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Selton Mello diz que atuação de Grazi Massafera em ''Billi Pig'' surpreenderá o público

José Belmonte dirige os atores Grazi Massafera e Selton Mello nas filmagens de ""Billi Pig"" - Divulgação
José Belmonte dirige os atores Grazi Massafera e Selton Mello nas filmagens de ''Billi Pig'' Imagem: Divulgação

CARLOS HELÍ DE ALMEIDA

Colaboração para o UOL, do Rio

20/04/2011 07h00

Enquanto orienta o cabeleireiro sobre a maneira correta que as madeixas devem cair sobre o rosto de Marivalda, sua personagem em "Billi Pig", que José Eduardo Belmonte está rodando no Rio, Grazielli Massafera descreve o dever de casa que o diretor lhe passou durante os dois meses de ensaio que antecederam às filmagens. “Ele pediu para eu escrever um diário para a Marivalda, criar um passado para ela”, lembra a ex-participante do Big Brother Brasil, num dos salões da Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, no Flamengo, improvisado como camarim. “Todo dia eu acrescentava uma anotação sobre ela, numa forma de entender como era o cotidiano dessa pessoa”.

O novo filme do diretor paulista, autor de títulos como "A Concepção", "Meu Mundo em Perigo" e "Se Nada Mais dar Certo", marca a estreia da atriz paranaense como coprotagonista de um longa-metragem. “Cinema é uma coisa nova para mim. Só tinha feito uma participação breve em "Didi – O Caçador de Tesouros" (2006). Até então meu currículo se resumia a novelas e comerciais. Achei que já estava na hora de investir em minha carreira de forma mais séria, queria explorar novos horizontes. Tenho vontade, inclusive, em fazer teatro, que dizem ser a arte da repetição”, adianta Grazi, enquanto espera ser chamada para filmar no térreo do palacete erguido em 1920, maquiado como dependências de um hotel de luxo.

O encontro entre Grazi e Belmonte foi promovido por Cauã Raymond, namorado da atriz, que havia trabalhado com o diretor em "Se Nada Mais der Certo" (2008). “Naquela época, o Zé me chamou para fazer o filme com o Cauã, mas não pude aceitar porque estava fazendo uma novela. Mas confesso que a ideia de trabalhar com o Zé me deixou meio assustada. Tinha visto ‘A Concepção’, e achei completamente louco!”, recorda a jovem atriz de 27 anos. “Foi por causa do Cauã que perdi o medo em relação ao Zé. Ele voltava do set de filmagens transformado, mais amadurecido como ator. Fui acompanhar algumas das filmagens e gostei da forma com que o Zé trabalha com os atores. Ele nos dá confiança de que somos capazes de realizar uma cena”.

Lá embaixo, Selton Mello, ainda caracterizado como Wanderley, o marido da personagem de Grazi, é todo elogios para o trabalho da atriz. “Ela tem sido uma ótima colega, uma atriz atenta, curiosa, dedicada. Vai ser uma surpresa muito boa para todos”, diz o ator e diretor  mineiro, por trás do ralo bigode de seu personagem. Wanderley é descrito por ele como um corretor de seguros pé-de-chinelo, que tropeça na chance de aplicar um grande golpe e ganhar muito dinheiro. “O golpe também é uma prova de amor, porque ele enxerga a oportunidade de realizar o grande sonho da esposa, que é se tornar atriz. Ele é um personagem precário, que vai aprendendo com os erros que comete na vida”, analisa.

  • Geraldo Protta/ Divulgação

    Em entrevista coletiva promovida pela Imagem Filmes, distribuidora do filme, José Eduardo Belmonte ("Se Nada Mais Der Certo"), diretor e roteirista, esteve ao lado do [também] roteirista Ronaldo D'Oxum para apresentar essa comédia “escrachada e bem brasileira”, como D'Oxum define. Selton já começa brincando: “É louco fazer coletiva antes de filmar, não tem muito o que falar”.

Pouco tempo depois, Selton cruza o caminho de cabos e containers e outros obstáculos, de volta à apertada sala onde Belmonte filma a sequência em que Wanderley e o padre com poderes mediúnicos, interpretado por Milton Gonçalves, negocia os termos de um milagre encomendado por um traficante (Otávio Muller). Em um dos intervalos das inúmeras tomadas, Muller pede ajuda à maquiadora (“Quero chorar!”) e esta vai a seu encontro para aplicar cristal japonês nos olhos, para ajudá-lo a completar a cena cômica. Sim, ‘Billi Pig’ é uma comédia rasgada, a primeira do diretor. “O filme retoma o humor e a anarquia dos curtas do Zé”, comenta Selton, que conhece o trabalho do diretor desde seus tempos como curta-metragista, quando ele morava em Brasília.

Orçado em R$ 6 milhões, "Billi Pig" também é o longa-metragem mais caro de Belmonte. Acostumado a trabalhar com filmes de baixo orçamento, que lhe rendiam críticas excelentes porém magras bilheterias, o realizador agora busca um caminho longe dos nichos cinematográficos. “Como diretor, quero ampliar o meu diálogo com o público. A escolha do Selton e da Grazi para os papéis principais fazem parte desse processo, já que o roteiro (de Belmonte e Ronaldo D’Oxum) foi ganhando características de uma comédia leve, que bebe em gêneros mais populares, protagonizada por figuras histriônicas. O filme é resultado de minhas andanças pelo país, habitado por pessoas extravagantes”, admite o cineasta.

Rodado em diversas locações na cidade, como no subúrbio de Marechal Hermes (onde  moram Wanderley e Marivalda), na feira nordestina de São Cristóvão, e nas Zonas Sul (Gávea, Santa Teresa, Copacabana e Flamengo) e Oeste (Recreio dos Bandeiras) cariocas, "Billi Pig" ainda precisará de efeitos especiais na finalização. “O boneco que dá título ao filme e é um personagem importante na história é um resultado de técnicas de 3D e animatronic”, adianta Belmonte. Com elenco que ainda inclui Sandra Pêra, Cassia Kiss, Preta Gil e Zezé Barbosa, o filme produzido pela Bananeira Filmes e distribuído pela Imagem Filmes está previsto para estrear dia 30 de dezembro, a tempo de pegar as férias de verão.