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"Algumas vezes eu quase desmaiava", diz Jake Gyllenhaal sobre as filmagens de "Contra o Tempo"

Jake Gyllenhaal em cena do filme ""Contra o Tempo"" - Divulgação
Jake Gyllenhaal em cena do filme ''Contra o Tempo'' Imagem: Divulgação

CINDY PEARLMAN

Do Hollywood Watch

14/06/2011 07h00

São 6 horas da tarde de uma sexta-feira, e Jake Gyllenhaal deixa alguém esperando. Trata-se de um pastor alemão chamado Atticus, que Gyllenhaal insiste ser alguém especial em sua vida no momento.

Em uma coisa Gyllenhaal pode contar com Atticus: o cão não está com ele porque ele é um astro do cinema. Isso é importante para um homem que diz que, na escolha dos papéis para interpretar nas telas e das pessoas para estarem na sua vida fora delas, ele está à procura da mesma coisa.

"Eu sinto o cheiro quando não é real", diz Gyllenhaal. "Eu posso sentir. Meu lance, na vida e nas telas, envolve desenvolver ligações. Eu quero estar lá todo dia e aprender algo com as pessoas presentes nos momentos. Mas a sensação precisa ser real. Caso contrário, é uma perda de tempo".

Essa preocupação talvez seja uma prioridade natural para um homem que cresceu cercado de faz de conta: seus pais são o diretor Stephen Gyllenhaal e a produtora/roteirista Naomi Foner, e sua irmã é a atriz Maggie Gyllenhaal.

"Eu fui criado em uma família que queria desesperadamente contar histórias. Era quase como um circo itinerante. Isso é o que ainda nos dá alegria. Isso é o que importa para nós", afirma.

A mais recente história de Gyllenhaal é o thriller de viagem no tempo "Contra o Tempo", com estreia prevista para 17 de junho no Brasil. Ele interpreta Colter Stevens, um agente que usa uma "cápsula do tempo" para voltar ao passado - no corpo de alguém - e impedir um terrível atentado contra um trem de passageiros em Chicago.

O detalhe: ele pode voltar repetidas vezes, mas cada viagem lhe permite apenas permanecer oito minutos no passado, o que não é muito tempo para identificar o terrorista desconhecido e impedir o atentado. O filme foi rodado em Montreal e envolveu ação física exigente.

"O filme foi muito desgastante para o meu corpo. O que era realmente importante era a transição entre a cápsula onde estou preso e os momentos em que repentinamente sou transportado para uma nova realidade naquele trem condenado. Eu sabia que precisava parecer desorientado, então o que eu fazia era prender a respiração e praticar algumas combinações de kung fu para ficar molhado de suor. Então filmávamos. Nós realizávamos uma tomada de sete minutos e então eu repetia minha rotina de prender a respiração de novo.

"Algumas vezes eu quase desmaiava. A sala ficava girando - mas isso foi ótimo, porque minha confusão ficou parecendo real na tela", atesta.

Gyllenhaal não costuma estar associado a thrillers - seus filmes mais recentes foram o drama da guerra no Iraque, "Soldado Anônimo" (2005), a história de detetive "Zodíaco" (2007), os dramas com tema de guerra "O Suspeito" (2007) e "Entre Irmãos" (2009), a aventura "Príncipe da Pérsia - As Areias do Tempo" (2010) e o romance "Amor e Outras Drogas" (2010) - mas ele diz que a ideia de fazer um thriller lhe atraiu.

"Eu adorei fazer um filme cheio de reviravoltas. O lance é que este sujeito é transportado para um trem de passageiros por apenas oito minutos de cada vez para encontrar o responsável por um atentado a bomba. Toda vez que ele é enviado de volta para os próximos oito minutos, o filme revela outra camada. É o tipo de filme que você pode ver repetidas vezes, enquanto busca pistas e as analisa", declara Jake.

"Na maioria dos filmes o público está bem à frente da história. Este era único, no sentido de deixar você pensando. O roteiro chega lá antes do público", comenta.

Surpreendentemente, diz Gyllenhaal, foi uma cena tranquila, em que Stevens encontra um momento para telefonar para seu pai e compartilhar algo que estava em seu coração, que foi a mais difícil para ele. "Certamente teve um peso. Como ator, você frequentemente não percebe as coisas inconscientes por trás do seu trabalho. Depois, quando você chega em casa, você senta no sofá e pensa: ‘Cara, essa foi difícil’".

E ele telefonou para seu pai naquela noite? "Eu não liguei para o meu pai", diz Gyllenhaal com um suspiro. "Eu já tinha chorado o suficiente naquele dia no trabalho", confessa Jake.

TRAILER DO FILME ''CONTRA O TEMPO''

Gyllenhaal cresceu em Los Angeles como um bebê de Hollywood e estreou no cinema como o filho de Billy Crystal em "Amigos, Sempre Amigos" (1991). "Era muito maluco ser uma criança no set de um grande filme. Eu não conseguia acreditar que estava lá ao lado de Billy Crystal. Até hoje eu me lembro do meu figurino, de estar no trailer de maquiagem e de trabalhar com aquele bezerro que interpretou Norman", relembra.

Gyllenhaal trabalhou então em filmes como "Josh e SAM - Uma Aventura Sem Limites" (1993), "Uma Mulher Perigosa" (1993), "O Céu de Outubro" (1999), "Donnie Darko" (2001), "Por um Sentido na Vida" (2002), "O Dia Depois de Amanhã" (2004), gradualmente ascendendo de um bom ator infantil para um bom ator jovem e, finalmente, um bom ator.

Foi o filme premiado com Oscars "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005), de Ang Lee, que o transformou em astro, onde ele e Heath Ledger interpretavam caubóis que mantinham um relacionamento gay secreto. Ledger morreu poucos anos depois e Gyllenhaal fica mais terno quando perguntado sobre suas lembranças de seu co-astro.

"Eu me lembro de tê-lo visto após nós dois termos sido escolhidos para o elenco. Nós estávamos em uma festa e não tínhamos espaço de verdade para conversar, mas de alguma forma encontramos um pequeno canto e começamos a ensaiar algumas falas. Nós dois achávamos a história muito bonita e queríamos servi-la da melhor forma possível. Nós não tínhamos tempo a perder", diz.

(Cindy Pearlman é uma jornalista free-lance baseada em Chicago.)