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"Filme mudou minha vida em tudo", diz Bradley Cooper sobre "Se Beber, Não Case! 2"

Eduardo Graça

Colaboração para o UOL, de Los Angeles

25/05/2011 15h36Atualizada em 25/05/2011 16h41

Eles certamente ficariam ofendidos com a constatação, mas decididamente Bradley Cooper, Zack Galifianakis e Ed Helms são ainda mais engraçados ao vivo do que na tela do cinema. Não, “Se Beber, Não Case! 2”, que estreia nesta sexta-feira (27) no Rio de Janeiro e em São Paulo, não tem nada de chocho. Pelo contrário, o filme é uma espécie de “Se Beber, Não Case!” com anabolizantes, reunindo imagens e diálogos ainda mais perversos e absurdos do que os do filme original.

Desta vez, Phil (Bradley) e Alan (Helms) viajam para a Tailândia a fim de preparar a despedida de solteiro do dentista Stu (Helms), que, vejam só, se recuperou da ex-noiva controladora nos braços de uma linda asiática. Mas como as sandices precisam continuar, e o histriônico Mr. Chow – vivido pelo ótimo comediante de origem coreana Ken Jeong – ganha mais espaço na nova trama, os rapazes acordam mais uma vez em um quarto de hotel com uma providencial amnésia e um outro personagem desaparecido.

As seqüências nas ruas de Bangkok explicam por que o diretor Todd Phillips transportou os atores para o outro lado do planeta: o exotismo, os animais (um dos protagonistas do filme é a macaquinha-fumante Crystal) e a fauna humana da cidade, incluindo um travesti-filósofo, oferecem ao trio novas possibilidades para o mesmo exercício de auto-comiseração que conquistou platéias do mundo todo em 2008.

“Se Beber, Não Case!” foi a comédia adulta de maior público nos cinemas americanos e transformou a vida de Cooper – hoje um dos galãs mais requisitados de Hollywood – e Galifianakis, dono de seu próprio anti-talk-show e, assim como Helms, sucesso na série televisiva “The Office”, um dos nomes mais festejados da atual cena da comédia americana.

Juntar o trio para conversar com a imprensa estrangeira foi uma ideia das mais felizes. Depois de passarem três meses na Tailândia, eles se tornaram unha e carne. “Zack é, hoje, mais do que um de meus melhores amigos, virou irmão mesmo”, diz Cooper. Em “Se Beber, Não Case 2”, os personagens principais precisam enfrentar seus demônios e o resultado, especialmente no caso de Stu, é recompensador. Mas na hora de responder à primeira pergunta, é Ed Helms quem voa para proteger Cooper, alvo fácil dos papparazi mundo afora (especialmente depois de seu namoro com Renée Zellweiger), lembrando: “não esquece que o gravador está ligado”.

Um por todos, todos por um, Cooper, Galifianakis e Helms dizem a que vieram, cheios de graça e sem maiores delongas, na conversa realizada na suíte de um hotel de luxo em Beverly Hills:

UOL Cinema - Quais foram os maiores demônios que vocês tiveram de enfrentar em suas vidas pessoais?

Bradley Cooper: Huum...acho que...

Ed Helms: Olha lá, meu irmão. Ta vendo esta coisa aí na mesa? É um gravador. Ou seja, o que você disser, será pu-bli-ca-do. Sabe como é?

UOL Cinema -  Olha, isso eu não garanto, vai depender da resposta dele...

Cooper: Difícil dizer. São tantos os demônios. Não sei.

Galifianakis: Com toda a honestidade do planeta, você responderia a esta pergunta? É tão pessoal...

UOL Cinema -  Sim, claro! Mas os entrevistados aqui são vocês...

Zach Galifianakis: Digamos que nossos demônios são um tanto perversos, mais do que os dos personagens. Fica difícil dividir com os leitores.

Helms: Eu tenho um demônio terrível que vive em mim há muitos anos. É o diabinho que me faz pintar usando guache. Sério. É um vício. E que pode atrapalhar meus relacionamentos. Qualquer relacionamento. (os outros dois concordam, cúmplices).

Galifianakis: Os meus são muito íntimos, vou ficar com o do Ed.

  • Divulgação

    Cena de "Se Beber, Não Case! 2"

 

UOL Cinema -  Mas vocês conseguiram abraçar com tranqüilidade os tons mais pesados da segunda versão de "Se Beber, Não Case!"?

