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"Ele é um pouco canalha, sem vergonha", diz Antonio Banderas sobre "Gato de Botas"

Salma e Banderas posam ao lado do "Gato de Botas" no lançamento do filme no Brasil (18/11/11) - Roberto Filho e Philippe Lima / AgNews
Salma e Banderas posam ao lado do "Gato de Botas" no lançamento do filme no Brasil (18/11/11) Imagem: Roberto Filho e Philippe Lima / AgNews

FABÍOLA ORTIZ

Colaboração para o UOL, do Rio

18/11/2011 13h13

A animação 3D “Gato de Botas” é uma versão contemporânea e “fresca” da história e passa longe de ser uma continuação do Shrek, disse nesta sexta (18) o ator Antônio Banderas, que veio ao Rio de Janeiro para o pré-lançamento do filme que estreia nos cinemas no próximo 9 de dezembro. “Algumas pessoas devem pensar que o "Gato de Botas" é uma espécie de continuação do "Shrek", um Shrek 5, mas não é, nunca foi. Foi criado num universo diferente, separado", contou Banderas, que chegou ao país acompanhado pela atriz Salma Hayek, a voz da gata Kitty Pata-Mansa no filme.

O ator espanhol fez a dublagem da voz do "Gato de Botas", personagem principal da história contada em 3D. Banderas começou a trabalhar a voz para o personagem em 2002, quando fez as dublagens para o personagem que integrou o elenco da série de animações "Shrek".  “Quando "Shrek 2" competiu no Festival de Cannes, a plateia reagiu muito bem com o gato que se transformou num grande personagem. É um personagem multicolorido, com muitas facetas, da dor, da amizade, é um pouco canalha, sem vergonha. Essas partes ocultas me divertem, eu curto muito. É um personagem que gostei muito e viajo com ele há 10 anos já”, disse Banderas.

Para o ator, era preciso desenhar um filme que fosse “novo, diferente, com frescor e separado do Shrek” para que o filme tivesse a sua própria personalidade e estilo. “Para que tivesse uma separação do universo medieval e do próprio Shrek”. Segundo ele, o filme faz uma reflexão sobre a amizade, a traição e o perdão. Na animação, Banderas contracena com Salma Hayek, que faz a voz da heroína Kitty. Além da versão americana, os dois fizeram dublagens para o mercado latinoamericano em espanhol e outra para o mercado italiano. "Não me atrevi a fazer uma versão em português, porque para mim é difícil falar português ainda que eu goste muito do idioma”, brincou.

ASSISTA AO TRAILER DUBLADO

Antonio Banderas, que nos últimos dois anos trabalhou com diretores como Woody Allen e Pedro Almodóvar, disse que gosta de fazer diferentes gêneros do cinema e participar de produções de estilos variados. “Sinto prazer quando vou de um estilo para outro. Neste ano quase tive uma metáfora, fui da transparência de um gato de botas, um personagem divertido, até o negro, a grande escuridão do filme de Pedro Almodóvar ‘A pele que habito’. Ainda estou tentando procurar a minha própria personalidade como diretor. Quando dirijo, noto que sou mais eu quando faço um personagem. Quando sou ator, eu represento as ideias de outras pessoas”, refletiu.

"Walter Salles é um mentor para mim"

Em sua primeira visita ao Brasil, a mexicana Salma Hayek disse que tem o diretor Walter Salles "como mentor" e que tentou trabalhar com ele quando produziu e protagonizou a cinebiografia "Frida", sobre a controvertida vida da artista plástica Frida Kahlo. “Nos tornamos bons amigos, tenho por ele um grande carinho”, disse Salma ao lembrar o período do filme (2002). “Em algum momento o Walter Salles ia dirigir "Frida", trabalhamos muito em torno do filme. Ele me segurou a mão e fizemos muitas oficinas sobre a estrutura do roteiro, a visão do filme. Ele continua a me ajudar, um pouco de Frida é do Walter Salles por tudo que ele me ensinou”, contou.

Salma também vive a sua primeira experiência na dublagem e disse que curtiu construir a personagem heroína Kitty Pata-Mansa. “É a primeira vez que eu estava colocando a voz, dublando um filme. Foi um pouco difícil, eu estava assustada porque não tinha referência nenhuma. Gostei muito desse trabalho porque o diretor me convidou para criar uma personalidade do personagem. Foi muito divertido, as improvisações eram muito divertidas e eu gosto muito de brigar”, brincou Salma ao referir a sua parceria com o Antonio Banderas.

“Ele me respondia e a gente ia brigando. Normalmente, não se faz a dublagem juntos, mas nós fizemos e foi uma coisa que contribuiu com muito frescor para a relação que a minha gatinha (Kitty) tem com esse gato aí”, riu Salma ao referir a parceria que fez com Antonio Banderas que interpretou o gato de botas, personagem principal.

Cultura latina

O desenho animado é ambientado numa cidade no México chamada San Ricardo e, ao longo da animação, há muitas alusões à cultura latina como danças e expressões. Salma brincou com os jornalistas ao dizer que da próxima vez “a gente vai fazer uma dublagem em português e fazer com que os gatos dancem samba”. Sobre a sua personagem Kitty Pata-Mansa, a atriz mexicana declarou que é "uma personagem feminista". "É importante que as meninas tenham uma heroína que é tão boa com a espada e não espera o herói salvá-la, aliás é ela quem vai salvar o herói. Nos filmes são os homens que tem que salvar a gente, e Kitty não se deixa dobrar, é segura de si mesmo, não é melodaramática como nas novelas. Na vida real são as mulheres que salvam os homens”.