Gillian Anderson diz que está "com dedos cruzados" para que haja novo filme "Arquivo X"
Gillian Anderson é a primeira a brincar sobre a "maldição das agentes" que paira sobre a sua carreira – uma herança da personagem Dana Scully da série "Arquivo X". "A minha sorte é que eu gosto de me reinventar", brinca a atriz americana, disposta a retomar nas telas o papel da agente do FBI especializada em casos paranormais. "Os produtores estão discutindo um terceiro longa de ‘Arquixo X’. Estou com os dedos cruzados", diz. O longa está prometido para ser lançado no final de 2012.
Reconhecida ao redor do mundo como Scully, que interpretou de 1993 a 2002, ao lado de David Duchovny (como Fox Mulder), Gillian pode ser vista atualmente na pele de outra agente. Desta vez, com sotaque inglês, ao viver a chefe do MI7, fictício serviço de espionagem britânico, no longa "O Retorno de Johnny English". Pamela (codinome Pégasus), sua personagem, é forçada a recrutar o agente atrapalhado vivido por Rowan Atkinson para impedir o assassinato de um líder mundial. O filme, que estreou na última sexta-feira (28) no Brasil, já arrecadou mundialmente mais de US$ 110 milhões. "O mais difícil nas filmagens foi não cair na gargalhada diante das palhaçadas de Rowan." Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
UOL - Como foi satirizar o universo dos agentes, considerando a fama que Dana Scully lhe deu?
Gillian Anderson - Foi divertido! Por ser uma comédia, Pégasus é completamente diferente de Dana Scully ou mesmo de Kate Fletcher, outra agente da minha galeria. Sim, acredite se quiser, mas interpreto mais uma agente, agora do MI5 (o oficial serviço britânico de informações), no filme "Shadow Dancer" (thriller dirigido por James Marsh, atualmente em pós-produção, com estreia prometida para 2012). Como eu jamais reclamaria do legado de Scully, encaro como um desafio interpretar personagens que poderiam ser parecidas de um jeito diferente.
UOL - Você se inspirou em Judi Dench (famosa por interpretar "M" nos últimos filmes de James Bond) para criar Pégasus?
Gillian Anderson - Apesar de eu entender a comparação, confesso que precisaria rever os filmes de 007 para dizer se estou imitando Judi de alguma forma. Nas minhas lembranças, Judi é capaz de controlar todos ao seu redor com um simples sussurro. Quando ela abre a boca, o mundo pára e todos ouvem com atenção. Já Pégasus precisa fazer muito mais esforço para manter o controle no seu escritório...
UOL - Foi difícil seguir com a carreira depois de Scully?
Gillian Anderson - Não muito. No Reino Unido e na Europa eu recebo convites para personagens nada parecidos com Scully. Como em "Um Louco Apaixonado" (2008) e "Boogie Woogie" (2009), além de séries de TV. Mas reconheço que nos EUA e provavelmente no resto do mundo a situação é diferente. Talvez os produtores e os diretores pensem que eu não tenho nada a oferecer, a não ser que encarne uma agente. Mas provo que eles estão errados, se me derem uma chance (risos).
UOL - Sente falta da época de "Arquivo X"?
Gillian Anderson - Fico melancólica quando converso com as outras pessoas envolvidas na série, como David (Duchovny), que é meu amigo. Se não tivesse tido a oportunidade de revisitá-la, no segundo longa-metragem ("Arquivo X - Eu Quero Acreditar", lançado em 2008), talvez sentisse mais falta.
UOL - Há uma chance de sair mesmo o terceiro longa (o primeiro, "Arquivo X – O Filme", foi lançado em 1998)?
Gillian Anderson - Sim. Os produtores já nos avisaram que existe a possibilidade de um novo longa. Se o projeto vingar, claro que eu topo, mesmo correndo o risco de o publico me achar redundante (risos).
UOL - No teatro, você tem a chance de diversificar mais, não? Como na peça "Casa de Bonecas", de Ibsen, onde interpretou Nora (em 2009, no West End londrino)?
Gillian Anderson - Foi justamente para isso que eu me mudei para a Inglaterra, quando a série "Arquivo X" acabou. Como o público do teatro é outro, os produtores têm mais facilidade em me desassociar da imagem de Scully. O problema são os meus ataques de pânico... (risos).
UOL - Como assim?
Gillian Anderson - Sou uma pessoa muito ansiosa. Antes de entrar no palco, fico apavorada. Depois, melhoro. Na noite de abertura, é sempre a mesma coisa: acho que vou ter um ataque do coração. Depois, passo a temporada toda me torturando: "Por que eu me meti nisso?" Mas, no final, a experiência é mais satisfatória do que dolorosa. Faço meditação, o que me ajuda muito.
UOL - Isso não acontece num set de filmagem?
Gillian Anderson - Não. Quero dizer, só no primeiro dia. O chato é que no primeiro dia eu sempre acabo rodando uma cena muito importante, como a minha personagem assinando os papéis do divórcio, por exemplo (risos). Se puder escolher, prefiro filmar primeiro as cenas mais triviais, caminhando por um corredor ou algo assim. Eu realmente preciso de tempo para me ajustar. Felizmente, não sou a única. Trabalhei recentemente com o ator Donald Sutherland, que exige, em contrato, que as suas duas primeiras semanas de filmagem estejam na segunda parte do filme. E ele tem razão! Se você estiver bem na primeira metade, ganha o público, mesmo que a sua atuação piore um pouco na segunda parte. Já o contrário não dá certo. Uma pena eu não ter ainda esse poder todo para colocar isso no meu contrato também. Um dia talvez...
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