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Leonardo DiCaprio conta que ficou "a cara da avó" para fazer "J. Edgar"; veja a transformação

ANA MARIA BAHIANA

Especial para o UOL, de Los Angeles

16/11/2011 07h00

Um dos maiores desafios de "J. Edgar", o novo filme de Clint Eastwood sobre a vida do criador e primeiro diretor do FBI, era tornar Leonardo DiCaprio, Armie Hammer e Naomi Watts semelhantes a suas contrapartidas na vida real: J. Edgar Hoover, seu assistente (e possível  namorado) Clyde Tolson e sua fiel secretária, Helen Gandy. Mais que isso, todos os personagens precisavam envelhecer ao longo do filme, dos vinte e poucos anos de suas cenas iniciais aos mais de 70 das sequências que marcam o fim da vida de Hoover, que faleceu em 1972.

"Partimos sempre das estruturas ósseas dos atores", explica Siam Grigg, supervisor de maquiagem especial de "J. Edgar". "No caso específico de Leo, que tem mais tempo na tela, dedicamos um time especialmente para ele. Sua estrutura facial não é semelhante à de Hoover mas, é uma ótima estrutura, capaz de suportar bem as próteses de látex. Era um desafio e tanto, nossa meta não era replicar Hoover mas criar uma semelhança forte o bastante para não tirar a atenção da plateia."

Confira a transformação do personagem de DiCaprio:

  • Leonardo DiCaprio em cena de "J. Edgar", de Clint Eastwood

Mesmo para viver o jovem Hoover, DiCaprio foi obrigado a passar por transformações: lentes de contato castanhas, cabelos tingidos de louro escuro, alterações na linha de crescimento do cabelo. "Tivemos que arrancar alguns cabelos para criar uma testa mais quadrada, mas ele cooperou sem reclamar", diz a cabeleireira Kadhy Blondell. O ator também teve próteses aplicadas em torno da boca e no pescoço  e uma inserção dentro do nariz para torná-lo mais largo.

"Não foi confortável", DiCaprio confessa. "Mas é parte do ofício. Quando um ator pode se ver no espelho fisicamente transformado, é uma grande ajuda para a performance."

Este era apenas o começo. Para as sequências em que Hoover, Clyde e Helen entram pela meia idade e velhice, mais truques físicos foram empregados. DiCaprio fez um bravo esforço para ganhar peso, sem muito sucesso : "Na meia idade, Hoover era pelo menos 20 quilos mais pesado que eu, e não consegui engordar a tempo tudo o que precisava", diz. A solução, realizada em conjunto pelo departamento de maquiagem e figurino, foi criar uma série de roupas de baixo acolchoadas nos lugares certos."

O rosto ganhou uma nova série com mais de 100 apliques de látex transformando DiCaprio no Hoover dos anos 1960 e 70 ou, segundo o ator, "minha avó".  "Assim que eu me vi com a maquiagem desse período, eu fiquei a cara da minha avó."

 

"Minha mulher chorou"

Armie Hammer, cujo personagem não apenas envelhece mas sofre um acidente vascular cerebral (AVC), ficou impressionado com o processo. Em "A Rede Social" os efeitos digitais multiplicaram Hammer nos dois gêmeos Winklevoss, mas aqui, ele diz com admiração, "o processo foi muito mais complexo. Cirurgiões plásticos foram consultados para saber como exatamente os músculos do meu rosto cairiam, como meu nariz se transformaria."

  • Divulgação

    J. Edgar Hoover (Leonardo DiCaprio) e Clyde Tolson (Armie Hammer) em "J. Edgar"

Hammer ficou impressionadíssimo com o resultado, mas foi sua esposa (a jornalista Elisabeth Chambers) que teve a reação mais radical. "Ela começou a chorar!", Hammer conta. "Aos soluços! Achei que ela estava chocada, mas ela me disse que não. Estava comovida, porque viu que eu seria um velho muito bonito no futuro."

A criação da secretária Helen Gandy foi mais difícil, tanto para a equipe de maquiagem quanto para Naomi Watts. "Existem muito poucos registros de Helen", Naomi conta. "Trabalhamos com apenas duas fotos dela que não eram de boa qualidade, mas pelo menos podíamos ver que ela tinha cabelo castanho e, possivelmente, olhos castanhos também. Nossa preocupação foi não exagerar e criar um rosto mais monstruoso que verídico. Fizemos fotos de alguns parentes que tenho com mais de 90 anos, para dar aos técnicos uma base de como, geneticamente, nosso rosto envelhece. Mas creio que foi o trabalho de transformação feito de forma mais conservadora no projeto."

Leonardo DiCaprio tem a melhor definição de como era trabalhar debaixo de todas as camadas de efeitos prostéticos que ajudaram a criar os personagens de J. Edgar: "Era claustrofóbico. Era como estar dentro de uma armadura. Era preciso estar consciente o tempo todo da tendência do corpo humano para enrijecer quando colocado num espaço confinado. Eu me pegava andando e me movendo como uma estátua, e tinha que praticar muito para me mover normalmente. Mas eu sabia que era o preço a ser pago por um desempenho realista."

Veja o trailer legendado de "J. Edgar"