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"Queremos continuar com a animação desenhada à mão", diz técnico que converteu "A Bela e a Fera" para o 3D

Cena da animação "A Bela e a Fera", que será relançado em fevereiro de 2012 em 3D - AP
Cena da animação "A Bela e a Fera", que será relançado em fevereiro de 2012 em 3D Imagem: AP

Gabriela Albuquerque

Do UOL, em São Paulo

31/01/2012 07h00

No que diz respeito ao 3D, não espere da Disney nada que contrarie a natureza técnica de suas animações feitas à mão por artistas que, durante anos e anos, têm deixado impresso nas produções do estúdio o estilo de desenho que espectadores de todo o mundo não ousam confundir.  Se pretendem apostar futuramente em técnicas como live action nas animações? Nem pensar.

“Definitivamente, existe um sentimento entre nós, tanto na Disney quanto na Pixar que, criativamente, queremos continuar com a animação desenhada à mão. É nosso estilo. Você pode ver outros filmes como Tintim, que usam captura de movimento, e se você olhar pra eles vai notar que há um estilo diferente. Onde estamos hoje, em questão de estilo, vamos continuar com a  animação manual”, conta Robert Neuman, em entrevista por telefone à reportagem do UOL. Neuman foi o profissional da Disney responsável por todo o processo de conversão para o 3D tanto de "O Rei Leão", que foi relançado no ano passado, 17 anos depois de sua versão original – e, também, de “A Bela e a Fera”, que chega ao Brasil nesta sexta-feira (3).

A conversão dos dois títulos contou com um trabalho minuscioso para preservar o aspecto artístico das versões originais. "Sem perdas", garante o profissinal.

FERRAMENTA x RECURSO

Embora muita gente ainda torça o nariz para o crescimento dos filmes em três dimensões, reclame que os óculos obrigatórios nos filmes incomodam e que a dor de cabeça depois da sessão é inevitável, “O Rei Leão”, reinou absoluto nas bilheterias nacionais e internacionais com muitos milhões de dólares arrecadados. Segundo Neuman, o segredo está justamente em não usar a tridimensionalidade apenas como uma ferramenta da moda.

“Tanto em ‘O Rei Leão’ quanto agora, em ‘A Bela e a Fera’, não usei o 3D apenas como uma tecnologia, só para transformar o filme em 3D, mas sim como um recurso que pudesse ajudar a contar a história. Fiz de forma orgânica, de modo que se tornasse parte do filme”, explica. E continua: “Se você ouvir a trilha sonora de um filme verá que a intensidade dela reflete a intensidade emocional da narrativa do filme em diferentes momentos. A mesma coisa serve para o uso da profundidade no 3D. Ela também serve para espelhar o conteúdo emocional do filme”, compara.

Portanto, para uma cena que exija maior envolvimento do espectador, espere profundidade em maior escala. Para os momentos mais neutros, em menor. Em “A Bela e a Fera”, Neuman revela que um dos momentos em que há maior exploração do recurso é aquela em que Bela declara seu amor pela Fera e a liberta de sua maldição. O clímax do filme, é claro.

ESTREIA NO BRASIL

Depois de 10 meses de trabalho e a dedicação de 30 artistas, “A Bela e a Fera” em 3D chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (3). Para a Disney, segundo Neuman, a  maior conquista da conversão é dar ao público a oportunidade de, mesmo que já tenha visto o filme cem vezes, de vê-lo de novo com outros olhos, como se estivessem assistindo a ele primeira vez”.

Se o Rei Leão conquistou seu merecido trono - o topo das bilheterias nacionais e internacionais - , e nele permaneceu durante semanas seguidas quando ganhou sua versão 3D, Bela, a princesa corajosa da Disney, parece que precisará da mesma garra que teve para enfrentar a Fera em sua história e, por fim, conquistar sua merecida coroa. Estreou em 2º lugar no ranking dos Estados Unidos e, na semana seguinte, foi direto para a 9ª posição. Vamos esperar para ver como será no Brasil.