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Sem Leon Cakoff, 35ª Mostra de São Paulo investe em filmes de festivais internacionais

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

20/10/2011 07h00

Mesmo em um ano conturbado devido à doença e morte de seu criador, Leon Cakoff, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo reúne a partir desta quinta-feira (20) alguns dos filmes mais badalados e premiados dos grandes festivais internacionais deste ano. De Cannes vêm os dois ganhadores do Grande Prêmio do Júri: “O Garoto da Bicicleta”, dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, e “Era uma Vez na Anatólia”, de Nuri Bilge Ceylan, além de “Habemus Papam”, de Nanni Moretti, e “Pater”, de Alain Cavalier, entre outros. De Berlim, vêm filmes como “O Futuro”, de Miranda July (do cult “Eu, Você e Todos Nós”), e “Mundo Misterioso”, de Rodrigo Moreno (o mesmo diretor do elogiado “O Guardião”). E de Veneza, o ganhador do Leão de Ouro, “Fausto”, do russo Aleksander Sokurov, que deverá encerrar a Mostra, em 3 de novembro.

 


A Mostra começa nesta quinta-feira (20), com uma sessão para convidados do filme dos irmãos Dardenne, no Auditório Ibirapuera, onde deve também acontecer uma homenagem a Cakoff. A programação normal começa na sexta (21), em 22 salas.


Apostas e riscos
Como todo ano, o evento é uma chance de descoberta de filmes pequenos que dificilmente chegariam ao Brasil por outro meio. É possível, por exemplo, montar uma programação apenas de filmes com títulos curiosos, como o espanhol “A Alma das Moscas”, os brasileiros “A Alma Roqueira de Noel Rosa” e “Girimunho”, os italianos “La Boca del Lupo” e “Mozzarella Stories” e o norte-americano “A Verdadeira História da Marijuana”.

Para quem não quer arriscar, o tiro certo está nas retrospectivas, que trazem, além das obras do turco radicado nos Estados Unidos Elia Kazan, do georgiano Sergei Paradjanov e do russo Aleksei German, uma série de clássicos modernos, como “O Leopardo”, de Luchino Visconti, “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, “Taxi Driver”, de Martin Scorsese, “Despair”, de Rainer Werner Fassbinder, e “Cabra Marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho.

TRAILER DE "UMA RUA CHAMADA PECADO"


A retrospectiva de Elia Kazam traz boa parte da obra do diretor para a programação da 35ª Mostra. É uma oportunidade rara de ver na tela do cinema filmes como “Clamor do Sexo”, “Sindicato de Ladrões”, “Uma Rua Chamada Pecado” e “Terra de um Sonho Distante”. Além dos filmes do cineasta, morto em 2003, faz parte do evento “Uma Carta para Elia”, uma verdadeira declaração de amor de Martin Scorsese à obra do diretor que virou maldito ao denunciar membros do Partido Comunista durante a perseguição macartista, na década de 1950. A viúva do diretor, a escritora Frances Kazan, virá para o festival.

Além dos filmes emblemáticos do diretor georgiano Sergei Paradjanov (1924-1990), como “A Cor da Romã” e “A Lenda da Fortaleza de Suran”, a Mostra trará uma exposição de colagens e desenhos do cineasta que ficará em cartaz no MIS (Museu da Imagem e do Som). Já o russo Aleksei German ganha uma retrospectiva com seis longas produzidos entre as décadas de 1970 e 1990 – muitos deles premiados em festivais internacionais e censurados pelo regime stalinista. Na seleção estão “Meu Amigo Ivan Lapshin”, e “Vinte Dias sem Guerra”.

Brasileiros e eventos especiais

  • Divulgação

    Camila Pitanga interpreta uma prostituta no filme "Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios"

Também figuram na programação alguns dos filmes brasileiros mais aguardados do ano – alguns premiados em festivais e que em breve chegam ao circuito nacional. “Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios”, dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca, rendeu a Camila Pitanga, na última terça (18), o prêmio de melhor atriz no Festival do Rio. Enquanto o documentário “As Canções”, de Eduardo Coutinho, conquistou o prêmio de melhor filme na sua categoria no mesmo evento.

“O Palhaço”, que rendeu a Selton Mello prêmio de direção no Festival de Paulínia, em julho passado, terá uma pré-estreia durante a Mostra. Misto de documentário e ficção, “O Céu sobre os Ombros”, do mineiro Sérgio Borges, vencedor do principal prêmio do Festival de Brasília de 2010, também está na programação.

Livro de Scorsese

  • Getty Images

    O diretor Martin Scorsese

Além dos filmes, como todo ano, a Mostra conta com eventos especiais. Alguns deles já fazem parte do calendário do festival, como o “Filmes da Minha Vida”, um bate-papo com personalidades do mundo da cultura que comentam seus filmes preferidos. Neste ano participam cineastas como Jorge Furtado, Laís Bodanzky, Eduardo Coutinho, Selton Mello e Beto Brant.

Junto com a editora Cosac Naify, a Mostra lançará o livro de entrevistas “Conversas com Scorsese”, escrito pelo crítico norte-americano Richard Schickel, que virá a São Paulo no final do evento. A obra é uma longa conversa com o diretor, que comenta não apenas filme a filme de sua carreira, mas fala também de sua infância, adolescência e de seu lado cinéfilo.

Vários diretores, brasileiros e estrangeiros, participam de debates após as sessões de seus filmes. Para acompanhar a programação desses eventos, basta acessar o site oficial da Mostra, que também traz sinopses de todos os filmes.