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Depois do Globo de Ouro, "Os Descendentes" e "O Artista" assumem dianteira da corrida pelo Oscar

George Clooney com seu Globo de Ouro de melhor ator em drama por "Os Descendentes" (15/1/12) - AFP
George Clooney com seu Globo de Ouro de melhor ator em drama por "Os Descendentes" (15/1/12) Imagem: AFP

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles

16/01/2012 22h17

Com as vitórias nos Globos de Ouro nest domingo (15), "Os Descendentes", de Alexander Payne, e "O Artista", de Michel Hazanavicius, assumiram a dianteira na disputa para o Oscar 2012.


O impacto dos resultados dos Globos certamente será maior sobre as indicações – que vamos conhecer no próximo dia 24 – do que nos resultados finais dos prêmios da Academia. Os dois grupos de votantes são diferentes demais para que os prêmios correspondam: 90 jornalistas estrangeiros e 6 mil profissionais de cinema veem filmes de modo muito diverso. Além disso, entre os Globos, neste domingo, e o Oscar, no dia 26 de fevereiro, existem sete semanas de renovado e intenso corpo a corpo com os votantes da Academia, estabelecendo novos favoritos.

Mas os resultados dos Globos na área de cinema são importantes, sim: eles chegam aos eleitores do Oscar no momento em que estão com as cédulas nas mãos, tendo que escolher entre 300 e tantos filmes que, com certeza, não viram. Os vitoriosos de domingo  e os de 26 de fevereiro possivelmente serão diferentes --eles tem divergido em 80% das vezes nos últimos dez anos, coincidindo apenas com as lavadas de "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei", em 2003, e a de "Quem Quer Ser um Milionário?", em 2008.

  • Divulgação
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    Cenas dos filmes "Os Descendentes" (alto) e "O Artista"


Mas esperem listas muito parecidas de indicações no próximo dia 24. Os Globos, na verdade, há muito tempo tem dez indicados para melhor filme – 5 como drama e 5 como comédia ou musical – e os mesmos títulos  devem estar nos indicados do Oscar.

A solução dos Globos, contudo – dar prêmios diferenciados às duas categorias – não é possível no Oscar. Isso quer dizer que um filme independente cem por cento norte americano em equipe, elenco, locação e material de origem, estará disputando o Oscar, cabeça com cabeça, com uma produção francesa que, ainda por cima, é sem diálogo e preto e branco. Não me lembro de uma disputa tão bizarra e empolgante na temporada de prêmios.

"Histórias Cruzadas", que ficou apenas com o Globo de melhor atriz coadjuvante para Octavia Spencer, tem mais chances no Oscar. Viola Davis, derrotada nos Globos por Meryl Streep (por "A Dama de Ferro"), deve ter mais votos na Academia, onde Meryl várias vezes foi indicada e morreu na praia.

Prevejo outra divergência importante na categoria melhor diretor --há alguns anos os Globos têm preferido distribuir láureas entre vários filmes; este ano, Martin Scorsese foi lembrado por "A Invenção de Hugo Cabret", que não ficou com nenhum outro prêmio. O Oscar, pelo contrário, costuma consolidar seu favoritismo em um ou dois filmes, com o “melhor filme” levando igualmente diretor e roteiro (adaptado no caso de "Os Descendentes", original no caso de "O Artista").

E é bem possível que numa outra categoria haja completa coincidência: filme estrangeiro, onde o iraniano "A Separação" consolidou de vez, com seu Globo de Ouro, o posto de franco favorito.