Drama sobre bordéis que concorreu à Palma de Ouro em Cannes tem pré-estreia em São Paulo
Depois de concorrer à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2011, chega nesta sexta (20) às salas paulistanas, em pré-estreia, o drama francês "L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância", que aborda a vida das mulheres em um bordel parisiense do fim do século 19.
O drama abre ao espectador as portas de um mítico casarão fechado, onde mora uma dúzia de prostituas, entre elas "a mulher que sempre ri", ferida por um cliente perverso que deixou em seu rosto duas terríveis cicatrizes que prolongam seus lábios.
O diretor de "L'Apollonide", o francês Bertrand Bonello, disse durante o Festival de Cannes que, quando estava redigindo o roteiro, surgiu em sua memória a lembrança do romance de Victor Hugo, "O Homem que Ri", que conta a história de um homem mutilado, com uma máscara de alegria que representa a humanidade deformada, maltratada, negada.
"Amo as putas", repete um dos clientes do bordel neste filme que leva o público, em uma viagem imaginária, a este mundo decadente dos bordéis retratados por Toulouse-Lautrec e outros pintores, e do qual muitos contos de Guy de Maupassant tratam.
"Em geral, os pintores e escritores desta época vão aos bordéis e dão o ponto de vista masculino sobre as prostitutas, mas o que me interessava era o olhar das mulheres sobre os homens que as visitavam. Quis mostrar a decadência, o inelutável fim desse mundo", explicou o diretor.
O filme oscila entre o documentário e a ficção, entre a crônica e o romance, entre a reconstrução estética desse mundo decadente e sua crítica implícita, entre o mundo fechado como uma prisão e o local de prazer dos burgueses.
O cineasta contou que se inspirou na pintura e na literatura francesas do século 19, assim como em arquivos policiais e documentos "científicos", especialmente um estudo sobre a suposta reduzida capacidade cerebral de prostitutas e criminosos.
Bonello, que também é músico e compositor, tem uma reputação incendiária na França por causa de seus filmes anteriores, entre eles, "O Pornógrafo", com Jean-Pierre Leaud, e "Tirésias", sobre um transexual brasileiro que reinterpreta o mito do adivinho grego cego que foi, sucessivamente, homem e mulher.
(Com AFP)
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