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"Não acho que será bem recebido pelos políticos", diz George Clooney sobre filme "The Ides of March"

EDU FERNANDES*

Enviado a Cancún, no México

12/07/2011 18h33

George Clooney está em Cancún para divulgar o filme “Ides of March”, que tem estreia prevista no Brasil para 21de outubro, e concedeu uma entrevista coletiva em que divertiu os presentes com seu bom humor.

“Ides of March”conta os bastidores das eleições nos Estados Unidos, e todas as maquinações em um ambiente propício a acordos questionáveis e a traições. “Eu acho que seria muito difícil não perder minha alma se eu me envolvesse pessoalmente em política”, declarou Clooney. Além de interpretar um dos papeis principais, ele é diretor, produtor e corroteirista do filme.

Em um momento em que já se fala das próximas eleições americanas, “Ides of March” tem inegável relevância. “Não acho que será bem recebido pelos políticos”, afirmou.

“Começamos a conversar sobre o projeto em 2008. Aí Obama foi eleito e as pessoas estavam felizes. Não poderíamos fazer um filme cínico em um momento desses”, confessou George. Bastava a ele esperar o momento em que o povo americano estivesse insatisfeito com o morador da Casa Branca. “Demorou só um ano”, brincou.

“Ides of March” será o filme de abertura no Festival de Veneza, evento onde começou a carreira de sucesso de outro filme dirigido por Clooney: “Boa Noite e Boa Sorte”. O galã comentou a experiência de 2005. “Não sabíamos se o filme funcionaria internacionalmente”, disse.

Clooney queria repetir a experiência de Veneza com seu trabalho mais recente. “Esperávamos conseguir uma boa posição no festival e eles disseram que seríamos o filme de abertura. Essa é uma boa posição”, afirmou.

Além de Clooney no papel de um pré-candidato a presidente dos Estados Unidos, o elenco de “The Ides of March” traz outros atores de renome como Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Marisa Tomei e Evan Rachel Wood. As declarações de Clooney durante coletiva focaram-se no ator principal, Ryan Gosling.

“Ele foi a primeira opção para o papel”, relatou Clooney. “Ryan está entre os melhores atores de sua geração”.

“É divertido trabalhar com atores jovens, porque eles têm um olhar diferente sobre as coisas”. Os elogios a Gosling continuaram. “Ele estava no set com pessoas que são muito mais experientes do que ele - algo que pode ser bem intimidante”.

Sobre sua própria participação como ator, Clooney confessou que não gosta de atuar nos filmes em que dirige. “Parte do trabalho do diretor é manipular os atores para que eles façam o desejado, mas há uma confiança entre os atores”, comentou. “Quando eu tenho que atuar e comentar a atuação dos outros atores, essa confiança é quebrada”.

Ryan Gosling interpreta Stephen, um dos assessores que trabalha na campanha do candidato vivido por Clooney. Ele está dividido entre ajudar seu amigo ou partir para a campanha do rival, que promete ser mais bem-sucedida.

“Escrevemos um thriller político”, disse Clooney. “Nesse sentido, há um pouco de cinismo no filme”. “The Ides of March” promete um olhar diferente das campanhas políticas. “Queremos mostrar que o que esses profissionais fazem é muito mais um negócio do que imaginamos”, declarou.

Sobre as lições que filme oferece, Clooney usou mais uma vez de seu característico bom humor. “Não durma com os estagiários e fique fora do Twitter se você for um candidato”.

* O jornalista viajou a convite da Sony Pictures