Topo

Em Berlim, Billy Bob Thornton diz que se continuar dirigindo será filmes como "Jayne Mansfield's Car" e não o próximo "Star Trek"

Cena do filme "Jayne Mansfield"s Car", de Billy Bob Thornton - Divulgação
Cena do filme "Jayne Mansfield's Car", de Billy Bob Thornton Imagem: Divulgação

Alessandro Giannini

Do UOL, em Berlim

13/02/2012 13h47

Ambientado no fim dos anos 1960, logo após o início da Guerra do Vietnã, "Jayne Mansfield's Car" mostra como várias gerações de uma família foram afetadas por diversos conflitos ao longo da História. Dirigido por Billy Bob Thornton, reúne no elenco Robert Duvall, John Hurt, Robert Patrick e Kevin Bacon, além do próprio diretor. E tem boas chances de figurar entre os premiados da mostra competitiva em Berlim, a julgar pela boa recepção do filme tanto na sessão para a imprensa quanto na disputada entrevista coletiva concedida pelo diretor, atores e produtores na manhã desta segunda (13).

No Alabama, estado conservador ao Sul dos Estados Unidos, Jim Caldwell (Robert Duvall) é um pecuarista de sucesso com uma bela casa, três filhos adultos e uma filha. Dois de seus filhos, Skip (Billy Bob Thornton) e Carroll (Kevin Bacon) combateram na Segunda Guerra Mundial e
voltaram para casa como heróis, mas seus ferimentos e experiências transformara-nos e os homens que eles se tornaram não agradam o pai. O primeiro vive traumatizado pelas feridas impressas em seu corpo, e o segundo torna-se um hippie engajado na luta contra a Guerra do Vietnã.

Certa noite, Caldwell recebe um telefonema da Inglaterra. Naomi Caldwell Bedford, a mulher que deixou Jim há 20 anos por outro homem, morreu. Seu último desejo era que fosse levada para casa para ser enterrada entre seu povo. Entra em cena a família inglesa de Naomi, Kingsley Bedford (John Hurt), e os filhos Phillip (Ray Stevenson) e Camilla (Frances O’Connor). Quando as duas famílias se encontram, é um choque de culturas - o Velho Mundo se encontra com o Sul conservador - e silêncios constrangedores. Mas de alguma forma, eles encontram pontos de contato.

"É um filme sobre o romantismo da tragédia", explicou Thornton. "Sobre como diferentes gerações foram afetadas pela guerra e como não aprendemos com as lições que nos foram ensinadas ao longo do tempo." O ator e diretor acrescentou que a comunicação entre as pessoas - ou a falta dela - está entre os temas abordados no roteiro que começou a ser pensado e escrito por ele há cerca de 12 anos.

Thornton conta que o projeto começou a decolar quando ele percebeu que não adiantava reclamar da falta de financiamento nos Estados Unidos para filmes que não fossem sobre belas modelos e gladiadores em uniformes. "Em vez de ficar ruminando, eu resolvi fazer um projeto", contou ele. "Percebi que me saio melhor como diretor quando escrevo o meu próprio material. No meu último filme, 'All The Pretty Horses', fui contratado para dirigir e não tive muito controle sobre o processo criativo. E, como ninguém financia mais esse tipo de filme na América, os russos financiaram."

O ator e diretor de "Jane Mansfield's Car" também contou por que recusou o convite para participar do Festival de Sundance, em janeiro, em detrimento do Festival de Berlim. "Em primeiro lugar, escolhemos esse festival porque sabemos que é sério", disse ele. "Os filmes são 'paramount' (os melhores, numa tradução livre do inglês) - mas não o estúdio. Quando assistimos ao filme pronto aqui vimos que valeu a pena o esforço de fazer um filme autêntico. Em geral, nas produções americanas, eles tentam enfiar atores conhecidos em papéis que não tem nenhum significado. Não é o que eu quero fazer. Se continuar dirigindo, vai ser em filmes como o que vocês viram agora e não o próximo 'Star Trek'.