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Representante sérvio no Oscar fala sobre sonho de participar da Copa de 1930; veja outros filmes sobre futebol na Mostra

Cena da produção sérvia "Montevidéu - O Sonho da Copa", de Dragan Bjelogrlic - Divulgação
Cena da produção sérvia "Montevidéu - O Sonho da Copa", de Dragan Bjelogrlic Imagem: Divulgação

NEUSA BARBOSA

Do Cineweb

28/10/2011 00h05

O futebol, esporte favorito dos brasileiros, está por trás do maior sucesso recente de bilheteria na Sérvia. Trata-se de “Montevidéu - O Sonho da Copa”, de Dragan Bjelogrlic, que foi visto por 600 mil espectadores em seu país, onde um filme bem-sucedido não costuma ultrapassar 20 mil ingressos vendidos.


Coroando o sucesso comercial, o longa também foi indicado como representante da Sérvia para concorrer a uma das nove vagas do Oscar de filme estrangeiro. Nada mau para o filme que marca a estreia do ator Dragan no longa-metragem, depois de atuar em mais de 40 filmes, incluindo “Bela Aldeia, Belas Chamas” (1996), que ganhou um prêmio na 20ª Mostra de São Paulo. Mas, naquela ocasião, o ator não veio ao Brasil. Esta é a primeira vez que visita São Paulo, que o impressionou: “Já estive em Pequim, em Hong-Kong. Mas São Paulo é diferente. É enorme!”.

A história do filme, que reconta a formação da primeira seleção iugoslava para concorrer na primeira Copa do Mundo da história, realizada em 1930, no Uruguai, baseia-se em fatos reais. “Basicamente, é uma história real, mas poucas pessoas a conheciam, já que aconteceu há mais de 80 anos atrás”, explica o diretor. “Eu queria fazer um conto de fadas baseado numa história real. Todos os personagens do filme são verdadeiros, com seus nomes e tudo. E agora voltam a ser lembrados, por conta do filme. No meu país, as pessoas esquecem tudo muito rápido”, lamenta. Nenhum dos jogadores retratados está vivo. O último morreu há 15 anos. Mas seus filhos viram o filme e ficaram felizes com a homenagem.

Dragan sentiu que esta era a história que queria dirigir. “Há anos eu procurava algo assim, um melodrama poético sobre meu país. Foram feitos muitos filmes de guerra, muitos filmes depressivos, sobre as misérias da vida. Pessoalmente, como ator, atuei em vários deles. Num certo período, eles eram até necessários. Agora eu acho que é tempo de algo novo, diferente. Eu queria fazer um filme com confiança na vida, confiança nas pessoas, o que eu acho que é necessário não apenas no meu país. Acho que em toda a Europa oriental há uma fome desse tipo de história”.

O diretor é um grande fã de futebol. Mas acha que não terá tempo de assistir a nenhum jogo. “É pena, porque o Brasil é o melhor do mundo”. No Uruguai, cenário do filme, ele esteve recentemente, por conta do planejamento da sequência desta história que, por conta do sucesso desta primeira parte, vai ser filmada a partir de janeiro de 2012.

Oscar
Quanto às expectativas levantadas pela possibilidade de concorrer ao Oscar, o diretor é cauteloso: “Você nunca sabe. Fico muito feliz, promove o filme, mas não tenho grandes sonhos”.

Uma das razões para este ceticismo é que seu filme não é o que se costuma esperar como típico do leste europeu. “Por isso, muitos gostam dele, outros não. Alguns acham que filmes como este somente deviam ser feitos por Hollywood, ou pelos italianos, ou espanhóis. Puro preconceito. Não é típico mesmo, mas no Festival de Moscou ganhamos prêmio de público. A reação foi quase a mesma que na Sérvia. Por algum motivo, costuma haver aplausos nas sessões”.

Documentário brasileiro
Um outro filme sobre futebol, o documentário brasileiro “Sobre Futebol e Barreiras”, de João Carlos Assumpção, Arturo Hartmann, Lucas Justiniano e José Menezes, também aborda, como o filme sérvio, a paixão pelo esporte entremeada pelos obstáculos da política. Durante a Copa do Mundo da África do Sul, os diretores viajaram ao Oriente Médio, entrevistando judeus e palestinos.

O documentário retrata uma série de situações curiosas, como as divisões entre os torcedores, influenciadas pelas suas diferenças internas – como num jogo entre Alemanha e Argentina, em que os palestinos passam a preferir os alemães, já que os israelenses judeus torcem pelos argentinos.

FILMES SOBRE FUTEBOL NA MOSTRA DE SÃO PAULO

Montevidéu - O Sonho da Copa
(Montevideo, Bog Te Video!, Sérvia, 2011) De Dragan Bjelogrlic. Com Milos Bikovic, Petar Strugar, Nina Jankovic. 140 min.
O concorrente sérvio a uma indicação ao Oscar mostra o esforço do time iuguslavo para ir à Copa de 1930
Quando
Sex. (28), às 22h10, no Frei Caneca Unibanco Arteplex 1 (shopping Frei Caneca - r. Frei Caneca, 569, 3º piso, tel. 0/xx/11/3472-2362); sáb. (29), às 22h10, no Frei Caneca Unibanco Arteplex 2; seg. (31), às 18h, no Frei Caneca Unibanco Arteplex 5
Sobre Futebol e Barreiras
(Brasil, 2011) De João Carlos Assumpção, Arturo Hartmann, Lucas Justiniano e José Menezes. 110 min.
O documentário aborda o conflito Palestina-Israel tendo a Copa de 2010 como pano de fundo
Quando
Qua. (2), às 17h, no Reserva Cultural 1 (av. Paulista, 900, Térreo Baixo, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3287-7858); Qui. (3), às 15h40, no Espaço Unibanco Pompeia 1 (Bourbon Shopping - r. Turiassu, 2100, 3º Piso, Pompeia, tel. 0/xx/11/3673-3949)
O Vira-Casaca
(Skrzydlate Swinie, Polônia, 2011) De Anna Kazejak. Com Pawel Malaszynski, Cezary Pazura, Olga Boladz. 99 min.
O fim de um time de futebol muda a vida de quatro torcedores fanáticos
Quando
Sex. (28), às 19h20, no Espaço Unibanco Pompeia 1 (Bourbon Shopping - r. Turiassu, 2100, 3º Piso, Pompeia, tel. 0/xx/11/3673-3949); sáb. (29), às 23h30, no Cine Livraria Cultura 2 (Conjunto Nacional - av. Paulista, 2073, Cerqueira César, 0/xx/11/3285-3696); seg. (31), às 18h30, no Cine Sabesp (r. Fradique Coutinho, 361, Pinheiros, tel. 0/xx/11/5096-0585)

A programação está sujeita a alterações.