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"Ainda não apareceu ninguém que substituísse os Mamonas Assassinas", diz diretor do documentário sobre a banda

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

24/06/2011 07h00

Tudo começou com uma pesquisa para um filme de ficção, quando o produtor e documentarista Cláudio Khans percebeu que a vida dos Mamonas Assassinas também renderia um bom documentário. “Tínhamos imagens de arquivo muito boas, registros feitos por eles, pelas famílias, além de depoimentos de familiares, amigos e pessoas que trabalhavam com eles”, conta o diretor em entrevista ao UOL Cinema.

O resultado desse trabalho é o documentário “Mamonas pra Sempre”, que há dois anos faz uma carreira em festivais e que chegou ao circuito comercial na última semana, com uma pequena diferença: “Esta versão que estreia é um pouco diferente daquela exibida em mostras, o som está bem melhor”.

Khans promete que, após o lançamento deste filme, pretende retomar o longa de ficção sobre o mesmo tema no qual trabalha há alguns anos. “Eu tenho várias versões de roteiro prontas, e voltarei a trabalhar nesse filme também. A trajetória dos Mamonas é muito rica, há espaço para mais de um longa sobre eles”.

Para o diretor, até hoje a banda irreverente não teve um substituto à altura, por isso ainda é tão conhecida, especialmente pelas crianças. “Acho que os comediantes do Pânico são quem chegam mais perto daquele humor escrachado”.

TRAILER DO FILME "MAMONAS PRA SEMPRE"

O diretor conta que se surpreendeu ao descobrir como os Mamonas ainda estão tão vivos na memória das pessoas - mesmo 15 anos após o acidente que matou todos os seus integrantes. “Eles são sucesso na internet. Em festinhas de criança até hoje tocam as músicas deles. E pensar que essas mesmas crianças nem eram nascidas quando a banda acabou. É um fenômeno mesmo”, atesta.

Para fazer o documentário, Khans contou com o apoio das famílias de alguns dos membros da banda, que além de ceder imagens pessoais, deram entrevistas, e também depoimentos do produtor musical Rick Bonadio, que descobriu os Mamonas, e do empresário Samy Elia.

“Reviver a trajetória deles foi redescobrir uma parte da cultura pop brasileira”, afirma o diretor, confessando que, na época do auge do grupo, “não dava muita bola para eles”.

O único pedido dos familiares de Dinho e sua trupe foi que o diretor abordasse o acidente fatal com respeito. “Mas isso nem precisavam pedir. Eu já tinha decidido que o acidente não seria o assunto mais importante do filme, que é para celebrar a vida, e que eu iria tratar da questão com todo cuidado”, ressalta. “A morte deles foi um impacto muito grande, e a mídia se aproveitou demais do assunto na época. Eu não queria fazer o mesmo, não queria transformar o documentário em algo sensacionalista”.

Agora, Khans planeja lançar um documentário que sobre o ator José Lewgoy, que já foi exibido em festivais, e produz uma série de cinco documentários sobre o Estado Novo, com a direção de Eduardo Escorel. “Pesquisamos na França, Alemanha e Estados Unidos um material inédito sobre a época, e encontramos coisas bastante interessantes. Os filmes não são apenas sobre os aspectos políticos, mas também sobre a sociedade, a cultura e a forma como o Brasil se relacionava com o mundo”.