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Tom Cruise não quis dublê para cena em que escala o prédio mais alto do mundo, conta diretor de "Missão Impossível: Protocolo Fantasma"

Tom Cruise escala o prédio mais alto do mundo, em Dubai, em cena de "Missão Impossível: Protocolo Fantasma" - Divulgação
Tom Cruise escala o prédio mais alto do mundo, em Dubai, em cena de "Missão Impossível: Protocolo Fantasma" Imagem: Divulgação

NATALIA ENGLER

Da Redação

14/11/2011 07h00

Depois de dirigir "Ratatouille" (2007) e "Os Incríveis" (2004), animações premiadas com o Oscar, Brad Bird se arrisca com um filme de ação ao vivo, com atores de carne e osso.

O diretor foi o escolhido para comandar o quarto filme da franquia "Missão: Impossível", mais uma vez protagonizada por Tom Cruise, que também produz o longa, ao lado de J.J. Abrams ("Lost").

Em "Missão Impossível : Protocolo Fantasma", que tem estreia no Brasil programada para 23 de dezembro, o agente Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe são obrigados a cair na ilegalidade depois de serem responsabilizados por um ataque ao Kremlin.

Em entrevista por telefone ao UOL Cinema, Bird, que está finalizando o filme, falou sobre os desafios de dirigir uma produção de grandes proporções e contou como foi trabalhar com Tom Cruise e J.J. Abrams.

UOL - Como você foi convidado para dirigir "Missão Impossível : Protocolo Fantasma"?
Brad Bird -
Conheço J.J. [Abrams] há alguns anos e estávamos procurando uma oportunidade para trabalhar juntos.Vínhamos falando sobre outro projeto por algum tempo, mas não estava acontecendo. Então eu disse ao J.J.: "o que está rolando?". Ele respondeu: "Missão: Impossível". Parecia ótimo para mim. Eu conheci o Tom [Cruise] depois de "Os Incríveis" e nós nos demos muito bem. Então, foi uma oportunidade de trabalhar com ambos.

UOL - É sua primeira vez dirigindo um filme de ação ao vivo (com atores reais). Como foi? Foi uma mudança difícil?
Bird -
Foi. Era um filme grande, tivemos um calendário apertado e cenas complicadas de filmar. Mas quando dirijo uma animação digital, de certa maneira, tenho que me mover, filmar e posicionar iluminação virtual como se estivesse em um set. Não foi um salto tão grande quanto se eu tivesse feito isso logo após "O Gigante de Ferro",  meu primeiro filme, que é uma animação convencional.

TRAILER DE "MISSÃO IMPOSSÍVEL: PROTOCOLO FANTASMA"


UOL - Para você, quais foram os desafios de dirigir esse filme?
Bird -
Os maiores desafios foram físicos. Nós tivemos que viajar bastante e tínhamos uma agenda muito agressiva. Mas deu certo porque tínhamos uma grande equipe e todo mundo estava cooperando para o sucesso do filme.

UOL - Você já ganhou dois Oscars de animação com "Ratatouille" (2007) e "Os Incríveis" (2004). Isso criou um pouco de pressão quando você começou esse novo projeto?
Bird -
A gente está sob pressão toda vez que inicia um novo projeto. A gente quer fazer o melhor trabalho, contar a história da melhor maneira possível. É sempre um grande desafio. Eu não costumo pensar em prêmios nestes momentos.

UOL - Como produtor, qual foi a contribuição de J.J. Abrams para "Missão Impossível: Protocolo Fantasma"?
Bird -
Ele estava muito envolvido no desenvolvimento do roteiro. J.J. e Tom se reuniram com Josh Appelbaum e Nemec André, os roteiristas, e trabalharam no roteiro. Discutimos juntos o que o filme seria durante todo o processo de desenvolvimento. Ele não estava presente durante as filmagens porque estava trabalhando em "Super 8", mas voltou mais tarde e deu sua opinião sobre os cortes e as coisas que tínhamos filmado. Eu gosto muito do trabalho dele.

UOL - Como foi trabalhar com Tom Cruise? Ele estrelou os três filmes anteriores, como ele contribui para este?
Bird -
Eu não tinha trabalhado com ele antes, mas todos que eu conhecia que tinham trabalhado ficavam impressionados. Ele estava muito envolvido com o projeto e foi exigente, mas gentil com todos. Tom não só trabalhou no roteiro, mas também tinha algumas coisas que queria deste "Missão Impossível" que eram diferentes dos anteriores. Ele também é um dos produtores e, por isso, não é só o protagonista, mas também se envolveu na tomada de decisões. Seu conhecimento era tão extenso e ele tem tanta experiência. Foi incrível trabalhar com ele. Além disso, compartilhamos muitas opiniões sobre cinema - temos ideias semelhantes sobre quem nós gostamos e quem nos inspira.

UOL - Como vocês filmaram a cena em que Tom tem que escalar o edifício mais alto do mundo, em Dubai? Ele usou dublês?
Bird -
Nós filmamos no prédio mesmo. Contamos com uma cooperação incrível em Dubai. Tivemos acesso ao edifício e pudemos colocar câmeras pelas janelas e tudo mais. Fisicamente, foi a cena mais desafiadora do filme. E é Tom mesmo que está lá, em todas as tomadas. Ele gostou, queria fazer. Dissemos que ele não precisava fazer, mas ele queria. Estou muito feliz com o resultado. A outra coisa que eu gosto sobre essa parte do filme - por volta do meio - é que a escalada é apenas uma parte da sequência, e é um trecho em que o humor e o ritmo oscilam o tempo todo.
 

BASTIDORES DO FILME "MISSÃO IMPOSSÍVEL: PROTOCOLO FANTASMA"


UOL - Você está planejando trabalhar em outro filme de "Missão Impossível"?
Bird -
Eu? Não! [risos] Eu acho que uma das coisas que são divertidas sobre essa franquia é que eles sempre trazem um novo diretor. Em cada filme, um novo diretor chega e dá sua visão à história. Acho que eles vão continuar nessa linha.

UOL - Chegou a sair na imprensa que você poderia fazer uma sequência de "Os Incríveis". Você está trabalhando nisso?
Bird -
Eu não diria que estou pensando nisso, mas, desde que fizemos o primeiro filme, temos falado no assunto. Mas, para mim, a única motivação de fazer uma sequência é se eu tiver uma boa história. Tem que ser um filme que tenha valor sozinho. Não vou fazer uma sequência só por fazer. Acho que ninguém precisa disso.