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Destaque deste domingo em Berlim, documentário explica a arte do chinês Ai Weiwei pelo seu engajamento

Cena do documentário "Ai Weiwei: Never Sorry" - Divulgação
Cena do documentário "Ai Weiwei: Never Sorry" Imagem: Divulgação

Alessandro Giannini

Do UOL, em Berlim

12/02/2012 22h40Atualizada em 12/02/2012 22h52

Exibido neste domingo (12) na mostra Berlinale Special, o documentário "Ai Weiwei: Never Sorry" foi um dos destaques do dia fora da corrida pelos Ursos de Ouro e Prata no Festival de Berlim 2012. A pré-estreia mundial foi no Festival de Sundance, em janeiro deste ano, onde foi muito bem recebido.

O filme acompanha a trajetória do artista que se tornou um símbolo da luta pela liberdade de expressão e pela transparência na China.

Dirigido pela americana Alison Klayma não tenta fazer uma análise da obra por meio da história do artista. Apenas centra foco na trajetória pessoal dele e de seu engajamento, o que por si só explica muito de sua arte.

Klayma começou a filmar Weiwei em 2008, logo após ter concebido o estádio olímpico Ninho de Pássaro, em Pequim, e sua posterior denúncia dos Jogos Olímpicos como propaganda do Partido Comunista, fato que o transformou em uma figura internacionalmente conhecida pela primeira vez. Os anos que se seguiram foram ainda mais transformadores. Sem nunca ter usado um computador antes de 2005, Weiwei começou um blog notável pela sua franqueza e opiniões politicamente incendiárias.

O governo chinês fechou o blog em 2009, mas ele já havia se estabelecido como um símbolo - um papel que continua a desempenhar por meio do Twitter. No mesmo ano, Weiwei abriu sua maior exposição individual no museu de Munique, na Alemanha. E, depois de jurar a vida inteira que não queria filhos, também se tornou pai. Em 2011, ele foi preso sem acusação formal e ficou desaparecido por mais de 80 dias.
Quando finalmente voltou para casa, avisou à imprensa que estava em condicional e proibido de dar entrevistas ou se comunicar por meio de redes sociais.

"Never Sorry" mostra esse arco temporal de forma franca e aberta, inclusive questionando Weiwei sobre sua relação extraconjugal e o aparecimento súbito de um filho. As obras do artista, seus conceitos e significados vêm a reboque de sua condição como ser humano engajado. E assim não foi preciso gastar muito tempo com críticos de arte e explicações abstratas. Sua história explica sua obra.