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"É a primeira vez que tenho um parceiro criativo de verdade", diz Spielberg sobre Peter Jackson

Os cineastas Steven Spielberg (esq.) e Peter Jackson (dir.) posam para fotos durante a Comic-Con, em San Diego. Eles apresentaram o filme "As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne" (22/7/11) - AP
Os cineastas Steven Spielberg (esq.) e Peter Jackson (dir.) posam para fotos durante a Comic-Con, em San Diego. Eles apresentaram o filme "As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne" (22/7/11) Imagem: AP

Edu Fernandes

Do UOL, em Cancún*

17/01/2012 07h00

A jornada de Tintim das páginas das HQs do artista belga Hergé até as telas do cinema foi longa. “As Aventuras de Tintim” estreia no Brasil nesta sexta-feira (20), mas a relação de Steven Spielberg com o personagem vem desde o começo da década de 1980, quando a imprensa europeia comparou “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981) com os álbuns belgas. “Depois de Indiana Jones, eu pesquisei sobre os livros do Tintim”, disse Steven Spielberg em coletiva de imprensa realizada em Cancún, no México. “Li todos e os achei fantásticos”.

Na nova animação, Tintim investiga mensagens deixadas dentro de uma miniatura de navio que ele comprou em um mercado. Ao decifrar o significado do poema, o jornalista espera deparar-se com um grande mistério que renderá um artigo de jornal.

O filme só chega agora aos cinemas porque Spielberg esperou que a tecnologia de captura de movimentos e de animação estivessem satisfatoriamente avançadas para que conseguisse respeitar o visual dos quadrinhos. Para ajudá-lo na empreitada, o cineasta contou com a ajuda do Peter Jackson, que produz o filme. “Sou um grande fã de Peter, especialmente depois de 'O Senhor dos Anéis', confessa Spielberg. “É a primeira vez que tenho um parceiro criativo de verdade”.


Tintim não é um personagem conhecido nos Estados Unidos, mas a situação é diferente na Nova Zelândia, onde Peter Jackson cresceu lendo seus HQs. “Eu sabia que Spielberg tinha os direitos há bastante tempo”, declarou Peter. “Como fã, eu estava esperando há vinte anos para que Steve fizesse esse filme. Foi uma grande aventura para nós dois como fãs de Tintim”.

Algumas decisões importantes foram tomadas pela dupla desde a pré-produção. “Eu queria honrar Hergé, por isso eu fiz Tintim em animação”, diz Spielberg. “Decidimos desde o começo fazê-lo em 3D, porque é mais fácil com animação em computação gráfica do que com atores de carne e osso”, declara Jackson, de olho na qualidade da produção. “É apenas mais uma ferramenta. Projeções em 3D não irão transformar filmes ruins em filmes bons”.

Com a tecnologia de captura de movimentos, o diretor usa atores de carne e osso durante as gravações. As atuações são transformadas em dados e a animação é criada por computadores. “Eu gosto de experimentar coisas novas, como em 'Jurassic Park' com os dinossauros em computação gráfica”, justifica Spielberg.


“Steven estava fazendo gravações como em um filme tradicional”, explica Peter Jackson, que define as filmagens de “As Aventuras de Tintim” como “uma ação ao vivo em um mundo virtual”.

Spielberg enxerga vantagens no processo de captura de movimentos. “Eu tinha o controle de outras partes do filme, inclusive da iluminação”, relata. “Todas as frustrações, como esperar pela luz certa do dia, ficaram para trás”.

O único “ator” que Spielberg não conseguiu dirigir no set de “As Aventuras de Tintim” foi o cachorro de estimação do protagonista. “Esse cachorro é tão humano quanto os outros personagens”, afirma. “No set, Milu era um pedaço de cartolina”.

* O jornalista viajou a Cancún a convite da Sony Pictures

SPIELBERG E PETER JACKSON FALAM SOBRE "AS AVENTURAS DE TINTIM"