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Carey Mulligan seduz a América e pode ser indicada duplamente ao Oscar

A atriz inglesa Carey Mulligan durante o Hollywood Awards Gala, em Beverly Hills, na Califórnia (24/10/11) - Mario Anzuoni/REUTERS
A atriz inglesa Carey Mulligan durante o Hollywood Awards Gala, em Beverly Hills, na Califórnia (24/10/11) Imagem: Mario Anzuoni/REUTERS

ANA MARIA BAHIANA

Especial para o UOL, de Los Angeles

09/11/2011 07h00

Quando, em 2009, Carey Mulligan foi indicada para Oscar, Globo de Ouro e muitos outros prêmios por “Educação”, a impressão que se tinha, na indústria, é que ali estava uma estreante vinda praticamente do nada. Não era verdade: Carey tinha pelo menos  quatro anos de trabalho profissional no cinema e, principalmente, no teatro, sua primeira e, até hoje, maior paixão. “Nada substitui a experiência do teatro”, ela diz. “O fato de você estar criando aquela personagem e compartilhando a experiência com pessoas, ao vivo, noite após noite, não pode se comparar com coisa alguma, nem mesmo o melhor filme”.

Em 2011, Carey arrisca repetir o desempenho de três anos atrás. Seus dois papéis deste ano – a frágil Irene de “Drive”, de Nicolas Winding Refn, e a atormentada Sissy de “Shame”, de Steve McQueen – estão entre os mais comentados e elogiados da temporada. Carey pode ser indicada duplamente para o Oscar, como coadjuvante por “Drive” e melhor atriz por “Shame”.

“Seria maravilhoso, é claro, mas não penso nisso quando escolho papéis”, ela explica. “Em cada personagem eu procuro algo que me faça ir além, que me tire da minha área de conforto, que me desafie.”
 

FILMES

  • Divulgação

    "Educação" (2009), de Lone Scherfig

  • Divulgação

    "Drive" (2011), de Nicolas Winding Refn

  • Divulgação

    "Shame" (2011), de Steve McQueen

A paixão pela carreira de atriz começou na escola, um prestigioso internato para meninas em Surrey, na Inglaterra, onde Carey teve seu primeiro papel principal, numa produção do musical “Sweet Charity”. Quando o ilustre dramaturgo e roteirista Julian Fellowes ministrou uma aula no internato, Carey foi atrás dele depois da palestra, pedindo conselhos. A primeira resposta foi desanimadora – “Ele disse que era uma vida muito difícil, e que eu faria melhor em me casar com um advogado” – mas Carey persistiu.

Em 2004, depois de alguns anos de insistente correspondência, Fellowes apresentou Carey ao produtor de elenco do filme “Orgulho e Preconceito”, que procurava uma jovem atriz para o papel de Kitty, a irmã caçula da protagonista Elizabeth, vivida por Keira Knightley (as duas se tornaram grandes amigas e, cinco anos depois, dividiram a tela em “Não Me Abandone Jamais”).

Televisão e teatro se seguiram, e, em 2007, Carey obteve um papel que define como “o mais marcante, o essencial na minha vida”: a aspirante a atriz Nina, numa produção do Royal Court Theater de “A Gaivota”, de Tchecov. “Eu tinha 21 anos e Nina se tornou minha personagem favorita. Fomos para a Broadway com a montagem e, na última noite, eu fiquei absolutamente devastada. Saber que eu ia dizer aquelas palavras pela última vez com aquele elenco me deixou arrasada. Acho que todos os papéis que procurei, depois disso, são de personagens que ecoam Nina, que são como primas de Nina”. Sissy, a complicada protagonista de “Shame”, irmã do igualmente complexo Brandon de Michael Fassbender, é, nas palavras de Carey “a prima mais próxima de Nina”.

“Foi o que disse a Steve [McQueen, diretor] na nossa primeira reunião. Eu estava procurando uma personagem que me fizesse sentir do mesmo modo como eu me senti em ‘A Gaivota’ – o mesmo abandono, a entrega completa de Nina. Eu disse a ele que estava pensando em por uma tatuagem de gaivota no meu pulso e ele me disse: ‘Se você fizer a tatuagem, o papel é seu’”.

Carey tem uma pequena gaivota tatuada em seu pulso direito, e diz que, de fato, entregou-se completamente à direção de McQueen, confiando em seu “senso estético, o modo cuidadoso como explora o corpo humano, de uma forma anatômica e não sensacionalista”, para as muitas cenas sexualmente carregadas do filme, que incluem nu frontal.

A agenda continua lotada: neste momento, Carey está na Austrália filmando “O Grande Gatsby”, de Baz Luhrman, com Leonardo DiCaprio. A seguir, volta aos Estados Unidos como parte do elenco de “Inside Llewyn Davies”, dos irmãos Coen, sobre a cena folk de Nova York nos anos 1960. “Eu não sei muita coisa sobre a personagem [ela fará Jean, esposa do músico interpretado por Justin Timberlake], mas quando os irmãos Coen convidam para um projeto, eu digo sim”, ela ri. “E eu ainda nem estive com eles pessoalmente, só falamos pelo telefone!”

“Shame” estreia nos Estados Unidos em 2 de dezembro e ainda não tem data para chegar ao Brasil. “Drive” tem estreia no país prevista para o início de janeiro.