Topo

Documentário desvenda relação entre narcotráfico e zoológico pessoal de Pablo Escobar

Cena do filme de animação "Os Hipopótamos de Pablo Escobar" - Divulgação
Cena do filme de animação "Os Hipopótamos de Pablo Escobar" Imagem: Divulgação

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

21/10/2011 12h30

O título do documentário é curioso: “Os Hipopótamos de Pablo Escobar”. À primeira vista, poderia até ser entendido como alguma metáfora ou simbologia, mas não, o filme de Antonio Von Hildebrand e Lawrence Elman é realmente sobre os hipopótamos do lendário chefão colombiano do tráfico internacional, morto em 1993.

Depois de vários anos afastado de sua terra natal, o colombiano Von Hildebrand retorna para investigar a ascensão e queda de Escobar e o seu discutível legado para o mundo – uma rede de tráfico internacional e um zoológico em sua Fazenda Nápoles com diversos animais exóticos, como girafas  e zebras vindos de diversas partes do mundo, que ficaram abandonados depois de sua prisão. O maior problema deste zoo, no entanto, foram os hipopótamos. Animais gigantescos e caros para serem mantidos, eles também se reproduzem com certa rapidez, além de terem expectativa de vida que pode chegar a 60 anos em cativeiro. Para piorar, nenhum zoológico do mundo se interessou por eles – o que levou o governo colombiano a tomar decisões drásticas, cogitando inclusive matá-los.

Já o tráfico internacional, que fez Escobar famoso e temido no mundo tudo, é investigado a fundo por Von Hildebrand e Elman, que traçam um paralelo entre um hipopótamo macho alfa e o traficante. O filme mergulha nos mecanismos de funcionamento de um cartel, detalhando como o tráfico de drogas se espalhou pelo mundo.

Há também uma visão satírica e crítica, uma vez que o documentário tem como fio condutor e narrador o próprio hipopótamo alfa, que aparece sob forma de uma animação excelente, assinada por Antonio Caballero, Juan Manuel Acuña e Carlos Alarcón. Escobar, como deixam claro alguns entrevistados, era o próprio macho alfa que, cercado de dinheiro e poder, seduzia quantas mulheres quisesse.

As entrevistas incluem sua irmã, Alba Escobar, o jornalista Mark Bowden – autor do livro “Matando Pablo” – e até um matador que trabalhou para o traficante e está preso. Fica claro, em vários momentos, que os colombianos se dividem entre aqueles que respiram um pouco mais aliviados desde a morte de Escobar, e outros que sentem sua falta por verem nele uma espécie de protetor.

O diretor Von Hildebrand saiu da Colômbia na adolescência, depois que uma bomba foi encontrada na sua escola e seus pais acharam melhor morarem em outro país. Por isso, o documentário revela-se, de certa forma, como uma espécie de busca do cineasta para redescobrir sua terra natal e entender tudo aquilo que deixou para trás.

 


OS HIPOPÓTAMOS DE PABLO ESCOBAR

21/10 - 16h - CINE SABESP (Rua Fradique Coutinho, 361, Pinheiros)

22/10 - 17h30 - MIS  - MUSEU DA IMAGEM E DO SOM (Avenida Europa, 158, Jd. Europa)

23/10 - 19h30 - ESPAÇO UNIBANCO POMPÉIA 1 (Rua Turiassu, 2100, 3° Piso, Pompéia)

28/10 - 19h30 - ESPAÇO UNIBANCO 3 (Rua Augusta, 1475, Cerqueira César)

01/11 - 14h - CINEMATECA - SALA BNDES (Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino)