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"Punimos o diretor, e não o filme", diz presidente do Festival; "Melancolia" ainda pode ganhar prêmios

Da esquerda para a direita: a atriz Charlotte Gainsbourg, o diretor Lars Von Trier e a atriz Kirsten Dunst vão à sessão de "Melancolia" - Vittorio Zunino Celotto/Getty Images
Da esquerda para a direita: a atriz Charlotte Gainsbourg, o diretor Lars Von Trier e a atriz Kirsten Dunst vão à sessão de "Melancolia" Imagem: Vittorio Zunino Celotto/Getty Images

THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, de Cannes

19/05/2011 11h45

Na tarde desta quinta-feira (19), Gilles Jacob, presidente do Festival de Cannes, convocou uma coletiva de imprensa em cima da hora para comentar a expulsão do cineasta Lars Von Trier, que declarou em tom de brincadeira ser nazista e ter simpatia por Hitler. É a primeira vez que o festival declara alguém como persona non grata do evento.

"Temos que separar a obra do cineasta. Estamos punindo o diretor, e não o filme", disse Jacob, que é judeu e teve toda a sua família perseguida durante a Segunda Guerra Mundial.

Jacob também frisou que o festival não abrirá nenhuma ação jurídica contra Von Trier. Segundo ele, a decisão partiu do conselho dos diretores do festival e não tem a ver com as decisões do júri presidido pelo ator Robert de Niro, que dará a Palma de Ouro e outros prêmios no próximo domingo. Assim sendo, "Melancolia" ainda concorre a prêmios, entre eles o de atriz para Kirsten Dunst.

Von Trier venceu a Palma de Ouro em 2000 com "Dançando no Escuro". Segundo o diretor do festival, a punição para o cineasta vale apenas para esta edição, o que significa que seus próximos filmes poderão ser selecionados.

Próximos filmes

Algumas distribuidoras brasileiras já fecharam a compra de novos filmes para estrear no Brasil.

  • Divulgação

    Cena de "Garoto de Bicicleta"

A Imovision, distribuidora do francês Jean-Thomas Bernardini que reúne um grande número de títulos europeus, já comprou os direitos de três novos filmes: "Amour", novo filme de Michael Haneke ainda em pós-produção, estrelado novamente por Isabelle Huppert; "As Neves do Kilimanjaro", do cineasta de origem armênia Robert Guédiguian; "Toutes nos envies" (Todos os nossos desejos), novo filme de Philippe Lioret (o mesmo de "Bem-Vindo"). Antes do festival, a Imovision já havia comprado os direitos de "Garoto de Bicicleta", dos irmãos Dardenne, para lançar em novembro.

A Califónia Filmes, que pretende lançar "Melancolia" de Lars Von Trier em agosto, comprou também "End of Watch", thriller estrelado por Jake Gylenhaal e dirigido por David Ayes, que deve ser lançado apenas em 2012.

Mel Gibson japonês

Conhecido por filmes de terror como "Audition", o japonês Takashi Miike entrou ontem na disputa pela Palma com "Harakiri - A Morte de um Samurai”. O filme inova no gênero samurai ao questionar as noções de honra que envolviam esse clã de guerreiros japoneses. Um samurai tem um filho bebê doente e, para comprar comida e remédios, precisa vender sua espada, o que é proibido pelo clã dos samurais.

O filme é protagonizado por Ebizo Ichikawa, uma estrela no Japão que, assim, como Mel Gibson, protagonizou um escândalo recentemente quando saiu bêbado de um bar e envolveu-se numa briga.

Para justificar a ausência do astro em Cannes, Miike deu respostas muito parecidas com as de Jodie Foster sobre Gibson. "Pensei em esperar que essa polêmica passasse para lançar o filme, mas depois desisti dessa ideia. Ichikawa é um grande ator, e não lamento tê-lo chamado para o filme".