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Sem cenas de nudez ou sexo, "Sudoeste" encanta plateia com fábula em preto e branco

Elenco de "Sudoeste", de Eduardo Nunes, se reúne na pré-estreia do filme, No festival do Rio (13/10/11) - AgNews
Elenco de "Sudoeste", de Eduardo Nunes, se reúne na pré-estreia do filme, No festival do Rio (13/10/11) Imagem: AgNews

MICHELE GOMES

Colaboração para o UOL, do Rio

14/10/2011 08h03

"Sudoeste" era um dos filmes mais esperados na Première Brasil do Festival do Rio. A explicação é simples: o longa-metragem recebeu elogios de crítica e público em todos os lugares onde foi exibido, em festivais nacionais e internacionais. E os comentários mostraram fazer sentido ao acender das luzes do cinema, com aplausos que pareciam não ter fim, para o filme que demorou dez anos para sair do papel por falta de verba.

O roteiro é original, já que relata uma fábula sobre uma menina que nasce, cresce, envelhece e morre no mesmo dia. Durante 128 minutos, os diálogos representam apenas 30% da composição, que tem na linguagem corporal o principal meio de transmitir mensagens aos espectadores. A fotografia, com estética em preto e branco, também recebeu comentários generosos, e o público parece ter saído satisfeito da exibição. O curioso é que, na contramão de grande parte dos filmes da mostra – como "O Abismo Prateado" e "Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios" – não existe nenhum momento de nudez ou sexo.

"Achei curioso que na Première Brasil vários filmes abordam a temática do tempo assim como no meu longa. Mas ‘Sudoeste’ tem um público diferente. A faixa etária é para maiores de 14 anos. Não tem nudez nem sexo ousado, porque quisemos trabalhar a sutileza e não cabia esse tipo de cena. Estou impressionado com o alcance que o filme tem tido. Pessoas de várias idades e diferenças culturais têm gostado muito", disse o diretor Eduardo Nunes, que já trabalha em um novo projeto inspirado no livro de Albert Camus "A morte feliz". "Só espero que não leve outros dez anos para sair do papel", completou.

Dira Paes é uma das personagens mais dramáticas do filme, ao interpretar a mulher que encontra Clarice e percebe que há algo de diferente nela.

"Antes de ver o filme, eu já gostava dele, porque foi feito com tanto carinho. Além disso, a recepção nos festivais de cinema de Gramado e Chicago foi excelente. Essa produção tem uma poesia visual. Eduardo faz um cinema único e ele conseguiu realizar vários sonhos", contou a atriz, que está na novela "Fina Estampa".

Por falar em Clarice, quem dá vida à personagem principal é Simone Spoladore. A atriz e Nunes já haviam trabalhado juntos em curtas-metragens. Mas Simone confessa que "Sudoeste", que custou R$ 1,1 milhão, foi a parceria mais importante.

"É incrível o que acontece com Clarice. Mas esse não é um filme convencional, porque se trata de uma fábula. É sutil e sensível. Foi um prazer fazer parte de um projeto tão artístico", comentou.