Helms: Mais do que isso, a única razão para eu ter topado fazer a seqüência foi justamente o fato de o roteiro ir muito além do primeiro quando pensamos nas insanidades que fazemos e falamos agora. Ficou evidente que o Todd esticou a corda aqui.

UOL Cinema -  Como é que o primeiro filme mudou a vida de vocês?

Cooper: Em tudo. Depois de um projeto de tamanho sucesso como “Se Beber, Não Case” todos os diretores nos abrem as portas, todo mundo quer fazer algo com a gente, passamos a poder escolher mais. Foi uma mudança imensa na nossa vida. E, não menos importante, não nos conhecíamos antes do filme. E hoje somos muito, muito próximos mesmo. O sonho, em qualquer ambiente de trabalho, é ter esta intimidade já clara no segundo filme. A confiança é maior, as decisões são ainda mais feitas em conjunto.

UOL Cinema -  Todd Phillips diz que este filme é bem mais fiel ao roteiro do que o primeiro. Isto significa que vocês puderam improvisar menos?

Cooper: Discordo dele! Matematicamente, o roteiro mudou mais agora. Mas, sim, improvisamos menos. Por outro lado, tudo o que fizemos está no filme, os cortes foram menores.

Helms: Sim, mas nós, os três, mexemos mais nos diálogos do primeiro filme.

Cooper: Não sei, não, Ed! As duas principais cenas, para mim, neste filme, sequer estavam no roteiro!

UOL Cinema -  Quais cenas?

Cooper: A que se passa no lado de fora do clube de strip-tease (e que explica boa parte da trama) e a da esquina, quando descobrimos quem é o responsável, desta vez, pela amnésia coletiva.

Helms: É, você está certo, estas são cenas fundamentais. Mas o esqueleto do primeiro filme foi mais modificado pelos atores. E no segundo, há improvisações em momentos como quando tentamos capturar o macaco. A cena saiu do jeito que decidimos.

Galafianakis: A cena da charada também foi toda improvisada, criada na hora.

UOL Cinema -  Você falou no macaco. Na verdade, a macaquinha Crystal, que, segundo Todd Phillips, é o melhor ator do filme. Ela foi fácil de lidar no set de filmagem?

Cooper: Ela é maravilhosa e o treinador, um cara super legal.

UOL Cinema -  E ela improvisou muito?

Cooper: Ela só fez improvisar (rindo).

Helms: Juro que não estou sendo ciumento, mas você precisa levar em conta que aquela macaquinha, para cada take que filmávamos, ela tinha vinte. Ela aparece mais do que a gente! (risos).

  • Divulgação

    Zach Galifianakis em "Se Beber, Não Case! 2"

 

UOL Cinema -  A Bancoc do filme é para lá de exótica. O que vocês viram de mais estranho nos dias em passaram na cidade?

Cooper: Cara, o mais estranho é o quão normal tudo aquilo é para os tailandeses. E a gente se acostuma com aquilo muito rapidamente.

Helms: As diferenças culturais são enormes. A questão dos gêneros na Tailândia, o que é masculino, o que é feminino, o que está no meio, é completamente única. Os meninos-moça estão em toda parte, vira apenas um fato da rotina, não algo gritante. Lembro de andar um dia por uma viela e de repente apareceu uma pessoa andando em um mopad com um porco ao lado. E ninguém achou nada demais.

UOL Cinema -  Como você analisaria o sucesso mundial do primeiro filme? Era um projeto de um diretor pouco conhecido, sem grandes estrelas, passando claramente do limite de bom-gosto estabelecido por Hollywood...

Galifianakis: Trouxemos algumas piadas originais, surpreendemos as pessoas com nossa atitude. O trailer foi absolutamente sensacional, despertou a curiosidade das pessoas, que queriam saber quem eram aqueles três birutas. E que filme apostaria em Mike Tyson (também presente na segunda versão) cantando uma música de Phil Collins como chamariz de audiência? Havia algo de muito novo ali! E muita gente achou que o filme era uma espécie de indie dentro de Hollywood, sem grandes estrelas, escrachado, gerou simpatia.

Helms: Também acho que o filme tinha uma mistura jamais tentada de “Clube dos Cafajestes” com “O Virgem de 40 Anos”. Ou seja, são estes caras doidões, fazendo as maiores insanidades, mas que no dia seguinte são doces, dóceis, prontos para serem pegos no colo, que se arrependem do que fizeram. São ao mesmo tempo irrecuperavelmente loucos e prontos para a redenção. Deu certo!