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Documentário "O Mineiro e o Queijo" mistura gastronomia, tradição e economia

EDU FERNANDES

Colaboração para o UOL

29/09/2011 18h14

O queijo minas é um dos elementos mais marcantes da cultura do estado de Minas Gerais. Fora de suas fronteiras, os demais brasileiros só podem apreciar essa iguaria se for produzida de forma industrial, com leite pausterizado. O queijo minas artesanal feito de leite cru só pode ser comercializado dentro do estado, por causa de leis sanitárias da década de 1950.

Depois de estrear em Belo Horizonte no dia 23, o documentário “O Mineiro e o Queijo” entra em cartaz nesta sexta-feira em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Fortaleza, Juiz de Fora e Porto Alegre.

O filme não tenta ser imparcial na questão da defesa do queijo artesanal. O documentário mostra o lado dos pequenos produtores, que querem que o tradicional queijo minas artesanal possa ser consumido em todo o país, como são os queijos de leite cru feitos na Europa, por exemplo.

TRAILER DO FILME ''O MINEIRO E O QUEIJO''

No começo do século 21, novas leis ameaçavam acabar com toda a produção de queijo minas. Dentro de Minas Gerais, o produto foi salvo da extinção depois de ser reconhecido como patrimônio cultural. Leis estaduais mais leves garantem que o queijo minas chegue aos mercados de Belo Horizonte.

Além dos produtores, o documentário recolhe os depoimentos de historiadores, comerciantes, pesquisadores e autoridades envolvidos na questão. Há uma sequência que mostra a visita a uma indústria produtora de queijo com leite pausterizado, mas não é ouvida o seu lado da história.

O filme demonstra que as restrições de comercialização do queijo minas são resultado da ditadura sanitária originada nos Estados Unidos e do lobby das grandes indústrias. Essas empresas não estão interessadas na concorrência que teriam se o produto artesanal dividisse as gôndolas de supermercado com seus queijos.

Para temperar sua receita e o discurso não se restringir apenas a tecnicalidades de economia e sanitarismo, o documentário inclui informações históricas. As pequenas mudanças na forma como o queijo é produzido e as diferenças entre os tipos de queijo minas (cru, meia-cura e curado) adicionam fatos curiosos.

No entanto, o charme do filme está no discurso dos produtores. Com o típico sotaque e ritmo mineiros, as falas simpáticas mostram o amor que os homens do campo têm pelo fazer do queijo.

Como acontece com muitos filmes com elementos gastronômicos, é aconselhável não entrar na sala de cinema para ver “O Mineiro e o Queijo” com o estômago vazio.