Topo

Filme sobre ex-prostituta que criou a Daspu terá "sexo, mas com bom gosto", antecipa diretor

Gabriela Leite, ativista social e criadora da grife Daspu - Bruno Veiga/Divulgação
Gabriela Leite, ativista social e criadora da grife Daspu Imagem: Bruno Veiga/Divulgação

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

13/09/2011 07h00

A cinebiografia da ex-prostituta Gabriela Leite será um retrato "realista" e "antropológico" sobre a ativista que criou a grife Daspu.

"Não vou me esquivar, é um filme que tem a prostituição como um dos temas, e vão ser necessárias cenas de sexo, mas tudo filmado com bom gosto", garantiu em entrevista ao UOL Entretenimento o diretor Caco Souza ("400contra1").

Com previsão de início de filmagens para o primeiro semestre de 2012, o roteiro - adaptado da biografia "Filha, mãe, avó e puta", publicada em 2009 - já teve aprovado o seu primeiro tratamento, assinado pela argentina Josefina Trota, mas ainda não tem um nome. "Com certeza vai ter a palavra Daspu. Todo mundo já ouviu falar da marca", antecipa Souza.

O diretor afirma ainda que está em negociações com a atriz Vanessa Giácomo ("Jean Charles") para o papel de Gabriela,  uma estudante de sociologia da USP que se torna prostituta. “Ela seria uma boa escolha”, concorda a própria Gabriela. “Eu a conheci na pré-estreia de ‘400 conta 1’, e a vejo agora na novela ['Morde & Assopra']. Ela é ótima, acho que pode fazer um trabalho muito bom.”

“A prostituição é um tema delicado, é preciso lidar com a questão com muito respeito e seriedade. A questão precisa de um tratamento sem hipocrisia, e muita honestidade e humanidade”, defende Gabriela, que além da Daspu, é criadora da ONG Davida, que defende os direitos das prostitutas.

Decidida a acompanhar de perto o trabalho de Souza, a ativista confessa que preferiu manter distância de outra história sobre prostituição levada às telas, "Bruna Surfistinha", que conta a vida da garota de programa Raquel Pacheco. “Foi uma questão de posição mesmo. Sou amiga da Bruna, gosto dela, mas não do livro. Para mim, ela se coloca numa posição de vítima. E eu discordo disso”, explica Gabriela.

Da Daspu à Calypso

Depois que finalizar o projeto sobre a Daspu, o diretor afirma que quer trabalhar em outro longa, sobre a banda Calypso. “Eu conheci o Chimbinha e a Joelma há dois anos quando filmava uma festa junina em Sergipe. A trajetória deles é interessantíssima, porque fizeram a fama e conquistaram fãs praticamente sozinhos, colocando suas músicas para tocar em alto-falantes em Belém”, justifica.

  • Caio Guatelli/Folhapress

    Joelma e Chimbinha, integrantes da banda Calypso

Ainda em fase de pesquisa, Souza explica que espera conversar bastante com Joelma e Chimbinha, além de fãs, para buscar  histórias para o longa. “Há uma simbiose muito grande entre a banda Calypso e o seu público, e isso tem que estar na tela.”

Segundo o cineasta, seu interesse é movido por histórias reais, como foi o caso de “400 contra 1”, que abordava o nascimento de uma facção criminosa no Brasil.

“Histórias de vida das pessoas me interessam, porque eu tenho curiosidade em entender um universo do qual eu faço parte”, conclui Souza, que entre outros projetos também prepara a adaptação de “Espírito Santo”, livro de Luiz Eduardo Soares (“Elite da Tropa”), Carlos Eduardo Ribeiro Lemos e Rodney Rocha Miranda, que combina ficção e fatos verídicos na investigação do crime organizado na capital capixaba.