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Cannes exibe filme clandestino de diretor iraniano condenado por subversão no seu país

Cena de "This Is Not a Film", de Jafar Panahi - Divulgação
Cena de "This Is Not a Film", de Jafar Panahi Imagem: Divulgação

THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, de Cannes

19/05/2011 12h39

Muita gente ficou de fora hoje de uma das sessões mais concorridas do Festival: "Este Não É um Filme", de Jafar Panahi, cineasta proibido de filmar pelo governo do Irã.

Atualmente, o diretor vive em prisão domiciliar em Teerã. Panahi pode ser levado de volta à prisão a qualquer momento - foi condenado a seis anos de prisão e a 20 anos sem filmar.

Diretor de filmes premiados como "O Balão Branco" e "O Círculo", Leão de Ouro em Veneza, Panahi realizou o filme em casa, em parceria com o amigo Mojtaba Mirtahmasb.

Mirtahmasb veio a Cannes e, antes do filme, subiu ao palco para citar uma frase do profeta Zaratustra para ilustrar a falta de liberdade de expressão no Irã e luta para fazer cinema: "Quando a escuridão dominar, não use uma espada; acenda uma vela".

No filme, Panahi lê trechos do roteiro do próximo filme de ficção que quer filmar e tenta ele mesmo fazer a encenação, colocando-se no lugar dos personagens e demarcando um quarto de mentira com fita adesiva amarela na sala de estar. Sua iguana de estimação está sempre por perto.

Num dado momento, o diretor entra em crise: "mas de que adianta ler a história de um filme, se não podemos fazer o próprio filme?". Ao fim, o diretor arrisca-se indo até a porta de seu prédio para filmar um protesto contra a proibição de um ritual persa que envolve fogueiras e fogos de artifício.