Em preto e branco, co-produção brasileira "Tabu" chama a atenção no Festival de Berlim 2012
Co-produção brasileira, portuguesa, francesa e alemã, "Tabu" rompeu com a tendência dominante até aqui na competição do Festival de Berlim 2012 de filmes narrativos lineares centrados em temas políticos e familiares. Em preto e branco, com uma parte falada e outra muda, foi um choque bem vindo pelos jornalistas presentes na sessão de imprensa, no início da tarde desta terça (14), que aplaudiram bastante ao final da projeção.
O diretor do filme, o português Miguel Gomes, assinou anteriormente a comédia "Meu Querido Mês de Agosto", sucesso na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo de 2009. "Tabu" vai no caminho oposto, embora o exercício da ironia seja uma das marcas registradas do cineasta.
As referências ao cinema mudo e aos filmes alemães de Friedrich Wilhelm Murnau também perpassam "Tabu". Mas não como uma forma de homenagear o cinema, de acordo com a resposta que o diretor deu ao UOL: "A minha intenção é mais dialogar com a memória do cinema clássico americano e mudo. Não acho que o cinema precise ser homenageado, a não ser pelos filmes que continuam a existir e que são bons".
Dividido em duas partes bem diferentes em conteúdo e na forma, o filme acompanha a saga de Aurora (Ana Moreira e Laura Soveral) em momentos distintos de sua vida. Na primeira, em preto e branco e com diálogos, ela vive reclusa em Lisboa, sob os cuidados da empregada Santa (Isabel Cardoso) e a vigilância da vizinha Pilar (Teresa Madruga).
Na segunda parte, o filme volta no tempo cerca de 50 anos, pouco antes do início das guerras entre Portugal e suas colônias africanas - não há diálogos aqui. Ambientada no sopé do ficcional Monte Tabu, onde Aurora tinha uma fazenda, a trama resgata a frustrada história de amor entre ela e um amante.
O personagem do amante é interpretado pelo ator brasileiro Ivo Muller, ganhador do prêmio APCA com a peça "Doze Homens e Um Destino". Segundo Muller, sua participação aconteceu graças a uma seleção deita pela so-produtora brasileira do filme, a Gullane Filmes, que mandou material da peça para Gomes em Portugal. "No mesmo dia em que me chamaram, voei para Lisboa para fazer o teste", disse ele.
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