Topo

Drama político que recorda a tortura da ditadura militar, "Hoje", de Tata Amaral, é o grande vencedor em Brasília

Cena do filme "Hoje", com Denise Fraga, vencedor na categoria "Melhor Filme" - Ding Musa/Divulgação
Cena do filme "Hoje", com Denise Fraga, vencedor na categoria "Melhor Filme" Imagem: Ding Musa/Divulgação

NEUSA BARBOSA

Do Cineweb, de Brasília

04/10/2011 00h33

"Hoje”, drama político da diretora paulista Tatá Amaral, foi o grande vencedor do 44º. Festival de Brasília – conquistando seis prêmios, inclusive o principal, melhor filme, que dá direito também à maior premiação em dinheiro, R$ 250.000,00. Além deste, “Hoje” levou os troféus de melhor direção de arte (Vera Hamburger), fotografia (Jacob Solitrenick), roteiro (Jean-Claude Bernardet, Rubens Rewald e Felipe Sholl), melhor atriz (Denise Fraga) e melhor longa para a crítica.

Denise Fraga voltou de São Paulo, onde está em temporada teatral, especialmente para receber seu Candango. Muito emocionada, a atriz tirou do decote do vestido um papel com um pequeno discurso – “para não esquecer” -, fazendo graça diante do espanto das pessoas com o tamanho das duas folhas, que parecia prenunciar uma longa fala. “Não é isso, gente, é que está escrito em letras grandes, tenho mais de 40 anos”, brincou Denise, conhecida por sua veia cômica mas aqui premiada por um papel dramático, de ex-presa política que recebe uma indenização.

A atriz lembrou “o preconceito que leva a pensar que atores que fazem comédia só podem servir a ela”. E elogiou a diretora Tata Amaral “pela liberdade e a coragem” de chamá-la para este papel.

Tata Amaral, por sua vez, preferiu fazer um pronunciamento mais político. Ao receber o último troféu, melhor filme, ela disse: “”Este é um prêmio que permite a um filme ser lançado. Ele vai ganhar o mundo”. Em seguida, manifestou-se para que “a Comissão de Justiça e Verdade se efetive, abrindo os arquivos. E que nunca mais haja tortura em nosso País”.

Rodrigo Santoro

O drama “Meu País”, de André Ristum (SP), já exibido no Festival de Paulínia e com estréia comercial marcada para o próximo dia 7, ganhou igualmente seis troféus: melhor direção, melhor ator (Rodrigo Santoro), melhor filme para o júri popular, melhor trilha sonora (Patrick De Jongh), montagem (Paulo Sacramento) e o prêmio Vagalume (um Candango que é dado por um júri de deficientes visuais) de melhor longa.

Muito emocionado, Rodrigo Santoro subiu ao palco do Cine Brasília, lembrando outro prêmio de melhor ator que recebeu aqui, 11 anos atrás, por “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodanzky. “Aquele prêmio foi transformador”, afirmou. Dizendo que “Meu País” é um filme que “fala do país interior que está dentro da gente”, dedicou sua premiação aqui ao seu próprio pai.

Uma dedicatória que foi imitada por André Ristum, ao receber seu prêmio de diretor, lembrando que o pai, Jirges Ristum, que foi amigo de Glauber Rocha e objeto de um premiado curta-metragem do filho, “De Glauber para Jirges”, “não está aqui e não teve oportunidade de ver o Brasil como ele é hoje”.

Troféus solitários

Três outros longas receberam cada um um único troféu. Foi o caso de “Trabalhar cansa”, de Juliana Rojas e Marco Dutra (SP) – que está, desde sexta (30), em cartaz em algumas capitais, menos Brasília - , vencedor do prêmio de melhor atriz coadjuvante para Gilda Nomacce.

Também foi este o caso do documentário “As Hipermulheres” (RJ/PE), vencedor do prêmio de melhor som para Mahajugi Kuikuro, Munai Kuikuro e Takumã Kuikuro. E do filme baiano “O homem que não dormia”, de Edgard Navarro, que levou o de melhor ator coadjuvante para Ramon Vane.

Saiu de mãos vazias o documentário “Vou rifar meu coração”, de Ana Rieper, que aborda o universo da música brega.

