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"Querer viver em outras épocas é uma armadilha", diz Woody Allen sobre "Meia-Noite em Paris"

Da esq. para a dir.: Adrien Brody, Michael Sheen, Rachel McAdams, Woody Allen, Lea Seydoux e Owen Wilson participam da sessão de "Meia Noite em Paris" no Festival de Cannes (11/05/2011) - Getty Images
Da esq. para a dir.: Adrien Brody, Michael Sheen, Rachel McAdams, Woody Allen, Lea Seydoux e Owen Wilson participam da sessão de "Meia Noite em Paris" no Festival de Cannes (11/05/2011) Imagem: Getty Images

THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, de Cannes

11/05/2011 10h53

Woody Allen voltou nostálgico para abrir o Festival de Cannes. Em seu novo filme, "Meia Noite em Paris', Gil (Owen Wilson), um aspirante a escritor, sai andando pela capital francesa e encontra sem querer os maiores artistas que viveram lá nos anos 20 do século passado: Ernest Hemingway, Pablo Picasso, Salvador Dalí, Luís Buñuel, Matisse, Gertrude Stein, Scott Fitzgerald e sua mulher Zelda. Conhece também a linda Adriana (Marion Cottilard), musa de Picasso e Hemingway.

Prestes a se casar com uma rica americana, Gil é um nostálgico, um deslocado em 2010. Mas, ao voltar no túnel do tempo, percebe que todas as épocas têm seus problemas. "É uma armadilha querer viver em outras épocas. Os anos 20 parecem incríveis, mas quando as pessos iam ao dentista não tinham Novocaína. E também não havia ar-condicionado", brincou o diretor.

Woody diz que conheceu Paris como todos os americanos: pelos filmes que via na infância e adolescência. "Faço com Paris a mesma coisa que fiz com Nova York no filme 'Manhattan'. Não mostro a cidade que eu conheço, mas aquela que reconheço de outros filmes".

Ele foi modesto ao se comparar com os artistas retratados no seu filme. "Nunca tive nada na vida que não fosse sorte. Nunca me considerei um artista de verdade, como Bergman, Fellini ou Kurosawa. Não tenho talento, dom ou substância pra isso. Eu apenas faço filmes, alguns bons, outros melhores, outros piores", falou.

TRAILER DO FILME "MEIA NOITE EM PARIS"

No filme, Owen Wilson encarna o próprio Woody Allen, com todos os seus tiques e gagueiras - mas o diretor nega a comparação. "Owen é o exato oposto de mim. É um cara relaxado, da Costa Oeste dos Estados Unidos, adora praia. Por isso deu tão certo".

E comentou a pequena participação da primeira-dama francesa Carla Bruni como uma guia do Museu Rodin - ontem, Carla anunciou que não viria ao festival para prestigiar o filme.

"Um dia, eu estava tomando café da manhã com a família de Sarkozy e Carla entrou na sala. Ela é linda, charmosa, carismática. Perguntei se ela queria participar do filme, e ela topou apenas porque um dia quer mostrar aos netos que apareceu num filme", contou. Pena que sua atuação, mesmo que por poucos segundos, não convença ninguém.