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Novo projeto leva filmes de festivais para o circuito comercial

Cena de "Estrada para Ythaca" - Divulgação
Cena de "Estrada para Ythaca" Imagem: Divulgação

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

31/05/2011 17h13

Existe um termo bastante conhecido entre pessoas que circulam em festivais de cinema: filme de festival. São obras que dificilmente conseguem chegar ao circuito comercial, mesmo recebendo muito elogios e prêmios. Geralmente são filmes mais experimentais, filmes que fogem do padrão comercial. Diante disso, Silvia Cruz, que já trabalhou em distribuidoras de cinema e agora tem seu próprio selo, Vitrine Filmes, resolveu inovar. “Era muito frustrante ter filmes bons e até premiados que seriam vistos apenas dentro de um festival, mesmo quando se sabe que existe um público para esse trabalho”, disse ao UOL Cinema.

Ela criou o Sessão Vitrine, que leva a sete cidades, toda semana, um filme independente que, de outra forma, dificilmente chegaria aos cinemas. “Todos os filmes têm um público em potencial e podem atrair pessoas: basta que sejam lançados direito. Claro, não serão longas que darão uma bilheteria enorme, mas, ao menos, serão exibidos”, explica.

O projeto está em cartaz desde a semana passada em sete cidades do país: São Paulo (Espaço Unibanco), Recife (Fundação Joaquim Nabuco), Porto Alegre (PF Gastal), Curitiba (Cinemateca de Curitiba), Salvador (Circuito Sala de Arte), Vitória (Cine Metrópolis) e Rio de Janeiro (Cine Jóia). E estreou com o longa “Estrada para Ythaca”, premiado no Festival de Tiradentes do ano passado.

Segundo Silvia, o projeto vai manter cada filme em cartaz por uma semana, sempre no mesmo horário e na mesma sala. “Queremos criar uma ideia de “cineclubismo”. O público vai saber que todo dia, naquele horário, naquela sala, está passando um filme independente com esse perfil”, explica.

O sucesso de filme pode determinar que ele fique mais de uma semana em cartaz – mas em outro horário. É o caso de “Estrada para Ythaca”, que foi bem de bilheteria em algumas cidades e continuará em cartaz nessa sexta-feira no Rio, em Porto Alegre e em Recife. Nesse mesmo dia, a programação do Sessão Vitrine trará “Um lugar ao Sol”, documentário de Gabriel Mascaro sobre coberturas de luxo.

Novas relações sociais

“Um lugar ao Sol”, exibido em mais 20 festivais e elogiados em veículos especializados como a “Variety” e a “Cahiers Du Cinema”, é uma investigação curiosa sobre coberturas de luxo no Brasil, o que são, como são e, o mais importante, quem é essa elite que habita esses lugares. Ao fazer esse retrato, sutilmente, o documentário explora o abismo social que existe no país.

“Eu queria levar para a tela um grupo social pouco retratado no documentário nacional. As coberturas são um espaço do sonho, e refletem as novas relações sociais do país”, disse o diretor ao UOL Cinema. Para descobrir quem são esses moradores do topo dos prédios de luxo, Mascaro teve acesso a um livro que os cataloga e circula apenas entre um mailing bem restrito – por isso, o próprio diretor não pode revelar o nome da publicação.

“Morar numa cobertura reflete estar no topo da pirâmide social. É olhar de cima para baixo”, explica o cineasta. No documentário, há uma visão bastante crítica dessas pessoas, mas muitos dos entrevistados parecem nem se dar conta disso. “Eu mande o filme para todos eles, e apenas dois me responderam. Agradeceram muito a oportunidade de mostrarem o seu mundo.”