Abaixo, a premiação completa, com os respectivos prêmios:

FILME DE LONGA METRAGEM
 
Melhor filme - R$ 250.000,00
Filme: “Hoje”, de Tata Amaral
 
Melhor direção - R$ 20.000,00
André Ristum por Meu País
 
Melhor ator - R$ 5.000,00
Rodrigo Santoro por “Meu País”
 
Melhor atriz - R$ 5.000,00
Denise Fraga por “Hoje”
 
Melhor ator coadjuvante - R$ 3.000,00
Ramon Vane por “O homem que não dormia”
 
Melhor atriz coadjuvante - R$ 3.000,00
Gilda Nomacce por “Trabalhar cansa”
 
Melhor roteiro - R$ 5.000,00
Jean-Claude Bernardet, Rubens Rewald, Filipe Sholl por “Hoje”
 
Melhor fotografia - R$ 5.000,00
Jacob Solitrenick por “Hoje”
 
Melhor direção de arte - R$ 5.000,00
Vera Hamburger por “Hoje”
 
Melhor trilha sonora - R$ 5.000,00
Patrick de Jongh por “Meu País”
 
Melhor som - R$ 5.000,00
Mahajugi Kuikuro, Munai Kuikuro e Takumã Kuikuro pela captação de som direto de “As Hiper Mulheres”
 
Melhor montagem – R$ 5.000,00
Paulo Sacramento por “Meu país”
 
FILME DE CURTA METRAGEM
 
Melhor filme - R$ 20.000,00
“L”, de Thaís Fujinaga
 
Melhor direção - R$ 5.000,00
Thaís Fujinaga pelo filme “L”
 
Melhor ator - R$ 3.000,0o
Horácio Camandulle pelo filme “De lá pra cá”
 
Melhor atriz - R$ 3.000,00
Eloína Duvoisin por “A Fábrica”
 
Melhor roteiro - R$ 3.000,00
Ali Muritiba por “A Fábrica”
 
Melhor fotografia - R$ 3.000,00
André Miranda por “Imperfeito”
 
Melhor direção de arte - R$ 3.000,00
Raquel Rocha por “Premonição”
 
Melhor trilha sonora - R$ 3.000,00
Ilya São Paulo por “Ser tão Cinzento”
 
Melhor som - R$ 3.000,00
Kiko Ferraz por “De lá pra cá”
 
Melhor montagem - R$ 3.000,00
Wallacee Nogueira e Henrique Dantas por “Ser tão Cinzento”
 
FILME DE CURTA METRAGEM DE ANIMAÇÃO
 
Melhor filme de curta metragem de animação - R$ 20.000,00
Filme: “Céu, inferno e outras partes do corpo”, de Rodrigo John
 
PRÊMIO DO JÚRI POPULAR- para os filmes escolhidos pelo público, por meio de votação em cédula própria:

Melhor filme de longa metragem - R$ 20.000,00

E ainda

Prêmio Exibição TV Brasil – R$ 50.000,00
Filme: Meu país, de André Ristum
 
Melhor filme de curta metragem R$ 10.000,00

E ainda

Prêmio Exibição TV Brasil – R$ 10.000,00
Filme: A Fábrica, de Aly Muritiba

Melhor filme de curta metragem de animação R$ 10.000,00

E ainda

Prêmio Exibição TV Brasil – R$ 10.000,00
Filme: Rái sossaith, de Thomate
 
PRÊMIO SARUÊ
Conferido pela equipe de cultura do jornal Correio Braziliense.
Troféu Saruê
ROCK BRASÍLIA — ERA DE OURO, DE VLADIMIR CARVALHO.
 
PRÊMIO DA CRÍTICA
Troféu Candango
 
Melhor filme de longa metragem
Filme: “Hoje”, de Tata Amaral
 
Melhor filme de curta metragem
Filme: “L”, de Thaís Fujinaga
 
PRÊMIO VAGALUME
Troféu conferido por integrantes do projeto Cinema para Cegos
 
Melhor filme de longa metragem
Filme: Meu País, de André Ristum
 
Melhor filme de curta metragem
Filme: Imperfeito, de Gui Campos
 
Melhor filme de curta metragem de animação
Filme: Menina da Chuva, de Rosaria