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"Mel Gibson influenciou na má bilheteria", diz Jodie Foster sobre "Um Novo Despertar"

THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, de Cannes

17/05/2011 10h46

Falando muito rápido, alternando inglês e um francês perfeito, Jodie Foster chegou empolgada a Cannes para divulgar seu terceiro filme como diretora, “Um Novo Despertar” (The Beaver), estrelado por Mel Gibson, que estreia dia 27 no Brasil.

No último dia 6, o filme estreou nos EUA em apenas 22 salas. Foi um grande fracasso de bilheteria – custou US$ 19 milhões e rendeu apenas US$ 107 mil. “Mel influenciou na má bilheteria”, admitiu Jodie. “Mas não me preocupei com a vida pessoal dele. Mel sempre foi o primeiro na minha lista para o papel”.

Desde julho do ano passado, o ator é acusado de agredir sua ex-namorada, Oksana Gregorieva. Em março, ele decidiu se entregar à polícia para ser fichado e interrogado – na mesma noite em que “Um Novo Despertar” estreava num festival de cinema americano.

Pelo mesmo motivo, Gibson não participou da coletiva de imprensa. Segundo a produção do filme, ele tinha compromissos em Los Angeles, mas chegará a tempo para a sessão de gala na noite desta terça. “Mel virá sim. Ele não vai falar, mas virá”, admitiu Jodie, sorrindo.

Marionete de castor

  • Divulgação

    Mel Gibson em "Um Novo Despertar"

Mesmo com a vida turbulenta, Gibson tem uma boa atuação em “Um Novo Despertar”. Em seu terceiro filme como diretora, Jodie Foster faz uma aposta arriscada: Walter Black, o personagem de Gibson, é um executivo que entra em crise de depressão, se recusa a se comunicar com a família (Jodie interpreta a esposa) e passa a falar através de um fantoche de castor que nunca mais tira de sua mão. Poderia ser ridículo, mas Jodie segura bem o tom do drama familiar.

Ela defendeu o ator nas perguntas sobre sua vida pessoal. “Mel é um amigo de muitos e muitos anos. Nunca trabalhei com alguém que fosse mais adorado pelos colegas em Hollywood. É um homem complexo, e leva isso pro seu trabalho”, falou. “Acho que ele queria muito mostrar esse seu lado na tela.”

Mas, como boa amiga e colega, não culpou só Gibson pelo fracasso. “É um filme especial. Não foi feito para agradar todo mundo. Tenho que ficar feliz só pelo fato de ter feito um filme que amo. Eu não sou a bilheteria do meu filme”, desabafou.

“Um Novo Despertar”, segundo ela, aborda a depressão, mas quer trazer outros temas. “Não é um filme sobre a doença da semana. Fala sobre perda, a relação entre pais e filhos, a necessidade de conexão de todo ser humano. Os filmes que falam sobre só doença ficam melhor na TV do que no cinema.”

Polanski em vista

Jodie comemora o maior número de mulheres dirigindo filmes – só na disputa pela Palma de Ouro neste ano, são quatro. “Adoro o trabalho da Kathryn Bigelow (diretora de ‘Guerra ao Terror’). Mas é curioso que o primeiro Oscar de direção para uma mulher seja para um filme de gênero masculino.”

No ano que vem, Jodie volta como atriz no novo filme de Roman Polanski, “Deus da Carnificina”. E depois deve contracenar com Matt Damon e Wagner Moura em “Elysium”, ficção científica do mesmo diretor de “Distrito 9”, Neill Blomkamp.