabos e containers e outros obstáculos, de volta à apertada sala onde Belmonte filma a sequência em que Wanderley e o padre com poderes mediúnicos, interpretado por Milton Gonçalves, negocia os termos de um milagre encomendado por um traficante (Otávio Muller). Em um dos intervalos das inúmeras tomadas, Muller pede ajuda à maquiadora (“Quero chorar!”) e esta vai a seu encontro para aplicar cristal japonês nos olhos, para ajudá-lo a completar a cena cômica. Sim, ‘Billi Pig’ é uma comédia rasgada, a primeira do diretor. “O filme retoma o humor e a anarquia dos curtas do Zé”, comenta Selton, que conhece o trabalho do diretor desde seus tempos como curta-metragista, quando ele morava em Brasília.
Orçado em R$ 6 milhões, "Billi Pig" também é o longa-metragem mais caro de Belmonte. Acostumado a trabalhar com filmes de baixo orçamento, que lhe rendiam críticas excelentes porém magras bilheterias, o realizador agora busca um caminho longe dos nichos cinematográficos. “Como diretor, quero ampliar o meu diálogo com o público. A escolha do Selton e da Grazi para os papéis principais fazem parte desse processo, já que o roteiro (de Belmonte e Ronaldo D’Oxum) foi ganhando características de uma comédia leve, que bebe em gêneros mais populares, protagonizada por figuras histriônicas. O filme é resultado de minhas andanças pelo país, habitado por pessoas extravagantes”, admite o cineasta.
Rodado em diversas locações na cidade, como no subúrbio de Marechal Hermes (onde moram Wanderley e Marivalda), na feira nordestina de São Cristóvão, e nas Zonas Sul (Gávea, Santa Teresa, Copacabana e Flamengo) e Oeste (Recreio dos Bandeiras) cariocas, "Billi Pig" ainda precisará de efeitos especiais na finalização. “O boneco que dá título ao filme e é um personagem importante na história é um resultado de técnicas de 3D e animatronic”, adianta Belmonte. Com elenco que ainda inclui Sandra Pêra, Cassia Kiss, Preta Gil e Zezé Barbosa, o filme produzido pela Bananeira Filmes e distribuído pela Imagem Filmes está previsto para estrear dia 30 de dezembro, a tempo de pegar as férias de verão.
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