"A construção de um personagem pode te levar para lugares que você nem imagina que existissem", diz Simone Spoladore, protagonista de "Natimorto"

Simone Spoladore é uma atriz conhecida por seu comprometimento e papéis intensos. Quando é questionada sobre isso, ela ri, tenta desconversar, mas confessa: "Ah, não dá para tentar enganar. Eu sou assim, vou até o fundo de um personagem. Levo o meu trabalho muito a sério. Gosto muito do que faço, não quero deixar o personagem passar".

Para ela, atuar é uma oportunidade para se conhecer e um amadurecimento como ser humano. "Trabalhar com diretores tão distintos me faz entrar em universos diferentes, descobrir coisas sobre mim".

Em breve, Simone poderá ser vista na telona e na televisão. Na sexta-feira (29) entra em cartaz "Natimorto", no qual ela faz uma cantora lírica e que é baseado em romance de Lourenço Mutarelli. Em maio, estará na novela "Vidas em Jogo", da Record, e nos longas "Não se Pode Viver sem Amor", de Jorge Durán, e "Elvis e Madona", de Marcelo Lafitte, uma comédia romântica na qual interpreta uma lésbica chamada Elvis.

"A construção de um personagem pode te levar para lugares dentro de você que a gente nem imagina que existissem. Traz muita alegria e prazer", explica. Para "Natimorto", Simone teve encontros com a cantora Madalena Bernardes. "Embora meu personagem não cante em cena, era preciso ter a postura, o trabalho corporal, saber como uma cantora lírica se porta". Já para Andréa, sua personagem na novela, a atriz está aprendendo a jogar futebol. "Estou no começo. A gente ainda está fazendo as cenas com muita marcação, não jogando de verdade. Mas acho que no decorrer da novela eu já vou estar com a ginga".

Quando se tratam de semelhanças, no entanto, Simone acredita que a taxista Andréa seja mais próxima de Elvis do que de A Voz, como é conhecida sua personagem em "Natimorto". "Elas são muito pés no chão, são personagens com uma linha de interpretação mais naturalista. Já a outra é mais próxima do sonho, da idealização, do glamour".

Simone começou na carreira artística fazendo balé aos 6 anos em Curitiba, onde nasceu. "Meu sonho era ser bailarina. Mas para isso, uma professora me explicou que era preciso saber interpretar. Depois comecei a fazer aulas de atuação e me descobri no teatro. Mas a dança ainda é uma grande paixão". Nos palcos, ela trabalhou com nomes como Felipe Hirsch, que anos mais tarde a dirigiria, em parceria com Daniela Thomas, em "Insolação".

Se com Hirsch foi um reencontro, em "Natimorto" Simone fez várias descobertas. Fã do trabalho de Mutarelli desde a adaptação de "O Cheiro do Ralo", a atriz confessa que o universo peculiar do escritor e desenhista foi o que mais a motivou a fazer o filme. "O livro [‘Natimorto’] é uma obra tão bonita, repleto de frases poéticas. Uma história de amor meio absurda".

Antes de começar a rodar o filme, Simone se encontrou com Mutarelli diversas vezes, para se preparar para a sua personagem. "Foi um contato muito nosso, longe do trabalho. Houve uma sintonia entre a gente". E quando o ator que faria o principal papel masculino desistiu e o próprio Mutarelli se ofereceu para fazer o personagem, Simone conta que foi uma surpresa maravilhosa. "Ele foi ótimo durante as filmagens".

Ela define a relação entre os personagens como algo quase infantil. "O que ele propõe a ela é absurdo [se isolarem do mundo]. É uma imagem ideal do amor, mas nada praticável". Simone conta que, durante um dos encontros, Mutarelli lhe deu de presente um exemplar do livro "Alice no País das Maravilhas".

Atualmente, Simone mora em São Paulo e grava novela no Rio, por isso vive na ponte aérea. "Eu não consigo escolher uma das duas cidades. Ainda não precisei, e espero não precisar", brinca.