"Não tenho pudor em ultrapassar o limite do ridículo para fazer rir", diz Cleo Pires, protagonista de "Qualquer Gato Vira-Lata"
“As mulheres parecem estar condicionadas a ter um relacionamento amoroso. É quase inconsciente”, diz Cleo Pires ao defender Tati, sua personagem na comédia “Qualquer Gato Vira-Lata”, que estreia no país nesta sexta-feira.
A protagonista é uma garota que começa apaixonada por um rapaz imaturo, vivido por Dudu Azevedo, e passa por uma grande transformação, com a ajuda de um professor universitário, interpretado por Malvino Salvador.
“O que mais me interessou na personagem foi a transformação dela. Ela acaba o filme completamente diferente daquele começo, quando é insegura, histérica”, disse Cleo ao UOL Cinema.
Ela ressalta que deu muitos palpites no roteiro, baseado na peça de Juca de Oliveira. “Foi um processo de criação aberto aos atores. Isso ajudou a gente acreditar nos personagens, porque na comédia é necessário um processo de autocrítica bem grande”.
“Às vezes, nas filmagens, as caras, as bocas, tudo parecia meio ridículo. Quando a gente vê no filme pronto, percebe que é bem engraçado. Por isso que não tenho pudor em ultrapassar o limite do ridículo para fazer rir”. No filme, Cleo não mede esforços para cumprir sua missão cômica: gritando, sapateando e bancando a apaixonada.
Ela acredita que, em “Qualquer Gato Vira-Lata”, há um processo de “abrasileiramento” das comédias românticas de Hollywood. “Não faz muito tempo que o nosso cinema tem dado espaço para filmes de diversão e entretenimento”.
TRAILER DO FILME ''QUALQUER GAT OVIRA-LATA''
Malvino Salvador, que contracena com Cleo, concorda que ter dado palpites no roteiro o ajudou a transformar seu personagem em alguém mais crível. “Eu sugeri que ele fosse tímido, atrapalhado. Isso o tornou mais humano, mais engraçado”.
Ele é também o primeiro a defender Conrado, seu personagem, professor universitário, quando o chamam de machista. “Não é bem assim, as teorias dele [do personagem] são baseadas em Charles Darwin. Não é mero achismo. Elas fazem sentido”, explica. Segundo Conrado, machos e fêmeas têm papel bastante definido na sociedade e nos rituais de conquista e acasalamento, e o ser humano deveria agir igual a qualquer outro animal.
Para o ator, “o filme trata de temas sérios de maneira leve e bem humorada. Hoje em dia há uma discussão sobre o comportamento de cada sexo. Vivemos uma época de mudança, creio. Ninguém condena um homem que sai com muitas mulheres, mas o contrário ainda é inaceitável. Acho que um dia vamos chegar a um equilíbrio”.
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