Topo

Michael Fassbender diz que fez cenas de sexo "como um jogador de golfe" no filme "Shame"

O ator Michael Fassbender posa durante divulgação do filme "Shame", no Festival de Veneza (4/9/11) - Getty Images
O ator Michael Fassbender posa durante divulgação do filme "Shame", no Festival de Veneza (4/9/11) Imagem: Getty Images

NEUSA BARBOSA

Do Cineweb, de Veneza

04/09/2011 10h04

A nudez foi um dos temas dominantes na coletiva de imprensa do concorrente britânico “Shame”, do diretor e artista plástico Steve McQueen (que estreou como cineasta em 2008 com o filme “Hunger”). Na história, também escrita por McQueen, o protagonista é Brandon (Michael Fassbender, de “Bastardos Inglórios”), um homem viciado em sexo que tem um relacionamento com um toque incestuoso com a irmã, Sissy (Carey Mulligan, de “Educação”).

Ator de outro filme concorrente ao Leão de Ouro (“A Dangerous Method”, de David Cronenberg, em que interpreta o psicanalista Carl Jung), Fassbender se disse “confortável com as cenas de sexo”, que são muitas em “Shame”. Para ele, um segredo está em que “todos os atores estejam confortáveis” nesse tipo de situação. Outro segredo é poder atuar “como um “jogador de golfe, não fazendo jogadas demais”.

Quando uma jornalista australiana insistiu no tema do sexo, referindo-se a como a atriz Carey Mulligan (que não veio a Veneza) as encarou nas filmagens, o diretor McQueen foi mais incisivo: “A nudez é uma coisa natural, quem liga? Carey é uma atriz e encarou assim”.

Veto italiano a "Hunger"
Ironicamente, segundo o diretor, teriam sido as cenas de “nudez masculina frontal” de seu filme anterior, o político “Hunger” – que acompanha a biografia de Bobby Sands (o mesmo Michael Fassbender), líder do Exército Republicano Irlandês (IRA) -  as responsáveis por ele não ter sido distribuído comercialmente nos cinemas italianos, um tema que foi levantado por uma jornalista local. No Brasil, o filme, que venceu o prêmio Caméra d’Or em Cannes há três anos, também continua inédito em circuito comercial.


Voltando a “Shame”, que foi muito bem acolhido, com fortes aplausos na sessão para a imprensa e a indústria e na coletiva de imprensa, o diretor comentou ver algum vínculo entre ele e seu primeiro filme. “Também acho política a maneira como a internet mudou a vida das pessoas, inclusive sexualmente”. No filme, o protagonista vive compulsivamente conectado a sites pornôs.

Outra relação entre seus dois filmes foi assim enxergada pelo diretor: “Acho que a ideia da liberdade também os une. A diferença é como tanta liberdade que é oferecida a Brandon também pode aprisioná-lo”.

Como seu ator, McQueen também está em Veneza em dose dupla, já que está mostrando um trabalho seu na Bienal de Arte, que está em curso paralelamente ao festival de cinema. Modestamente, afirmou que é “ótimo ter esse reconhecimento” mas que, para ele, “é apenas trabalho”.