Com a bênção da filha de Guimarães Rosa, "A Hora e a Vez de Augusto Matraga" é lançado no Festival do Rio
A pré-estreia de "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", de Vinícius Coimbra, gerou um consenso na plateia que lotava o cinema Odeon para prestigiar a Première Brasil, na noite desta sexta-feira. Todos ficaram maravilhados com fotografia, atuação, trilha sonora e adaptação do conto homônimo de Guimarães Rosa. Mas uma das pessoas dentre os espectadores era ainda mais gabaritada para comentar o filme: Vilma Rosa, uma das filhas do poeta.
"Estou muito emocionada; chorei muito durante o filme. Posso assegurar que essa foi a melhor adaptação de um texto de meu pai já criada. A direção foi estupenda e o elenco maravilhoso. O mais interessante é que meu pai nunca conheceu o sertão, ele tirou essas histórias graças a uma imaginação fértil e aos causos que meu avô contava. Agora eu gostaria que alguém adaptasse 'Cara-de-bronze' para o cinema", disse Vilma à reportagem do UOL.
Ao final do filme, amigos e fãs correram para tietar e parabenizar José Wilker, que interpreta Joãozinho Bem-bem, um vilão que chega com jagunços ao sertão para impor sua própria lei. Ele é um dos destaques da produção, que ainda conta com Chico Anysio - a quem foi dedicada a exibição pelo diretor Coimbra, apesar de não ter comparecido.
"Eu não sei de onde vem a alma dos meus personagens. Acho que recebo um santo. Não sei explicar uma técnica de trabalho. E eu acho que nada é difícil, mas tudo é desafiador. Nenhum papel é mais complicado ou interessante que o outro. E eu não tenho preferência por fábulas, contos ou retratar a vida real. Eu prefiro fazer bons papéis e esse, com certeza, foi um dos melhores", contou o ator.
Coimbra, que chegou ao cinema já dizendo estar satisfeito por ter realizado o sonho de adaptar uma obra do qual é fã, pode comemorar aliviado a aceitação do público. O diretor trabalha na TV Globo com novelas e minisséries e, para o cinema, havia dirigido apenas dois curtas.
"Sou fã da literatura brasileira e já estava trabalhando no conto 'Campo Geral', mas fizeram a adaptação antes de mim. Fiquei inconsolável. Mas o conto sobre o Matraga é muito imagético e achei que ficaria perfeito no cinema. Além disso, eu me identifico muito com a história, que é sobre homens adultos. Estou satisfeito com o trabalho, que, para mim, ainda teve relações pessoais. Na época, eu era casado com a Vanessa (Gerbelli) e pude fazer direção de uma cena dela com nosso filho, que tinha dois anos".
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