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Às vésperas de 4º filme, trilogia "Jurassic Park" chega às lojas em Blu-ray; veja mitos e verdades sobre dinossauros

O ator Sam Neill vive o paleontólogo Alan Grant em cena de "Jurassic Park 3" - Divulgação
O ator Sam Neill vive o paleontólogo Alan Grant em cena de "Jurassic Park 3" Imagem: Divulgação

MARCUS VINÍCIUS BRASIL

Em São Paulo

25/11/2011 13h08

Na introdução de "Jurassic Park - Parque dos Dinossauros" (1993), o paleontólogo Alan Grant, vivido por Sam Neill, diz que não se surpreende que Velociraptors tenham "aprendido a voar", enquanto observa um fóssil do bicho. Sua teoria, ironizada pelos colegas escavadores, era de que os dinos evoluíram para se transformar em aves.

Novidade para o grande público na época, a ideia de que galinhas descendem do Tiranossauro se transformou em senso comum com o passar da década, e poucos duvidam dela atualmente.

Dezoito anos após o lançamento do primeiro filme, a trilogia "Jurassic Park", de Steven Spielberg, chega às lojas brasileiras em formato Blu-Ray neste mês de novembro, com a mesma atualidade daquele começo de anos 1990. Suas teorias bem fundamentadas e modelos realistas (agora o T. Rex ruge em alta definição em sua TV) ainda fazem o espectador se perguntar: por que ninguém pensou nisso antes? Por que é tão difícil trazer um dinossauro de volta à vida?

Espinossauro em cena de "Jurassic Park 3"

"Jurassic Park", baseado na obra de Michael Crichton, continua atual porque as teorias que sustentam seu roteiro são razoáveis do ponto de vista científico. Na trama, um milionário do ramo do entretenimento investe sua fortuna num projeto para recuperar o DNA dos animais pré-históricos, conservados no corpo de mosquitos fossilizados em pedras de âmbar.

Mesmo danificadas, as moléculas tinham suas lacunas preenchidas por material genético de rãs, possibilitando a criação de embriões de Velociraptors, Dilofossauros e todo tipo de monstrengo com dentes afiados. Daí para construir um parque temático numa ilha exótica da Costa Rica...

"A história faz sentido, do ponto de vista teórico, mas é preciso saber muito mais sobre o funcionamento do código genético para a técnica dar certo", diz Reinaldo José Lopes, editor de Ciência e Saúde da "Folha de S. Paulo" e autor do livro "Muito Além de Darwin". A realidade é que nunca foram encontradas moléculas preservadas de DNA dinossauro, apenas proteínas (geralmente colágeno, presente nos ossos e pele fossilizados).

O material orgânico se deteriora rapidamente, mesmo em condições excepcionais de preservação. Pelo mesmo motivo, exemplares de mamutes congelados (bem mais conservados que qualquer ossada escavada no deserto) nunca produziram um clone.

Lançado em 1993, o primeiro "Jurassic Park" embarcava numa teoria que começou a ganhar força em meados dos anos 1980, para se tornar dominante no começo dos 1990 – de que os dinossauros não eram, afinal de contas, lagartos antissociais, lentos e estúpidos, como se acreditava até então.

Os animais retratados por Spielberg eram espertos (abriam portas e reconheciam falhas nas cercas elétricas do parque), andavam em bandos e alcançavam até 100 km/h numa corrida (o matemático vivido por Jeff Goldblum atestou isso de perto, na cena em que foge de jipe de um T. Rex em plena disparada).

No material extra reunido no Blu-Ray, explica-se de onde vem o fundo científico da série. Nas cenas, reunidas em pequenos documentários, fala-se sobre o trabalho do paleontólogo Jack Horner, uma das maiores autoridades no assunto, como consultor do filme – o personagem de Alan Grant é, em parte, inspirado nele.

Horner pesquisa até hoje uma maneira de recriar os animais. Sua mais recente empreitada pretende estimular em galinhas características perdidas de seus ancestrais – cauda, dentes e garras, manipulando seu código genético num tipo de engenharia reversa.

“É interessante ver como os dinossauros evoluíram ao longo da trilogia. No primeiro filme, os Velociraptors aparecem com a pele descoberta. No terceiro, eles já têm penas sobre a cabeça e cantam para se comunicar”, diz Lopes.

Com todo esse material em mãos, foi só Spielberg empacotar a história com cenas de ação de encher os olhos (e agarrar a poltrona), repletas de detalhes curiosos e difíceis de esquecer. O copo de água tremendo com os passos do T. Rex, o celular tocando no estômago do Espinossauro, os raptores perseguindo as crianças na cozinha do parque...

Não é de se espantar, portanto, que a trilogia esteja às vésperas de ganhar um quarto episódio. Depois de faturar cerca de US$ 2 bilhões em bilheteria, estabelecer novos padrões do uso da computação gráfica no cinema e definir a imagem dos dinossauros na cultura pop, "Jurassic Park" ganhará mais um filme. Em entrevistas recentes, Spielberg confirmou que o roteiro já começou a ser escrito. O diretor estima que o longa saia até 2015.

Para quem ainda é fascinado por essas criaturas, a notícia é boa: a dinomania parece não ter data para acabar.