Em "Shadow Dancer", Andrea Riseborough e Clive Owen mostram os dois lados de uma guerra urbana

Neste domingo (12), Clive Owen e Andrea Riseborough fizeram o papel das celebridades do dia no Festival de Berlim 2012. Eles interpretam os protagonistas de "Shadow Dancer", longa de ficção de James Marsh, premiado diretor do documentário "O Equilibrista". Ambientado na Irlanda do Norte, no início dos anos 90, o filme mostra uma jovem mãe solteira que decide cooperar com um agente do MI5, o serviço secreto britânico, em troca de liberdade e a chance de ver o seu filho crescer. Faz parte da mostra competitiva, mas não concorre aos Ursos de Ouro e Prata.

No filme, Riseborough interpreta Colette McViegh, a jovem mãe solteira de que decide colaborar com o serviço secreto para continuar ao lado de seu filho. Vítima de um trauma da guerra urbana entre o IRA e os britânicos, ela praticamente cresce dentro da organização junto com os dois irmãos. A atriz, que também faz o papel de Wallys Simpson em "W.E.", de Madonna disse que acompanhou o conflito pelos jornais, com óbvia parcialidade do ponto de vista britânico. "Tinha medo de ir para a Irlanda", disse a atriz ao UOL, durante entrevista coletiva na tarde de domingo. "Mas não tinha ideia da extensão da verdade, que era cuidadosamente mantida longe do nosso conhecimento."

Clive Owen é Mac, o agente britânico do MI5 que coopta Colette como informante do serviço secreto britânico e depois passa a temer por sua vida quando percebe que a estão usando como isca. "Eu acompanhei pelo noticiário", disse o ator, mais cuidadoso com as palavras. "Mas lembro que em uma ocasião viajei para Belfast e vi algumas fotos daquela época. Foi quando percebi que não rfaz muito tempo que tudo isso aconteceu."

O filme se passa durante o período de negociações entre o governo inglês e o Exército Republicano Irlandês (IRA). A tensão ainda existia, mas havia disposição de resolver o conflito entre as duas partes. Apesar disso, o serviço secreto britânico continuava investigando, pagando informantes e fazendo prisões, e a organização clandestina irlandesa seguia planejando ataques e fazendo vítimas. "Na verdade, a questão política já foi discutida em outros filmes", respondeu Marsh. "O que nos interessava aqui eram os laços familiares, como ficavam as pessoas comuns que eram pegas no meio disso tudo."

"Shadow Dancer" é inspirado em romance do jornalista Tom Bradby, que trabalhou como correspondente da TV na Irlanda do Norte durante essa fase do conflito. "O bom se ser jornalista em casos como esse é que você consegue ter acesso aos dois lados", explicou ele, durante a entrevista. "A minha ideia ao escrever o romance era mostrar a incrível quantidade de informantes, de dinheiro e de informações cruzadas que estavam por trás de todos os aspectos políticos."