Topo

"A melhor homenagem ao Leon é continuar fazendo a Mostra", diz Renata de Almeida, antes do início da abertura do evento nesta quinta (20)

NATALIA ENGLER

Do UOL, em São Paulo

20/10/2011 21h34

Com presença de convidados como os cineastas Cao Hamburger e Hector Babenco, além do prefeito Gilberto Kassab, a 35ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo começou oficialmente nesta quinta-feira (20), no Auditório Ibirapuera, com uma sessão para convidados do filme “O Garoto da Bicicleta”, dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne.

Antes de subir ao palco para iniciar a cerimônia, Renata de Almeida, diretora do evento e viúva de Leon Cakoff, falecido na semana passada em decorrência de câncer, falou a um grupo de jornalistas do qual o UOL Cinema fez parte. "É muito triste começar sem ele, mas acho que a melhor homenagem para o Leon é continuar fazendo a Mostra", disse ela.

Almeida adiantou que durante a cerimônia de abertura da 35ª edição da Mostra de SP seria exibido um pequeno filme em homenagem a Leon Cakoff, falecido há uma semana. "Acho que, para ele, essa é a missa de sétimo dia ideal", disse ela.

Sobre novidades de última hora, a diretora da Mostra avisou que vai haver uma exibição ao ar livre de "Amarcord", de Fellini, do lado de fora do Auditório Ibirapuera. O evento, que se realizará no domingo (30), às 20h, faz parte da retrospectiva em homenagem ao maestro Nino Rota.

A cerimônia

A cerimônia de abertura começou com a apresentação de um pequeno filme em homenagem ao criador da Mostra, Leon Cakoff, com cenas de entrevistas dele falando sobre o evento, de como o criou e qual sua importância para o cenário cultural brasileiro. Havia também depoimentos de Walter Salles, Rubens Ewald Filho e Abbas Kiarostami sobre Cakoff. Ao final, foi aplaudido de pé pela platéia. Em seguida, Renata Almeida subiu ao palco do Auditório Ibirapuera ao lado do apresentador Serginho Groisman, habitual host da cerimônia de abertura da Mostra nos últimos anos.

Groisman falou sobre as duvidas que existiam sobre a realização da 35ª Mostra com Cakoff doente. "Outubro é o mês do Leon, e é por isso que ele está aqui", completou ele. "Longa vida à Mostra de São Paulo" Muito emocionada, Almeida engasgou nas palavras ao agradecer a equipe que produziu o evento e aos patrocinadores e apoiadores.

A seguir, o crítico Rubens Ewald Filho e a apresentadora Marina Person continuaram a apresentação. Vestido com black-tie, Ewald Filho disse que o vestuário foi um pedido de Cakoff: "Ele pediu que eu apresentasse a Mostra usando smoking". Marina disse que "São Paulo é um lugar melhor por causa do Leon e da Mostra".

Antes da exibição do filme, o prefeito Gilberto Kassab subiu ao palco para o habitual discurso em prol dos eventos culturais de grande porte como a Mostra apoiados pela prefeitura da cidade. Recebeu algumas vaias pela falta de tato ao tratar das circunstâncias de sua presença na cerimônia.

Ewald Filho e Person anunciaram ainda que o Troféu Humanidade, concedido todos os anos ao cineasta que coloca na tela filmes com princípios humanistas, receberá a partir deste ano o nome de Troféu Humanidade Leon Cakoff.

Antes de arrematar os discursos da noite, os apresentadores chamaram ao palco Frances Kazan, viúva do cineasta Elia Kazan, que tem retrospectiva na Mostra deste ano, e Ewald improvisou uma tradução simultânea do inglês para o português, como faz nas transmissões do Oscar. "Elia certamente iria gostar de me ver representando-o aqui na Mostra de São Paulo", disse Kazan.

Ao encerrar a cerimônia, Ewald afirmou não temer pelo futuro da Mostra e de Renata de Almeida, que foi aplaudida de pé pelo público.