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"Foi um salto no escuro, mas não me assustei", diz Brad Pitt sobre o novo "A Árvore da Vida"

Brad Pitt em cena do filme ""A Árvore da Vida"" - Divulgação
Brad Pitt em cena do filme ''A Árvore da Vida'' Imagem: Divulgação

THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, de Cannes

16/05/2011 12h31

O diretor americano Terrence Malick não decepcionou aqueles que esperaram dois anos para ver seu novo filme em Cannes, “A Árvore da Vida”, estrelado por Brad Pitt. Com uma montagem sensorial que mostra uma família americana no interior do Texas remontando às origens do Universo, que inclui imagens do cosmos e até dinossauros, é uma obra-prima de imagens esplêndidas, de uma profunda reflexão religiosa, que faz o espectador redescobrir o amor e a vida. Vai ser difícil tirar a Palma de Ouro do filme.

Malick demorou mais de dois anos na montagem de “A Árvore da Vida”. Nos últimos 38 anos, Malick rodou apenas cinco longas-metragens – os mais recentes foram “Além da Linha Vermelha” (1998), indicado ao Oscar de melhor filme, e “O Novo Mundo” (2005). Antes mesmo de ser exibido hoje em Cannes, a imprensa americana já o apontava como um forte candidato ao Oscar de melhor filme no ano que vem. O filme estreia no dia 23 de junho no Brasil.

Pitt interpreta O’Brien, o severo pai de três filhos, marido da senhora O’Brien (a novata Jessica Chastain). Um dos produtores do filme, ele diz que relutou um pouco em aceitar o papel de um pai severo. “Fiquei preocupado com o que meus filhos iam achar, mas eles me conhecem como pai. Devem ter uma opinião melhor de mim”, brincou.

Caçar borboletas

Filmar com Malick lhe trouxe desafios inéditos. “Foi um salto no escuro. Mas com Terry não é assustador”, disse Pitt. “Ele é como um cara que segura uma rede pra caçar borboletas, esperando a borboleta passar. Os momentos filmados são sempre frescos. Esse filme mudou totalmente a forma como trabalho. Percebi que os melhores momentos do meu passado não foram pré-concebidos, aconteceram por acidente”.

Recluso, Malick quase nunca dá entrevistas. Como já era previsto, o cineasta não apareceu na entrevista coletiva em Cannes. O evento ficou nas mãos de Brad Pitt, de Jessica Chastain e dos produtores. Pitt defendeu a ausência do diretor. “Terry é alguém que constrói uma casa, mas não está preocupado em vendê-la. Existe essa ideia de que, no nosso negócio (o cinema), as pessoas têm que vender seu produto. Ele não quer isso. Sabe quando você ama uma música, alguém pega a letra e começa a explicá-la, e de repente aquela música não tem mais graça?”.

Fora dos blockbusters

De bom humor, Pitt fez piada quando lhe perguntaram por que se afastou de vez dos blockbusters e só faz filmes menores, independentes. “Não saia dizendo que eu não vou estar no próximo ‘Missão Impossível’. Eu posso estar lá”, ironizou. Foi uma opção que fez há cerca de dez anos. “Comecei a pensar nos meus filmes favoritos, e eram sempre filmes menores, mais profundos, que tocavam em grandes questões. Ou uma boa comédia. Adoro rir com os filmes”. Entre seus atores preferidos, estão o gordinho Zack Galifianakis (de “Se Beber Não Case”) e Jonah Hill (de “Superbad”).

O diretor Terrence Malick já tem um novo filme rodado, ainda sem título – uma história de amor que reúne no elenco Ben Affleck, Javier Bardem, Rachel McAdams, Rachel Weisz e Jessica Chastain. Mas ninguém pode prever quanto tempo ele levará na montagem...